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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Manobras para casar esporte e responsabilidade socioambiental

Integrados no Itacoatiara Pro, Bob Burnquist e Giuliano Lara explicam por que festivais esportivos devem se aliar à educação ecológica e à cidadania

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Atualizado em 18 Maio 2024, 16h25 - Publicado em 17 Maio 2024, 22h16
Manobra de bodyboard no mar
Giuliano: atividades artísticas e ambientais agregadas às provas estreitam relação do esporte com bem-estar e sustentabilidade  (Steel/Reprodução)
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Niterói se tornará a capital dos esportes ao livre, entre 1º e 16 de junho. Atividades musicais, artísticas e socioambientais vão cortejar as etapas do Mundial e do Brasileiro de bodyboard no Itacoatiara Pro 2024. O festival organizado pelo bodyboarder Giuliano Lara acolherá também disputas de surfe, bodysurfe, skate.

“Vamos incluir outras modalidades conectadas com a natureza e com a sensação de liberdade, como canoa havaiana e escalada esportiva”, projeta Giuliano. “Procuramos ampliar a ligação da prática esportiva com a ecologia”, completa.

Shows e oficinas se somarão às manobras de bambas como o craque nas ondas gigantes Lucas Chumbo, um dos surfistas que logo socorreram as vítimas da calamidade gaúcha. Os três fins de semana do festival reunirão 500 atletas e 200 mil participantes, inclusive crianças.

Parceiro do Itacoatiara Pro desde 2020, o skatista multicampeão Bob Burnquist Burnquist vai orquestrar bate-papos e ações educativas para o público infantil, alinhadas ao Instituto Skate Cuida. “São aulas de skate para formar não o melhor do mundo, e sim uma boa pessoa, que ajude os amigos a realizarem uma manobra. É o caminho”, enfatiza o recordista de pódios no X-Games, com 30 medalhas.

Ele e Giuliano destacam, numa conversa por vídeo, a crescente integração entre esporte, cultura e sustentabilidade. Contam como esta filosofia de vida, dourada pelas belezas fluminenses, se reflete na programação que ultrapassa as fronteiras do cultuado balneário.

A integração com cultura, bem-estar e sustentabilidade torna-se uma prioridade em festivais esportivos?

Giuliano: Desde a largada, há 12 anos, o Itacoatiara Pro tem essa pegada. Isso se acentua com a entrada do Bob (Burnquist), em 2022. O festival nasceu como uma forma de agregar atividades socioambientais ao Mundial de Bodyboard, que tinha ganhado uma etapa brasileira.

Como assim?

Giuliano: Quando parei de competir, em 2010, decidi empreender para preservar a filosofia de vida que unia esporte, ecologia, bem-estar. Depois de organizar alguns eventos esportivos, especialmente o realizado em Fernando de Noronha, fui convidado para inaugurar a etapa brasileira do Mundial. Aí o (hexacampeão do mundo) Guilherme Tâmega me disse: “Tem que ser em Itacoatiara”, a praia cultuada por bodyboarders nacionais e estrangeiros. Percebi que cinco dos dez dias reservados para as provas ficavam ociosos. Então passei a inserir, desde 2013, atividades culturais, artísticas e socioambientais.

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Por exemplo…

Giuliano: Começamos com o Primeira Onda, mantido até hoje. O projeto social oferece a oportunidade de crianças experimentarem pela primeira vez o surfe. Mais do que isso, de terem o primeiro contato com o ambiente praiano, com o o seu ecossistema. Quanto mais distante da praia está a criança, mais proveitosa torna-se essa primeira experiência com o mar. É emocionante. Isso faz a gente ganhar o dia, o ano. Outras atividades semelhantes foram incorporadas ao festival. Por exemplo, agentes do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) apresentam às crianças espécies como tatu e macaco-prego. A criançada fica louca. Essas ações se expandiram com a adesão do Bob e do Instituto Skate Cuida, há dois anos.

Bob: O esporte é muito mais do que performance. É estilo de vida, cultura. O skate conecta o praticante com a arte; com um mundo de criações e interações; com lições de vida, como a valorização da persistência. A cultura do skate ensina a aprender com os tombos. Ensina a insistir, criar, testar, evoluir, aí as coisas acontecem. Esses processos são transformadores. Podem ser direcionados a outras áreas, como um empreendimento social ou uma simples tarefa do dia a dia. O skatista também é muito interativo. Embora seja uma modalidade individual, tem uma força coletiva: pratica-se em conjunto. Tudo isso ajuda a construir e amadurecer uma responsabilidade socioambiental. O Skate Cuida direciona e inspira as novas gerações neste sentido. Não busca formar campeões, e sim cidadãos responsáveis, que ajudem uns aos outros. Cidadãos comprometidos com o consumo consciente, com o uso de materiais recicláveis.

Como os entrelaces entre prática esportiva, cidadania e responsabilidade socioambiental se inserem na programação?

Giuliano: Além do Primeira Onda e da atividade com animais nativos do Parque da Tiririca, teremos aulas de skate e de educação ambiental, rodas de conversa, shows musicais. No Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, estudantes de escolas públicas, entre 4 e 15 anos, vão participar de uma oficina que integra arte e ecologia. No Dia Mundial dos Oceanos, faremos um abraço ao mar e um mutirão de coleta de microlixo na areia. Também vamos estrear, em 1º de junho, quando começará a etapa do Mundial de Bodyboard, um núcleo do Skate Cuida em São Francisco, com a reforma da pista e do muro grafitado.

Bob: A programação paralela às competições estimula o esporte como ferramenta educacional aliada à cidadania. O esporte inspira a educação social e ambiental. E a educação traz a transformação. É o grande lance. O programa Skate Aula promove esta integração. As aulas não buscam, como eu disse, formar o melhor do mundo, mas uma boa pessoa, que ajude os amigos a realizarem uma manobra.

 

Bob Burnquist ao lado das crianças do programa Skate Aula
Bob no Skate Aula (André Cyriaco/Divulgação)
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Modalidades ao ar livre ajudam também a conter o avanço dos transtornos mentais e emocionais impulsionados pela pandemia…

Giuliano: Esse benefício também é muito importante. A pandemia nos ajudou a ver e valorizar prioridades. Quando ficamos enclausurados, cerceados do que faz a vida valer a pena, percebemos a importância de nos conectarmos mais com a natureza, com pessoas e atividades que nos proporcionam bem-estar, que despertam a sensação de liberdade. Por isso observamos um crescimento de modalidades ao ar livre, como canoa havaiana, altinha, stand-up paddle, escalada esportiva.

Serão incluídas no festival?

Giuliano: Pretendemos incluir esportes como a canoa havaiana. Também pretendemos ampliar as ações socioambientais, educativas, artísticas, musicais e as opções de esporte adaptado e paralímpico. As competições nacionais de bodyboard e de skate já incluem categorias para pessoas com deficiência (PCD).

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Sintonizados na alma brasileira

Silvio, Washington e Antero jogaram por música. Poucos aliaram tão bem irreverência e informação, leveza e consistência, brilho individual e espírito coletivo.

Assim eles alegravam o sofá. Entravam nas casas como um vizinho que sabe chegar e pouco a pouco revela-se indispensável. Doces companhias de vida.

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Assim formaram gerações de torcedores. Muitos virariam colegas de profissão, e seguiriam inspirados em Silvio, Washington, Antero. Alguns abençoados conviveriam nas redações com seus inesgotáveis causos. Risos e aprendizados na mesma bandeja.

Assim, com simplicidade, com criatividade e eloquência, os craques da comunicação ganhavam as casas, os carros, as padarias. Sintonizavam a alma brasileira.

Assim, com bordões e tiradas geniais, Silvio, Washington e Antero sintetizavam o país refletido no universo esportivo. Coloriam o noticiário com a força dos ídolos que tanto retrataram no rádio e na tevê.

Assim alimentavam aqueles domingos enfeitiçados pelo futebol, por suas dores e delícias, suas resenhas apimentadas. Assim eles fixavam-se na memória dos geraldinos e arquibaldos de vários feitios, vários lugares, várias épocas.

Assim Silvio Luiz, Washington Rodrigues, vulgo Apolinho, e Antero Greco fizeram História. Acima disso, fizeram das histórias contadas um regaço contra as pedreiras do dia a dia. Tal legado transparece nas homenagens país afora, nas passagens e expressões lembradas, imitadas, com a sagrada picardia das esquinas.

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Assim sempre ficaremos, gratos, de olho no lance.

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Caminhando para o Maranãzinho

Torcedor que se preza anda junto com o time.  O Movimento Verde Amarelo segue literalmente o mandamento. O grupo fiel às seleções brasileiras pelo país e pelo mundo organiza, na manhã deste domingo (19), uma caminhada pela Tijuca até o Maracanãzinho, onde a equipe feminina de vôlei enfrenta a Sérvia, às 10h. A procissão de fãs sai às oito do Morro do Turano rumo à última partida do Brasil na etapa inicial da Liga das Nações.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação FísicaOrganizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

 

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