Bullying diminui no mundo, mas chega a 20% dos alunos no Brasil
Estudo PISA, da OCDE, conclui que o Brasil está em 16º lugar no ranking da violência nas escolas
Número de casos de bullying no mundo caíram de acordo com dados do PISA de 2022, programa internacional de avaliação de estudantes de países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De 2018 a 2022, a queda seria de 2 a 3% – redução pequena, considerando a gravidade que casos de bullying podem ocasionar – de automutilação a suicídio, passando por depressão e ansiedade entre os jovens.
Um em cada cinco alunos – ou seja, 20% dos estudantes – na faixa dos 15 anos já passou por algum tipo de constrangimento ou intimidação em escola brasileiras, o que garante ao país a 16ª colocação no ranking de países com mais casos de bullying no mundo, seguido por Peru e Chile.
O país com maior número de ocorrências é a Costa Rica – o dobro do Brasil. Lá, quase metade dos alunos (44%) afirmam ter sofrido algum tipo de intimidação na escola – fato curioso tendo em vista que o país tem bons índices educacionais e de desenvolvimento. Pesquisadores afirmam que, na verdade, o grande número de casos é resultado da conscientização da importância de se denunciar esse tipo de violência.
Os números recém- apresentados pela OCDE ainda são considerados altos e preocupam porque afetam diretamente a qualidade do desempenho escolar. Segundo a pesquisa, a reprovação de alunos estava diretamente ligada àqueles que mais sofreram casos de bullying na escola. Além disso, ficou comprovado que o desempenho no colégio melhora em sistemas educacionais onde há menos violência.
A pesquisa do PISA apontou ainda que alunos que se sentem bem acolhidos em suas classes, mais seguros em ambientes escolares e menos expostos ao bullying tendem a apresentar melhores resultados acadêmicos. A sensação de pertencimento e a ausência de sofrimento, portanto, são fundamentais para que os alunos não apresentem bloqueios de aprendizagem.
A pesquisa contempla países da América Latina e a verdade é que temos muitos problemas em comum, características regionais que podem contribuir para o aumento da violência entre os jovens dentro dos colégios, como a desigualdade social, a violência descontrolada em grandes cidades, a falta de esperança no futuro e a carência de recursos do sistema de ensino.
É fundamental que o bullying esteja cada vez mais no centro das discussões dentro e fora de sala, contemplando não apenas todos os elos do sistema educacional, como professores e supervisores, mas também pais e responsáveis.
Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).