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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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O primeiro centro de inteligência epidemiológica do Brasil é Carioca

O papel da inteligência epidemiológica é antecipar situações de emergência em saúde pública, para que a resposta da autoridade sanitária seja ágil e eficaz

Por Dr. Fabiano M. Serfaty e Dr. Daniel Soranz
Atualizado em 17 jul 2023, 16h07 - Publicado em 13 jul 2023, 21h46

A aplicação da inteligência artificial (IA) no campo da epidemiologia tem ganhado destaque como uma poderosa ferramenta para o monitoramento e prevenção de doenças. No Brasil, uma iniciativa inovadora desponta na cidade do Rio de Janeiro: a criação do primeiro centro de inteligência epidemiológica do país. Com o objetivo de aproveitar os avanços tecnológicos e a disponibilidade de grandes volumes de dados, o centro de inteligência epidemiológica carioca surge como um importante recurso para impulsionar a compreensão das dinâmicas de saúde e o desenvolvimento de estratégias eficientes de intervenção. Através da aplicação de técnicas avançadas de análise de dados, aprendizado de máquina e outras disciplinas da inteligência artificial, o centro busca fornecer informações e insights relevantes para apoiar tomadas de decisão embasadas e aprimorar a saúde da população.

Convido o Dr. Daniel Soranz, que é secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro e idealizador do primeiro Centro de Inteligência Epidemiológica do Brasil.

Convido o Dr. Daniel Soranz, que é secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro e, junto com a equipe de vigilância em saúde da Prefeitura do Rio, e com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), implantou o primeiro Centro de Inteligência Epidemiológica do Brasil. O projeto pioneiro nasceu em março de 2022 como uma importante ferramenta para a gestão em saúde pública, alimentando os gestores de informações epidemiológicas essenciais para garantir a segurança sanitária da cidade. É um projeto que já atraiu a atenção de órgãos nacionais e internacionais e que vem revolucionando a vigilância epidemiológica e inspirando outros municípios, estados e até o Ministério da Saúde. O projeto pioneiro nasceu como uma importante ferramenta para a gestão em saúde pública, alimentando os gestores de informações epidemiológicas essenciais para garantir a segurança sanitária da cidade. 

Dr. Fabiano M. Serfaty:  Como a implementação da inteligência epidemiológica no Rio de Janeiro está impactando a identificação e o monitoramento de doenças na região?

Dr. Daniel Soranz: O papel da inteligência epidemiológica é antecipar situações de emergência em saúde pública, para que a resposta da autoridade sanitária seja ágil e eficaz. A Prefeitura do Rio implementou em março de 2022 o Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE), que é um projeto pioneiro no país. O CIE tem uma super estrutura para monitoramento e avaliação do cenário epidemiológico na cidade, garantindo que qualquer situação de agravo de saúde pública seja rapidamente identificada, permitindo assim a agilidade necessária na tomada de decisões estratégicas da Secretaria Municipal de Saúde e contribuindo para a proteção da saúde dos cariocas e também para a transparência, porque é fundamental que a população saiba o que ocorre em sua cidade. 

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Quais são as principais tecnologias e ferramentas utilizadas na primeira iniciativa de inteligência epidemiológica no Rio de Janeiro?

Dr. Daniel Soranz: Neste um ano e quatro meses de funcionamento, o CIE já desenvolveu mais de 50 produtos, entre painéis e boletins epidemiológicos, como o GeoVacina Rio, ferramenta que permite georreferenciar a cobertura vacinal das regiões da cidade e identificar até as localidades onde estão as crianças com situação vacinal em atraso. A partir daí, as equipes de saúde atuam para ir até essas crianças e atualizar a situação vacinal. Também temos outras ferramentas importantíssimas sobre mortalidade, nascimentos, doenças infectocontagiosas. Tudo isso dá suporte às ações estratégicas da Secretaria de Saúde.

Dr. Fabiano M. Serfaty: O Centro de Inteligência Epidemiológica é um projeto pioneiro no Brasil. Como surgiu a idéia de criação dessa estrutura na cidade do Rio de Janeiro?

Dr. Daniel Soranz: O CIE nasceu da experiência adquirida com o Centro de Operações de Emergência em Saúde – Covid-19 (COE-Covid-19), que implantamos aqui no Município do Rio de Janeiro no início de 2021, como parte da estrutura de enfrentamento à pandemia da covid-19. O CIE é coordenado pela Superintendência de Vigilância em Saúde e contamos com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para a implantação.

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Como a população do Rio de Janeiro está se beneficiando dessa primeira iniciativa de inteligência epidemiológica em termos de saúde pública e qualidade de vida?

Dr. Daniel Soranz: Vou dar um exemplo: no final de 2021, início de 2022, fora da sazonalidade das doenças respiratórias, tivemos no Rio uma epidemia do vírus H3N2, da influenza. Na época, a equipe do COE-Covid, que antecedeu o CIE, identificou o aumento de casos e as regiões onde isso acontecia. Graças a essas informações, as equipes de vigilância em saúde atuaram rapidamente na investigação epidemiológica dos sintomas, na identificação da cepa do vírus circulante, a Darwin, e a Secretaria de Saúde organizou a estrutura de enfrentamento àquela situação, com mais de 30 polos de atendimento e testagem para covid-19, uma vez que ainda estávamos na pandemia e precisávamos identificar e separar, para o devido cuidado, o que era caso de covid e o que era de gripe. Também pudemos, com agilidade, nos abastecer de vacinas contra a gripe e organizar uma campanha de vacinação urgente, para proteger a população carioca. Outras cidades e estados brasileiros também passaram por essa epidemia de H3N2 Darwin, com muito mais dificuldade, principalmente por não terem a mesma estrutura de inteligência epidemiológica e resposta que o Município do Rio de Janeiro montou.

Dr. Fabiano M. Serfaty: Outras cidades brasileiras também podem se beneficiar dessas ferramentas de inteligência epidemiológica?

Dr. Daniel Soranz: O Município do Rio desenvolveu as ferramentas e está à disposição de outras cidades brasileiras para compartilhar essas soluções. Desde a inauguração, o CIE recebeu mais de 50 visitas de representantes de órgãos nacionais e internacionais, como Ministério da Saúde – que já desenvolve um projeto de CIE Nacional – Fiocruz, Organização Mundial da Saúde (OMS), Senado Americano e CDC (Center for Disease Control and Prevention), também dos Estados Unidos. Nesta quinta-feira (13), o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa da Silva Júnior, conheceu o CIE e as plataformas desenvolvidas pela equipe técnica da SMS no monitoramento epidemiológico da cidade, e expressou o interesse em aproveitar a experiência do CIE e do GeoVacina Rio em 10 outras cidades da América Latina ainda este ano e, posteriormente, ampliar a implementação do modelo nas 50 maiores cidades latinoamericanas.

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Como a população pode se beneficiar de tudo isso? Existe algum site ou aplicativo para acesso público e gratuito?

Dr. Daniel Soranz: Qualquer pessoa tem acesso às informações por meio do EpiRio, que é o site do Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro: https://epirio.svs.rio.br/. Na plataforma, é possível encontrar dados sobre cobertura vacinal, covid-19 e dengue, além de guias técnicos e livros, como o “Direto pro (a)braço”, que conta a nossa história do enfrentamento à pandemia de covid-19 na cidade do Rio de Janeiro a partir de 2021. Para ter acesso ao conteúdo completo é simples basta acessar este link: https://epirio.svs.rio.br/artigos/.

Profissional convidado:

Dr. Daniel Soranz

Médico de família e comunidade;

Doutor e mestre em epidemiologia;

Secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro;

Professor e pesquisador da Fiocruz.

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Fontes:

https://saude.prefeitura.rio/

https://epirio.svs.rio.br/

https://www.paho.org/

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