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Fabiano Serfaty

Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Estilo de vida saudável neutraliza genes que reduzem a expectativa de vida

A genética pode nos dar um mapa, mas não determina nosso destino; nossas escolhas, através do poder da epigenética, têm a capacidade de mudar nossas vidas

Por Dr. Fabiano M. Serfaty
Atualizado em 8 Maio 2024, 14h21 - Publicado em 7 Maio 2024, 23h57
Jovens fazem exercícios físicos em um parque.
Exercícios físicos são altamente indicados em todas as idades, não apenas para saúde mental, mas como para prevenir uma série de doenças. (Shutterstock/Reprodução)
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É um fato bem estabelecido que a expectativa de vida pode ser significativamente influenciada por fatores de estilo de vida modificáveis, como o consumo de tabaco e álcool, a qualidade da dieta e o nível de atividade física. Um estilo de vida saudável pode amenizar a suscetibilidade genética relacionada a uma expectativa de vida mais curta.  No entanto, até agora, não foram realizadas pesquisas suficientes para explorar a interação entre os fatores de estilo de vida e os determinantes genéticos na longevidade humana. A questão de se um estilo de vida saudável pode efetivamente compensar um alto risco genético ainda é um tema de debate. Por isso, um importante estudo acaba de ser publicado sobre o tema no BMJ Evidence Based Medicine. A pesquisa, que realizou uma análise abrangente de uma série de estudos de longo prazo, sugere que um estilo de vida saudável pode neutralizar mais de 60% dos efeitos de genes que reduzem a expectativa de vida.

A complexa interação entre fatores de estilo de vida e genéticos na determinação da longevidade humana foi meticulosamente avaliada. Os pesquisadores analisaram dados de 353.742 adultos que participaram do UK Biobank entre 2006 e 2010, e cuja saúde foi monitorada até 2021, durante um período médio de acompanhamento de quase 13 anos. Essas descobertas representam um avanço significativo em nossa compreensão da longevidade humana e do papel que o estilo de vida e a genética desempenham nela. Um estilo de vida não saudável foi associado a um risco aumentado de morte em 78%, independentemente dos determinantes genéticos. Por outro lado, um estilo de vida saudável poderia potencialmente reduzir o risco genético de morte prematura em cerca de 62%. Aqueles com uma predisposição genética para uma vida mais curta e um estilo de vida não saudável enfrentavam o maior perigo, com o dobro do risco de morte em comparação com aqueles com genes para uma vida mais longa e um estilo de vida saudável. O estudo também identificou uma combinação ideal de quatro fatores de estilo de vida – não fumar atualmente, atividade física regular, duração adequada do sono e uma dieta saudável – para prolongar a vida humana.

Adotar um estilo de vida saudável pode ser a chave para aumentar a expectativa de vida, mesmo para aqueles com um alto risco genético de uma vida mais curta. Os resultados do estudo sugerem que, independentemente da nossa herança genética, a construção e manutenção de hábitos saudáveis devem ser nossa prioridade. Portanto, é essencial que todos nós façamos um esforço consciente para incorporar esses fatores de estilo de vida em nossas rotinas diárias. Isso não só promoverá a longevidade, mas também melhorará nosso bem-estar geral.

A mortalidade não é rigidamente determinada por nossos genes. Embora eles possam influenciar nossa expectativa de vida, é o nosso estilo de vida que desempenha um papel muito mais significativo. Temos o poder de moldar nossa longevidade através de mudanças conscientes no estilo de vida. Portanto, é de suma importância que todos nós nos esforcemos para adotar uma dieta equilibrada, manter um peso saudável, incorporar exercícios regulares em nossa rotina e evitar o consumo excessivo de tabaco e álcool.

Este estudo destaca o papel crucial que o estilo de vida desempenha na promoção da saúde e na prevenção de doenças, independentemente de nossa herança genética. A possibilidade de alterar fatores de risco que estão sob nosso controle, como dieta, exercício, tabagismo e padrões de sono, abre uma janela significativa para melhorar nossa saúde e prolongar nossa vida. Além disso, as descobertas sublinham a importância de iniciativas de saúde pública que incentivam estilos de vida saudáveis desde a infância. Essas iniciativas visam não apenas reduzir o risco de doenças, mas também aumentar a expectativa de vida, pois têm o potencial de atenuar o impacto dos fatores genéticos na longevidade humana e melhorar a saúde da população como um todo.

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Em resumo, este estudo destaca que nossas escolhas de estilo de vida desempenham um papel crucial na determinação da nossa saúde e longevidade, e que mesmo aqueles com predisposição genética para doenças podem beneficiar-se de hábitos saudáveis. Portanto, é essencial priorizar a adoção de comportamentos saudáveis em todas as fases da vida, visando assim promover uma vida mais longa e mais saudável para todos.

Não podemos simplesmente ser ‘passageiros’ em nossas próprias vidas, aceitando passivamente o que nos é dado. Em vez disso, todos nós devemos ser os ‘motoristas’, tomando as rédeas e direcionando nosso próprio curso. A genética pode nos dar um mapa, mas não determina nosso destino. Nossas escolhas, através do poder da epigenética, têm a capacidade de mudar o presente e o futuro de nossas vidas. Cada decisão que tomamos, cada hábito saudável que adotamos, pode alterar o curso de nossa jornada. Nossas vidas, o maior presente divino que temos, são moldadas não apenas pelo que nos é dado, mas também pelo que escolhemos fazer com isso. Portanto, vamos escolher sabiamente, dirigir com determinação e abraçar a maravilhosa jornada que é a vida.

Fonte: 

1. Bian Z, Wang L, Fan R, et alGenetic predisposition, modifiable lifestyles, and their joint effects on human lifespan: evidence from multiple cohort studiesBMJ Evidence-Based Medicine Published Online First: 29 April 2024. doi: 10.1136/bmjebm-2023-112583

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