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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Descubra o potencial transformador das emoções para uma vida saudável

Emoções positivas podem melhorar a nossa saúde, enquanto as negativas podem piora-lá. Aprenda a lidar com elas para viver melhor

Por Dr. Fabiano M. Serfaty e Joseph H Rosenberg
Atualizado em 27 dez 2023, 19h44 - Publicado em 26 dez 2023, 17h41

Há milênios se discute sobre a conexão entre mente e corpo. Na Filosofia, há quem diria que a mente e corpo são sistemas separados e os que dizem que fazem parte do mesmo sistema. No campo da Teologia e religião há mais de mil anos atrás o filósofo Maimônides, dizia que os pensamentos influenciam até os órgãos do corpo, enquanto outros argumentam pela ideia do espirito na máquina, uma separação entre alma e corpo. Na Ciência Moderna, há ainda debates, mas com aparelhos modernos como Ressonâncias Magnéticas pode se ver a influência direta de pensamentos, e processos cognitivos no corpo. Até localizando eles em certas áreas do Cérebro humano. Logo, isso leva a uma pergunta, até que ponto nossas emoções e cognições influenciariam no nosso funcionamento diário e saúde?

Dr. Fabiano M. Serfaty: Qual é a relação entre as emoções e a saúde, de acordo com áreas do conhecimento como Psicossomática e Psiconeuroendocrinoimunologia na medicina?

Joseph H Rosenberg: Há pesquisas que afirmam que pessoas mais otimistas se recuperam mais rapido de cirurgias no coração (1), pessoas mais estressadas demoram mais para se curar de infecções (2) e pessoas com um estilo emocional mais positivo se recuperam mais rápido de resfriados(3). Além do que existe evidência limitada, de que pessoas mais felizes poderiam até viver mais e serem mais saudáveis de forma geral(4). Lembrando que Psicosomática e Psiconeuroendocrinoimunologia são áreas que estudam interação entre mente e corpo, e entre processos psíquicos, sistema nervoso, imunológico. Por outro lado, o estresse crônico ou estados emocionais negativos podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de doenças físicas, como doenças cardíacas, distúrbios gastrointestinais ou condições dermatológicas(5).

Dr. Fabiano M. Serfaty: Com base em pesquisas, é verdade que pessoas mais otimistas se recuperam mais rapidamente de cirurgias cardíacas, enquanto pessoas mais estressadas levam mais tempo para se curar de infecções. Como essas descobertas impactam a compreensão da interação entre emoções e saúde?

Joseph H Rosenberg: Há a ideia de que o corpo e mente são separados e não interagem. As pesquisas que apontam essas relações entre emoções e saúde do corpo, são evidências de que essa distinção não é verdadeira. Ao contrário, cada vez mais vemos a interrelação entre esses sistemas. Poderia ser então uma indicação de que mudanças no estilo de vida, melhoram a saúde. Como por exemplo, fazer mais exercícios, ter uma dieta balanceada, procurar relacionamentos positivos, pertencer e participar de uma comunidade, ter uma prática de meditação ou atividade que reduza o estresse.

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Considerando que pessoas com um estilo emocional mais positivo se recuperam mais rápido de resfriados, podemos inferir que a felicidade está diretamente ligada à saúde? Por quê ou por que não?

Joseph H Rosenberg: Sim e não. Não porque essa pesquisa por exemplo, mediu um tipo específico de conceito chamado estilo emocional positivo(3). A ideia de felicidade é diferente para cada pessoa. Para cientistas argumentarem uma relação, ou interação entre esses dois conceitos precisariam definir eles. E depois, poderiam ter que medir-los. Sim, porque algumas pesquisas definindo felicidade como uma maior proporção de emoções positivas do que negativas e uma satisfação com a própria vida elevada, apontam nessa direção(4). Porém, essas pesquisas ainda podem levar ao problema da terceira variável. Isto é, quando estudamos a interação entre dois conceitos sempre pode haver um terceiro que não percebemos que influenciou tudo.

Dr. Fabiano M. Serfaty: A afirmação de que pessoas mais felizes vivem mais ou são mais saudáveis pode ser complexa, uma vez que a felicidade é subjetiva. Como os estudiosos do bem-estar subjetivo, como Ed Diener e Robert Biswas-Diener, abordam essa complexidade em suas pesquisas?

Joseph H Rosenberg: Ed Diener, era um grande pesquisador sobre o tema do bem estar. Seu filho Robert Biswas-Diener, aborda questões parecidas. Diener, abordava a medida da felicidade, como Bem Estar Subjetivo(BES), dividindo ela entre uma maior proporção de emoções positivas do que negativas mais um satisfação com a vida. Para isso eles usavam escalas, que são como questionários que mediam esses conceitos por perguntas como, por exemplo, você sente que sua vida foi satisfatória? (6). É importante notar que há muitos autores que medem ou definem o conceito de felicidade de maneira diferente. Martin Seligman, outro autor, usa o termo PERMA, que seriam emoções positivas, engajamento com a vida, relacionamentos positivos, significado e realizações(7).

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Dada a subjetividade da felicidade, como podemos formular perguntas mais específicas para entender melhor a relação entre o bem-estar emocional e a saúde, levando em consideração as pesquisas de especialistas nesse campo?

Joseph H Rosenberg: É importante saber o que está medindo, ter uma definição, e replicar os estudos para não haver parcialidade e ter grupos de controle. Um bom começo para estudar o assunto é o livro Florescer de Martin Seligman, onde ele argumenta sobre essas perguntas no capítulo 8 (7). Shawn Achor, em seu livro O Jeito Harvard de ser feliz também fala sobre isso em seu livro (8). Se puder ler inglês, o artigo “The benefits of frequent positive affect, does happinness lead to success?” de Sonja Lyubomirsky, Ed Diener e Laura King é ótimo e fala sobre uma coleção de artigos sobre isso(4). Além do TED palestra sobre o estudo de Harvard que estudou a felicidade e longevidade de pessoas por 80 anos de Robert Waldinger(9).

Profissional convidado:

Joseph Hauser Rosenberg;

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Psicólogo;

Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUC -RJ.

Email: jrosenberg1818@gmail.com

Instagram: @josephhrosenberg.psicologo 

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Referências:

(1)Levine, Glenn N., et al. “Psychological health, well-being, and the mind-heart-body connection: a scientific statement from the American Heart Association.” Circulation 143.10 (2021): e763-e783.

(2) Kiecolt-Glaser, Janice K., et al. “Slowing of wound healing by psychological stress.” The Lancet 346.8984 (1995): 1194-1196.

(3) Cohen, Sheldon, et al. “Positive emotional style predicts resistance to illness after experimental exposure to rhinovirus or influenza A virus.” Psychosomatic medicine 68.6 (2006): 809-815.

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(4) Pressman, Sarah D., Brooke N. Jenkins, and Judith T. Moskowitz. “Positive affect and health: What do we know and where next should we go?.” Annual review of psychology 70 (2019): 627-650.

(5)Glaser, Ronald, and Janice K. Kiecolt-Glaser. “Stress-induced immune dysfunction: implications for health.” Nature Reviews Immunology 5.3 (2005): 243-251.

(6)Diener, Ed. “Subjective well-being.” Psychological bulletin 95.3 (1984): 542. 

(7)Martin Seligman, Florescer.Editora Objetiva.2011.

(8)Shawn Achor, Jeito Harvard de ser feliz.Editora Benvirá. 2012.

(9)Robert Waldinger, estudo de Harvard sobre longevidade. Acesso em 21/12/2023-Https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_on_happiness?language=pt-br  

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