Construindo futuro confiável na medicina da longevidade com educação
A medicina da longevidade saudável busca promover vida longa com qualidade, prevenindo doenças e mantendo o bem-estar físico e mental.
Dr. Fabiano M. Serfaty: À medida que as populações envelhecem, cresce o abismo entre o tempo de vida e o tempo de saúde. A medicina da longevidade saudável busca reduzir essa lacuna por meio de estratificação de risco validada, cuidados cardiometabólicos preventivos e avaliação padronizada do envelhecimento biológico.Para ajudar médicos a traduzirem ciência emergente em prática segura, Dr. Alex Zhavoronkov, Prof. Dra. Evelyne Yehudit Bischof e colegas desenvolveram o primeiro currículo de medicina da longevidade com acreditação CME (educação médica continuada) do mundo. Disponível em inglês, espanhol, chinês, russo, francês e agora português, o programa prioriza evidências científicas revisadas por pares, alinhamento com diretrizes e governança clínica, garantindo que as inovações cheguem aos pacientes com responsabilidade.
No atual panorama da medicina da longevidade, destaca-se a trajetória da Dra. Evelyne Yehudit Bischof, médica especializada em clínica médica, professora de Medicina na Shanghai University of Medicine and Health Sciences e na Tel Aviv University, diretora médica do Sheba Longevity Center e presidente da Healthy Longevity Medicine Society. Reconhecida internacionalmente como uma das mais influentes autoridades na área, ela protagoniza um marco histórico ao disponibilizar, pela primeira vez em língua portuguesa e de forma totalmente gratuita, o curso mais avançado e cientificamente fundamentado em Medicina da Longevidade ,disponível na plataforma Longevity Education Hub , destinado ao Brasil e a todos os países lusófonos. Originado de uma iniciativa global sem fins lucrativos, o programa reúne médicos, PhDs e especialistas biomédicos de referência mundial, com o propósito de traduzir avanços da gerociência em protocolos clínicos seguros, reprodutíveis e sustentados por evidências robustas. Considerando a relevância científica e o potencial impacto dessa contribuição para a prática médica, a Dra. Evelyne Yehudit Bischof convidei para trazer as perspectivas futuras da medicina da longevidade. Muitos ainda acreditam que o declínio da nossa saúde com a idade é inevitável. Como o programa combate esta ideia?
Dra. Evelyne Bischof: Ensinamos que o envelhecimento é um fator de risco modificável em múltiplos níveis: cardiometabólico, musculoesquelético e neurocognitivo. O curso aborda fundamentos essenciais, diagnósticos críticos e intervenções eficazes. Mostramos aos médicos como triar biomarcadores, interpretar medidas de envelhecimento e conectá-las a desfechos clínicos relevantes. Não incluímos terapias ou diagnósticos controversos ou sem base científica.
Dr. Fabiano M. Serfaty: O curso é o primeiro programa do mundo em Medicina da Longevidade com acreditação CME (Educação Médica Continuada). De que forma esse reconhecimento redefine a legitimidade da área?
Dra. Evelyne Bischof: A acreditação exige objetivos de aprendizagem claros, divulgação de conflitos de interesse dos docentes, revisão independente por conselhos médicos e avaliação de resultados. Isso insere a medicina da longevidade nos padrões da educação médica formal, evita conteúdo promocional e permite que médicos obtenham créditos reconhecidos enquanto adotam práticas auditáveis.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Por que oferecer o curso em seis idiomas é relevante?
Dra. Evelyne Bischof: Por equidade e validade externa. Ao disponibilizar o programa em inglês, espanhol, chinês, russo, japonês, tailandês e indonésio e muito em breve também em português, alemão, italiano e árabe, cobrimos idiomas falados por mais de 70% da população mundial. As traduções incluem anotações clínicas locais, garantindo que os protocolos estejam alinhados com diretrizes regionais, fórmulas e padrões diagnósticos. Essa escala amplia o acesso e enriquece o banco de dados global de resultados, permitindo avaliar o que funciona em diferentes sistemas de saúde e contextos culturais.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Por que oferecer a edição em português gratuitamente?
Dra. Evelyne Bischof: Por princípio e transparência, acreditamos que educação deve ser gratuita. Nossa equipe trabalha voluntariamente. Eliminar barreiras financeiras acelera a padronização e forma um contingente maior de médicos treinados em prevenção baseada em risco. Apoio filantrópico e sem fins lucrativos nos permite manter regras rígidas contra promoção comercial e publicar o currículo abertamente.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Qual o impacto esperado para médicos no Brasil, Angola e Portugal?
Dra. Evelyne Bischof: Esperamos que o curso capacite colegas desses países a ingressarem na área e aplicarem a medicina da longevidade saudável em sua prática diária, adaptando-a aos sistemas públicos de saúde locais.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Quais foram os marcos mais significativos na criação do programa?
Resposta – Dra. Evelyne Bischof Sem dúvida, tivemos momentos marcantes. A obtenção da acreditação CME, a integração ao sistema público de saúde britânico (NHS), a capacitação interna de médicos e a consolidação de parcerias estratégicas foram passos decisivos que deram forma e credibilidade ao projeto.
Dra. Evelyne Bischof: Sem dúvida. Alguns marcos redefiniram o programa: a acreditação CME, que legitima o currículo e garante educação médica continuada reconhecida; a integração ao NHS, com pilotos e trilhas assistenciais que levam o conteúdo para a prática clínica; a capacitação interna de médicos e preceptores; parcerias com universidades e escolas médicas para co‑desenhar disciplinas e incorporar o tema à graduação, residência e atualização; o desenvolvimento de currículos modulares alinhados a diretrizes; a expansão para novos idiomas; o crescimento do corpo de voluntários que revisa evidências e atualiza protocolos; e a colaboração com a ARDD (Aging Research and Drug Discovery), rede internacional que conecta academia, indústria e reguladores para padronizar biomarcadores, qualificar desenhos de ensaios e acelerar a tradução de descobertas em intervenções seguras e mensuráveis. Esses pilares deram escala, governança científica e impacto real no cuidado.
Dr. Fabiano M. Serfaty:Quais ideias realmente fazem as pessoas repensarem suas escolhas em saúde e longevidade?
Dra. Evelyne Bischof: Dois princípios tendem a provocar mudanças significativas de mentalidade: primeiro, compreender que as ferramentas de medição da idade biológica não são tratamentos por si só, mas recursos de apoio que devem ser utilizados apenas quando influenciam a conduta clínica e estejam ligados a desfechos mensuráveis; segundo, adotar a filosofia do “não causar dano”, garantindo que todos os serviços estejam alinhados com valores respaldados por diretrizes e evidências sólidas, para que cada intervenção traga benefício real e seguro.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como o programa combate os mitos e as noticias falsas?
Dra. Evelyne Bischof: O programa combate mitos e notícias falsas por meio de uma taxonomia em três níveis: no Nível A entram conteúdos sustentados por diretrizes e ensaios clínicos randomizados; no Nível B, de caráter emergente e condicional, ficam diagnósticos e ferramentas em validação, como alguns relógios de envelhecimento, sempre com ensino baseado em casos e explicitação de limitações; o Nível C reúne intervenções não recomendadas por ausência de eficácia ou segurança comprovadas. Cada recomendação é ancorada em fontes primárias e declara potenciais conflitos de interesse, e as avaliações utilizam vinhetas clínicas para treinar decisões do mundo real, evitando avaliações meramente teóricas.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como o público pode reconhecer um cuidado ético e baseado em evidências na longevidade?
Dra. Evelyne Bischof: Ao avaliar iniciativas em medicina da longevidade, alguns sinais positivos indicam solidez e compromisso científico: médicos devidamente treinados com acreditação CME, transparência absoluta em conflitos de interesse e políticas de preços, protocolos escritos que percorrem todas as etapas, da triagem à estratificação de risco, intervenção e avaliação de resultados, uso consistente de ferramentas respaldadas por diretrizes e emissão regular de relatórios sobre segurança e eficácia.Em contrapartida, certos sinais de alerta devem acender a atenção crítica: pacotes padronizados de tamanho único, laboratórios que operam apenas com pagamento em dinheiro ou impõem painéis obrigatórios de alto custo, promessas centradas exclusivamente na redução da idade biológica sem correlação com desfechos clínicos reais, ausência de métricas sistemáticas de acompanhamento e a venda agressiva de produtos como solução principal. O objetivo não é eliminar o envelhecimento, mas incorporar a prevenção fundamentada em evidências e a manutenção da função plena ao cuidado cotidiano, de forma clara, mensurável e acessível.
Referência:
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