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Fabiano Serfaty

Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.

Como a nova decisão do FDA muda a terapia hormonal na menopausa?

FDA retira o alerta de risco da terapia hormonal na menopausa. Entenda o como as novas evidências redefinem os riscos e benefícios da reposição hormonal.

Por Fabiano Serfaty Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 nov 2025, 20h14 - Publicado em 10 nov 2025, 19h44
Quanto mais informação, maiores são as chances de viver a menopausa de forma mais leve e saudável
A troca de experiências entre mulheres é muito importante: quanto mais informação sobre o tema, melhor (Ermedia Studio/Reprodução)
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O Food and Drug Administration (FDA) anunciou hoje a remoção da advertência de “caixa preta” dos medicamentos hormonais utilizados no tratamento da menopausa, reconhecendo a segurança e a importância clínica dessa terapia quando adequadamente prescrita e monitorada. Está decisão representa um marco histórico na medicina da mulher, pois atualiza uma orientação que permaneceu inalterada por mais de duas décadas, agora apoiada em evidências sólidas de segurança e benefício clínico.

Estudos recentes mostram que a terapia hormonal da menopausa, quando iniciada precocemente e de forma individualizada, pode oferecer benefícios cardiovasculares, ósseos e metabólicos relevantes, com risco controlado.

Evidências que motivaram a decisão

A advertência foi incluída no início dos anos 2000 após o estudo Women’s Health Initiative (WHI) associar o uso de terapia hormonal combinada a maior risco de eventos cardiovasculares e câncer de mama.

Entretanto, análises posteriores revelaram que essas conclusões foram generalizadas para populações fora do contexto de risco. A média de idade das participantes era de 63 anos, muitas delas com até 12 anos pós-menopausa, quando o risco vascular já é naturalmente mais elevado.

Pesquisas recentes confirmam que, em mulheres com menos de 60 anos ou até 10 anos após a menopausa, a terapia hormonal não aumenta o risco de infarto, AVC ou mortalidade geral.

O risco de câncer de mama está mais relacionado à duração do uso, ao tipo de progestagênio e à via de administração. Estrógenos transdérmicos e progesterona micronizada apresentam perfil de segurança mais favorável, com menor impacto tromboembólico e metabólico.

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Essas evidências levaram o FDA a remover o alerta, reconhecendo que a advertência anterior estava desatualizada e gerava medo desnecessário em mulheres que poderiam se beneficiar do tratamento.

Redefinição do risco-benefício da terapia hormonal

A compreensão moderna da terapia hormonal é guiada pelo conceito de “janela terapêutica”, que determina a segurança de acordo com o momento de início do tratamento.

Quando a terapia é introduzida na transição menopausal ou logo após a menopausa, os resultados clínicos são mais favoráveis. Há melhora dos sintomas vasomotores e do sono, aumento da densidade mineral óssea, melhor sensibilidade à insulina e potencial efeito protetor sobre o endotélio vascular.

O risco de trombose é considerado baixo quando são utilizadas formulações transdérmicas em doses fisiológicas. Já as terapias orais em doses elevadas continuam associadas a maior ativação hepática e aumento de fatores de coagulação.

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Implicações clínicas e critérios de prescrição

A decisão da FDA reforça a importância de uma prática clínica mais individualizada. A prescrição deve sempre começar pela avaliação de risco cardiovascular, histórico familiar e perfil metabólico da paciente.

A recomendação é usar a menor dose eficaz, com revisões periódicas para ajuste conforme sintomas e resposta clínica.

Pacientes com útero podem receber progesterona micronizada natural para proteção endometrial, e o acompanhamento deve incluir monitoramento regular de parâmetros metabólicos e hemodinâmicos.

Estes cuidados garantem uma abordagem segura, baseada em evidência, e alinhada às diretrizes internacionais mais recentes.

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Repercussões científicas e impacto global

A decisão do FDA reflete uma mudança de paradigma na medicina baseada em evidências.

Sociedades internacionais, como a North American Menopause Society e a Endocrine Society, já reconhecem o papel seguro da terapia hormonal quando iniciada de forma precoce e bem indicada.

Ao mesmo tempo, a revisão corrige duas décadas de medo e desinformação, permitindo que mulheres e profissionais de saúde retomem o diálogo sobre o equilíbrio hormonal como parte essencial da longevidade e do bem-estar feminino.

Direções futuras na medicina da menopausa

A integração da terapia hormonal à medicina personalizada permite a caracterização detalhada do perfil inflamatório e metabólico de cada paciente, possibilitando a formulação de protocolos terapêuticos individualizados.

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Essa abordagem reposiciona a menopausa não apenas como uma transição hormonal, mas como uma janela estratégica de intervenção para a prevenção de doenças crônicas, otimização metabólica e preservação da vitalidade.  A retirada do alerta da FDA marca o início de uma nova era na medicina da mulher. A transição de uma abordagem baseada no medo para uma prática guiada por evidências devolve confiança e autonomia às pacientes e respaldo científico aos profissionais.

Com acompanhamento médico adequado, informação baseada em evidências e prescrição individualizada, a terapia hormonal se consolida como uma das estratégias mais eficazes para preservar a saúde, o equilíbrio metabólico e a vitalidade da mulher.

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