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Psiquiatra infantil
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A explosão de casos de ansiedade entre crianças e jovens no pós-pandemia

Volta às aulas presenciais e arrefecimento da pandemia serviram de gatilho para quadros de ansiedade

Por Fabio Barbirato
23 Maio 2022, 09h55

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, fizeram uma pesquisa e constataram que sete em cada dez alunos da rede pública relataram níveis altos de sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia de Covid-19. Dos 642 mil alunos ouvidos, 440 mil relataram sequelas na saúde mental, ou seja, 69% do total. Uma verdadeira pandemia de saúde mental: 33% dos alunos tem dificuldades de concentração, 18% se sentem exaustos ou pressionados e outros 18% perdem o sono por causa de preocupações.

O fenômeno não se restringe ao Brasil. Estima-se de as medidas restritivas impostas pela pandemia afetou a rontina de 87% dos menores de 18 anos em todo o mundo. Pesquisas em diferentes países, como China e Estados Unidos, apontam que o mesmo quadro de prejuízo à saúde mental se repete entre crianças e adolescentes dos dois países.

Assim como o início da pandemia provocou ansiedade, seu arrefecimento também provoca. Professores e diretores de escolas relatam alunos com sintomas como coração acelerado, falta de ar, tristeza, isolamento, crises de choro, tremores e sudorese, preocupações persistentes, dificuldades emocionais, fobias ou inseguranças, que levam à ausências na escola e perda de aulas e provas.

Diferente de outros transtornos mentais, a ansiedade generalizada a que estamos assistindo não se deve ao uso de substâncias, como drogas ou medicamentos, ou por condições físicas prévias. Os prolongados meses de distanciamento social obrigaram crianças e adolescentes a reduzir o convívio presencial e a intensificar o uso de telas para interação com amigos, assistir filmes ou se entreter com games. A conta desse estilo de vida está se apresentandoagora.

O prejuízo à saúde mental também pode ser explicado pelo contexto social e familiar testemunhados pelas crianças, como adoecimento e morte de parentes, crise financeira, desemprego e perda de poder aquisitivo das famílias, aumento de desentendimentos dentro de casa e da pobreza e da violência nas ruas.

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Passados dois anos, é possível constatar o prejuízo de desenvolvimento e de aprendizado em algumas, especialmente nas menores, em fase de alfabetização. Na volta às aulas presenciais, muitas escolas se viram diante do desafio de recuperar o tempo perdido e fazer as crianças absoverem muito mais conteúdo do que elas estão aptas em tão pouco tempo, o que pode ter agravado o quadro de ansiedade em que elas se encontram.

Apesar de estudos afirmarem que pais são incapazes de identificar os sintomas de ansiedade em mais de 50% dos casos, eles devem ficar atentos a alguns comportamentos dos filhos que podem servir de alerta que é hora de buscar ajuda profissional: preocupação desproporcional e contínua, cansaço e desânimo excessivos, sono irregular, irritabilidade, excesso de falta à escola sem justificativa plausível, crises de choro e instabilidade alimentar (comer demais ou de menos) são alguns sinais fáceis de serem reconhecidos. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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