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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Os coelhos que Diniz terá de tirar da cartola para reacender a seleção

Desafio envolve, entre outras mágicas, as redescobertas de um maestro, de laterais insinuantes e de Neymar, em dívida com o prodigioso talento

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Atualizado em 7 set 2023, 17h05 - Publicado em 7 set 2023, 15h32
Técnico Fernando Diniz comanda treino da seleção
 (CBF Oficial/Divulgação)
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Lá vamos de novo. Sem a empolgação de outrora, corroída pela estiagem de craques e canecos, mas com a tímida esperança de um belo dia o Brasil reencontrar o Brasil. Eis o grande desafio da seleção de Fernando Diniz.

Sua missão vai além de superar os frágeis concorrentes regionais e encaminhar o acesso à Copa 2026. Confirmá-lo com sustos exigiria esforço mil vezes superior ao do Botafogo para perder o Brasileiro.

Enquanto supostamente esquenta o trono do badalado Ancelotti, Diniz encara a oportunidade de acordar a alma dionisíaca da seleção. Alma sem a qual não teria virado símbolo da nossa identidade cultural revestida de  inventividade.

Dos técnicos brasileiros, Fernando Diniz parece o mais afinado à empreitada. Para cumpri-la, haverá de escavar três coelhos na cartola. E encaixá-los num esquema envolvente, competitivo, redentor.

O primeiro coelho: arrumar um maestro. Hoje quase mítico, perto da extinção, faz o time fluir, põe o adversário na roda, desata os nós, antecipa os atalhos. Acelera e cadencia o jogo com inteligência, elegância, simplicidade. A bola o obedece como um cão adestrado.

Nossos gramados, historicamente generosos, legaram Didi, Gérson, Ademir da Guia, Paulo Cézar Caju, Júnior, Falcão, Zenon, Deco. Renato Augusto e, nos bons momentos, Philippe Coutinho foram os últimos do tipo a vestir amarelo.

Volantes e atacantes habilidosos tentam compensar a falta do regente. Às vezes, conseguem. Nunca é igual.

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Mesmo no intenso futebol contemporâneo, ou até por isso, o pensador faz uma tremenda diferença. Assim lembrou Luka Modric nos Mundiais de 2018 e 2022.

Segundo coelho: restituir o brilho às laterais, desbotadas desde os declínios de Marcelo, Filipe Luís, Dani Alves. Nenhuma grande equipe pode prescindir de laterais ousados no apoio, firmes na retaguarda. Talvez Diniz convoque David Copperfield para ajudá-lo.

Terceiro coelho: reacender Neymar, curá-lo das dores que definham o rendimento, em dívida com o alento concedido pelos deuses. Insinua-se a mágica mais difícil e mais importante do treinador. Recrutará suas qualificações de psicólogo.

O convívio com polêmicas e lesões, refletido em desempenhos pálidos, alimenta uma desconfiança crônica sobre o prodigioso atacante. Muitos o desenganam precocemente.

Aos 31 anos, Neymar é nosso craque residual. Não desponta, no horizonte doméstico, algum jovem próximo à sua capacidade de driblar, improvisar, decidir.

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A distância da forma ideal não o impediu, por exemplo, de fabricar o gol que nos salvaria do empate arrastado contra a Croácia, pelas quartas no Catar. Infelizmente não tivemos destreza semelhante para segurar a vantagem, e a quinta Copa seguida nos escorreu.

Seria tolo decretar que a lenha do craque se esgota. O veredito beiraria a guilhotina imediatista, míope e intolerante das redes. De Ronaldo em 2002 a Messi, dez anos depois, a História nos ensina a acreditar na superação dos bambas.

Por outro lado, nada nos autoriza a imaginar facilidade no resgate do melhor Neymar. A tarefa se esboça tão desafiadora quanto gratificante.

Se Diniz descolar ao menos um ou dois desses coelhos, haverá embalado o reencontro do Brasil com o Brasil. Terá renovado o sonho de a seleção se reconciliar com a beleza, e com a feira. Convém dar tempo ao tempo.

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Prorrogação teimosa

A Confederação soprara pragmaticamente o óbvio aos dirigentes alvinegros: com o Maraca e São Januário interditados, seria apropriado Vasco e Fluminense duelarem no Nilton Santos. Deu certo. As SAFs botafoguense e vascaína selaram o acordo que mantém o clássico na capital, sábado, dia 16, às quatro.

Tivesse a CBF empenho equivalente quanto à segregação de São Januário, talvez o injustificável castigo judicial não durasse tanto. Prorrogá-lo afronta, fora a sensatez, a musculatura sociocultural, esportiva, econômica e histórica do bairro, do Rio, do país.

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Craques da comunicação esportiva

Profissionais e pesquisadores ligados ao esporte se reunirão na PUC-Rio, entre terça e quinta da próxima semana, para debater questões como os rumos da narração, os novos formatos e linguagens audiovisuais, a relação entre memória esportiva e cidadania, a operação de mídia em grandes eventos e o racismo no futebol. Aberto ao público, o Seminário de Comunicação Esportiva abrigará dez mesas-redondas, das 9h às 17h, na sala-auditório K 102, do Departamento de Comunicação da universidade, na Gávea (entradas pela Rua Marquês de São Vicente, 225; ou pela Avenida Padre Leonel Franca). Abaixo, a programação completa.

12 de setembro

9h

Mesa 1: Caminhos da narração esportiva

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Participantes: Bruno Cantarelli (Transamérica), Clayton Carvalho (SporTV), Edson Mauro (Globo/CBN).

Mediador: Mauro Silveira.

11h

Mesa 2: No compasso da comunicação digital

Participantes: Eduardo Zebini (Paramount+), Gustavo Poli (Globo).

Mediador: Marcos Barbato.

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13h Mesa 3: Midiatização esportiva e consumo

Participantes: Luiz Paulo Moura (Sportlab), Ricardo Mathias (CBF Academy).

Mediador: Luiz Leo.

15h

Mesa 4: Streaming: novas linguagens em áudio e vídeo

Participantes: Antonio Leal (Cinefoot), Gustavo Gomes e Sidney Garambone (SporTV/Globoplay), Sérgio Carvalho (ex-gerente do SGR).

Mediador: Luís Nachbin

13 de setembro

11h

Mesa 5: Mesas-redondas 3.0

Participantes: Carlos Eduardo Eboli (CBN), Lédio Carmona (Sportv), Renata Silveira (Sportv).

Mediador: Creso Soares Jr.

13h

Mesa 6:  Gêneros e formatos na comunicação esportiva

Participantes: Aydano André Motta (jornalista, comentarista), Cláudio Henrique (Placar), Marcos Eduardo Neves (biógrafo).

Mediador: Felipe Gomberg.

15h

Mesa 7: Esporte: memória, cultura e cidadania

Participantes: Alexandre Niemeyer (Canal 100), Rodrigo Saboia (Museu do Flamengo), Sérgio Pugliese (Museu da Pelada).

Mediador: Leonel Aguiar.

14 de setembro

9h

Mesa 8: Comunicação, esporte e preconceito

Participantes: Cláudio Nogueira (jornalista, escritor), Marcos Gomes (ABI), Job Gomes (PUC-Rio).

Mediadora: Elaine Vidal

 11h

Mesa 9: Operação de mídia em grandes eventos

Participantes: Piero Coelho (Conmebol), Roberto Falcão (ex-Conmebol e CBV).

Mediador: Luciana Brafman.

13h30

Mesa 10: Copa e Olimpíada: rumos e desafios

Participantes: Jader Rocha (SporTV), Leda Costa (Uerj), Marcelo Barreto (SportTV).

Mediador: Arthur Dapieve.

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Saúde sobe a serra

Especialistas debatem os caminhos para uma vida saudável, dias 13 e 14 deste mês, no Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ), em Petrópolis. O neurologista Fabiano Moulin abre o II Seminário Sesc+ Saúde com palestra sobre “Comunicação e Neurociência”, na próxima quarta, às 11h. (Veja a programação.)

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Alexandre Carauta é professor da PUC-Rio, doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação FísicaOrganizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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