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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil
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Bullying diminui no mundo, mas chega a 20% dos alunos no Brasil

Estudo PISA, da OCDE, conclui que o Brasil está em 16º lugar no ranking da violência nas escolas

Por Fabio Barbirato
6 nov 2024, 09h38
Jovem de camiseta verde e mochila nas costas é alvo de comentário de duas pessoas.
Casos de bullying podem ocasionar de automutilação a suicídio, passando por depressão e ansiedade entre os jovens.  (Freepik/Reprodução)
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Número de casos de bullying no mundo caíram de acordo com dados do PISA de 2022, programa internacional de avaliação de estudantes de países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De 2018 a 2022, a queda seria de 2 a 3% – redução pequena, considerando a gravidade que casos de bullying podem ocasionar – de automutilação a suicídio, passando por depressão e ansiedade entre os jovens.

Um em cada cinco alunos – ou seja, 20% dos estudantes – na faixa dos 15 anos já passou por algum tipo de constrangimento ou intimidação em escola brasileiras, o que garante ao país a 16ª colocação no ranking de países com mais casos de bullying no mundo, seguido por Peru e Chile.

O país com maior número de ocorrências é a Costa Rica – o dobro do Brasil. Lá, quase metade dos alunos (44%) afirmam ter sofrido algum tipo de intimidação na escola – fato curioso tendo em vista que o país tem bons índices educacionais e de desenvolvimento. Pesquisadores afirmam que, na verdade, o grande número de casos é resultado da conscientização da importância de se denunciar esse tipo de violência.

Os números recém- apresentados pela OCDE ainda são considerados altos e preocupam porque afetam diretamente a qualidade do desempenho escolar. Segundo a pesquisa, a reprovação de alunos estava diretamente ligada àqueles que mais sofreram casos de bullying na escola. Além disso, ficou comprovado que o desempenho no colégio melhora em sistemas educacionais onde há menos violência.

A pesquisa do PISA apontou ainda que alunos que se sentem bem acolhidos em suas classes, mais seguros em ambientes escolares e menos expostos ao bullying tendem a apresentar melhores resultados acadêmicos. A sensação de pertencimento e a ausência de sofrimento, portanto, são fundamentais para que os alunos não apresentem bloqueios de aprendizagem.

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A pesquisa contempla países da América Latina e a verdade é que temos muitos problemas em comum, características regionais que podem contribuir para o aumento da violência entre os jovens dentro dos colégios, como a desigualdade social, a violência descontrolada em grandes cidades, a falta de esperança no futuro e a carência de recursos do sistema de ensino.

É fundamental que o bullying esteja cada vez mais no centro das discussões dentro e fora de sala, contemplando não apenas todos os elos do sistema educacional, como professores e supervisores, mas também pais e responsáveis.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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