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Fabiano Serfaty

Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.

Como a inteligência artificial pode tornar o cuidado mais humano?

A tecnologia pode ser capaz de devolver à medicina o que ela nunca deveria ter perdido: o tempo do encontro.

Por Dr. Fabiano M. Serfaty e Guilherme Porto.
Atualizado em 2 set 2025, 18h19 - Publicado em 2 set 2025, 18h16
Executivo de terno e gravata segura uma arte que remete à tecnologia da inteligência artificial.
Inteligência Artificial: responsabilidade do uso da I.A. na Medicina está em discussão em todo mundo. (Shutterstock/Reprodução)
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Dr. Fabiano M. Serfaty: Você entra no consultório com uma dor. Não sabe se é física, emocional ou só cansaço acumulado. O médico pergunta o motivo da visita sem tirar os olhos da tela. Você responde. Ele digita. Você tenta explicar melhor. Ele continua digitando. A consulta virou um rito mecânico. O médico está presente, mas não disponível, o paciente fala, mas não é ouvido, o médico consulta a máquina e o paciente consulta a ausência. Mas há uma fresta. A inteligência artificial começa a devolver à medicina o que ela perdeu: a presença humana. Ao transformar a conversa em texto que que o profissional revisa e assina, a tecnologia tira peso da burocracia e devolve minutos preciosos ao encontro entre médico e paciente.Para entender o que é real e o que ainda precisa amadurecer, conversei com Guilherme Porto, engenheiro e cofundador do Doutor Assistente, plataforma brasileira que transforma a conversa da consulta em documentos clínicos e relatórios prontos para revisão sem tomar decisões no lugar do profissional. O que a Inteligência artificial (IA) já entrega com segurança hoje? E onde ainda não chegou?

Guilherme Porto: Hoje a IA é excelente em organizar informação: ela escuta a consulta e gera textos clínicos estruturados (resumos, atestados, solicitações, relatórios, laudos) para o médico revisar e assinar. Isso reduz o tempo gasto com tarefas operacionais e devolve atenção ao paciente. Já decisões clínicas automáticas são outra história: em áreas como imagem há tarefas com acurácia alta quando o problema é bem definido e os dados são de qualidade, mas não substitui a avaliação clínica. O médico segue no comando.

Dr. Fabiano M. Serfaty: E quanto às “alucinações” e vieses?

Guilherme Porto: Tratamos isso em três frentes. Primeiro, fluxo de trabalho: a IA não escreve direto no prontuário e não dá conduta; ela só propõe rascunhos, e o médico valida tudo. Segundo, personalização: os modelos são ajustados por especialidade, por instituição e por médico, com protocolos locais. Terceiro, aprendizado sob revisão: quando o médico corrige algo — por exemplo, uma conduta que não é a da clínica, o sistema aprende para aquele médico e não repete. Esse aprendizado tem escopo limitado: nunca usa as preferências de um profissional para outro.

Dr. Fabiano M. Serfaty: Modelos treinados fora do Brasil podem falhar aqui. Como garantir relevância local?

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Guilherme Porto: Local não é detalhe. Trabalhamos em português do Brasil de verdade: reconhece sotaques de Norte a Sul, entende termos de uso corrente e os nomes comerciais e genéricos de medicamentos. Além disso, o assistente se molda ao médico — aprende com as correções, adota o vocabulário e formata os documentos do seu jeito. Resultado: um assistente que entende a nossa língua, segue as nossas regras e reduz o trabalho do médico.

Dr. Fabiano M. Serfaty: E a ideia de a IA “convencer” mudanças de vida totalmente personalizadas? Onde estão os limites?

Guilherme Porto: Nosso foco é ser assistente do profissional. A IA apoia com informação clara e material educativo, mas quem conduz a relação é o médico. Autonomia do paciente é essencial, e a autonomia do médico, mais ainda. A tecnologia só potencializa o cuidado que o profissional já oferece.

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Dr. Fabiano M. Serfaty: Qual dor do dia a dia do profissional vocês decidiram atacar primeiro?  Como os profissionais podem acessar esta tecnologia?

Guilherme Porto: A maior dor é a escolha impossível: ou o médico olha para o paciente e registra pouco (o que empobrece o prontuário e fragiliza juridicamente), ou documenta tudo e sacrifica o tempo de consulta. O Doutor Assistente resolve isso gerando os documentos para revisão: de solicitações aos planos a relatórios para o INSS e notificações compulsórias, para que o médico revisar e enviar leve minutos, não horas. Assim, restauramos o brilho nos olhos de quem escolheu a medicina para atender pessoas, não para escrever relatórios. Para acessar é simples: basta entrar no site https://www.drassistente.com/ ou baixar o app Dr. Assistente.

Dr. Fabiano M. Serfaty: Como evitar que a tecnologia atrapalhe justamente na hora crítica?

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Guilherme Porto: Usabilidade radicalmente simples: falar, revisar, assinar. Em poucos cliques, sem telas desnecessárias. Se aumenta atrito num momento crítico, não entra no fluxo.

Dr. Fabiano M. Serfaty: Você seguiria uma recomendação de IA sozinho, em um caso agudo?

Guilherme Porto: Eu confio mais em médicos que usam IA do que em médicos que não usam. A IA amplia visão e qualidade. Sozinha, não: para conduta clínica, quero sempre um médico no comando.

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Dr. Fabiano M. Serfaty: No fim das contas, o que é insubstituível de médico e de engenharia?

Guilherme Porto: O médico é o protagonista: atende e decide. A engenharia existe para servir: para que a tecnologia potencialize o trabalho do médico com segurança, privacidade e robustez. Nosso papel é deixar o caminho livre para que o profissional faça o que sabe fazer melhor: cuidar de gente.

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