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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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A busca pela verdade na era da ciência fortemente politizada

A "verdade" é cada vez mais “crowdsourcing”, ou seja, se um número suficiente de pessoas gostar ou compartilhar outras aceitarão isso como verdade.

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Atualizado em 28 set 2022, 02h48 - Publicado em 28 set 2022, 02h47

Dr. Fabiano M. Serfaty:

A pandemia causada pelo novo coronavírus revelou profundas ameaças à liberdade, à consciência

humana e à própria ciência, principalmente no campo da saúde.As mídias sociais mudaram a maneira de como a comunidade médica se comunica entre seus membros e com o mundo exterior. A medicina vive um dilema na era das mídias sociais e da ciência fortemente politizada: a “verdade” é cada vez mais “crowdsourcing”, ou seja, se um número suficiente de pessoas gostar, compartilhar ou optar por acreditar em algo, outras aceitarão isso como verdade. Esta maneira de determinar “a verdade”, não se desenvolve na medicina baseada em evidências, mas na opinião de um grupo de pessoas que detêm um poder particular. 

A crescente fidelidade aos fatos endossados pela multidão representa um sério desafio para a busca da verdade em todas as áreas, assim como na medicina.

Para debater sobre este tema convidei o Dr.Hélio Angotti Neto, Que é médico especialista e doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo e atualmente secretário Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde no Ministério da Saúde, que recentemente lançou o livro “Ética & COVID” que analisa fatos ocorridos durante a pandemia e busca algumas de suas origens culturais e ideológicas e Traz para o debate a visão sobre nossos valores civilizacionais, a dignidade humana e o futuro da própria ciência.

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Hélio, Por que escrever o livro “ Ética & COVID”?

Dr. Hélio Angotti Neto:
O livro foi escrito para tratar de assuntos relacionados com a ética, transgredida de diversas formas
durante a pandemia. A proposta do livro é promover a reflexão sobre os eventos vividos durante a
pandemia e sobre fatos precursores dos anos anteriores. São abordadas diversas ameaças à liberdade, à
consciência e à ciência. O livro também traz uma seção sobre o lado positivo do enfrentamento à
pandemia e sobre a necessidade de manter a esperança em dias melhores e agir, ser o melhor possível
nas piores situações.

Dr. Fabiano M. Serfaty:
Que lição você destaca no livro que podemos trazer para o nosso dia a dia?

Dr. Hélio Angotti Neto:
De fato, busco trazer, no livro, pontos que sejam aplicados ao dia a dia de todos.
Abordo questões delicadas e ligadas às ameaças contra a liberdade. Tivemos, por exemplo, demonstrações perigosíssimas de autoritarismo. Alguns chegaram a cogitar a vigilância das redes sociais e a penalização do cidadão. Abordo também no livro as ameaças à ciência. A distorção e a politização das pesquisas e da saúde quede forma geral trouxeram um cenário extremamente perigoso para a ciência e para nossas vidas.
Artigos fraudulentos foram publicados e depois removidos dos maiores periódicos do mundo! Diversas manipulações estatísticas metodológicas aconteceram, e conclusões forçadas foram empurradas sobre a comunidade científica e médica. Ao sairmos finalmente dessa pandemia, uma das maiores prejudicadas será a própria ciência e sua compreensão.
Além disso, ressalto os valores fundamentais relacionados com o profissionalismo valoroso para a promoção do bem dos pacientes, de suas famílias e possíveis ações e conceitos que podem ser utilizados e aplicados para um melhor cuidado com os pacientes.

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Dr. Fabiano M. Serfaty:
Na sua opinião, quais as principais ameaças à ciência que foram observadas durante a pandemia?

Dr. Hélio Angotti Neto:
Eu diria que a politização da ciência e a escalada dos interesses financeiros foram, sem dúvida,gravíssimos atentados contra a ciência de boa qualidade. Observamos inúmeros conflitos de interesses financeiros e ideológicos, pesquisas com dados falsificados e retratações ocorridas em revistas de renome internacional, prejuízo ao andamento de pesquisas sobre medicamentos reposicionados, pressões políticas sobre instituições reguladoras no mundo inteiro e uma enorme agressividade contra a autonomia profissional dos médicos que, muitas vezes, foram até mesmo impedidos de exercerem sua experiência clínica ao lado das melhores evidências científicas disponíveis e dos valores éticos prezados pela medicina. 

Podem tentar enganar algumas de pessoas durante um período, mas ninguém pode enganar a todos o tempo todo. A verdade vem à tona, cedo ou tarde. O que eu sinto ser minha obrigação é justamente expor os fatos conforme presenciei durante os momentos mais críticos dos últimos anos.

Fonte:

1.https://www.editoramonergismo.com.br/livro/etica-covid

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