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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Estímulos ao precioso diálogo entre esporte, ecologia e inclusão

Fonte de saúde, cidadania, empatia, a democratização esportiva envolve desafios como perenizar e melhor aproveitar a Lei de Incentivo

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Atualizado em 7 Maio 2025, 10h41 - Publicado em 7 Maio 2025, 09h37
Dupla de corredores no bosque
 (Pixabay - Wal_172619/Reprodução)
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Francisco lega ao esporte mais do que a  estima pelo San Lorenzo decalcado na origem portenha. Seu clamor à ecologia integral, irradiado na encíclica Laudato Si’, evoca a urgência de um mundo solidário, livre dos cabrestos consumistas e tecnológicos, centrado no bem comum. Uma urgência acima de credos, governos, ideologias. Com a reconhecida eloquência pastoral, o papa nos alertou:

“Não se pode reduzir a cultura ecológica a respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático”.

O apelo humanitário abraça a prática esportiva, fonte de bem-estar, lazer, sociabilização. Ela impulsiona também o senso comunitário, a empatia, a responsabilidade ecológica.

O compromisso constitucional em democratizá-la deveria efetivar uma política pluriministerial, estendida às áreas da Saúde e da Educação. Acolheria parcerias com empresas, ONGs, escolas, universidades.

Grana não falta. O Ministério do Esporte detém um orçamento anual de quase R$ 900 milhões. Somadas as emendas parlamentares, chega a aproximadamente R$ 1,6 bilhão.

Bastaria uma parte para ampliar a inclusão esportiva. A expansão de programas como Vida Saudável, Segundo Tempo e Esporte e Lazer pela Cidadania implica uma sinergia federal, estadual e municipal imune a descompassos políticos.

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O dever de casa abrange o aproveitamento eficaz da Lei de Incentivo ao Esporte. Instituída em 2006, converte renúncia fiscal em patrocínio a inciativas para o desenvolvimento esportivo – relacionadas tanto ao alto rendimento quanto a benefícios sociais, educacionais, ambientais.

“Esse mecanismo virou protagonista no financiamento do setor”, observa o coordenador do programa Case de capacitação para gestores esportivos, Leonardo Castro. “O salto foi gigantesco: passamos de R$ 250 milhões, em 2018, para R$ 1,2 bilhão em 2024”, compara.

Tal avanço corresponde à quantidade crescente de projetos financiados por meio da Lei de Incentivo. Dos 6.500 propostos por pessoas jurídicas e físicas no ano passado, um terço foi aprovado pela comissão técnica ministerial.

Apesar da equivalência à Lei Rouanet, a congênere esportiva está garantida só até 2027. Caminha dependente de prorrogações. Parlamentares têm a oportunidade de torná-la permanente. “A perenidade da Lei de Incentivo traria mais segurança a administradores e investidores”, argumenta o especialista.

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Igualmente importante revela-se a qualificação para potencializá-la. “Precisamos estar preparados e explorar ao máximo o potencial da lei. O uso de recurso público exige que os proponentes tenham gestões profissionalizadas”, enfatiza Castro.

A democratização esportiva constitui um dos passos para a mudança no estilo de vida pregada pelo Papa Francisco rumo à sonhada “cidadania ecológica“. Dela depende o mundo que ainda queremos construir e entregar às futuras gerações. Tenhamos fé.

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Reforço administrativo

Lançado pelo Instituto Imaginação e patrocinado pela Vale, o Case capacita administradores de organizações esportivas. As 30 entidades recém-selecionadas vão receber treinamento e suporte gratuitos para o impulso dos respectivos projetos.

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A capacitação reúne conhecimentos, por exemplo, de legislação, marketing institucional e captação de recursos. “Buscamos formar gestores capazes de administrarem seus projetos de maneira autônoma, eficiente, sustentável. Assim fortaleceremos o esporte como plataforma social e educacional”, ressalta Leonardo Castro.

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Cultura imersiva

Por falar em plataforma educacional, drones operados remotamente e óculos de realidade virtual transportarão alunos da Escola Municipal Guatemala, no Bairro de Fátima, para uma savana africana e uma reserva ambiental. As aventuras imersivas, alinhadas às disciplinas de artes, ciências, história e geografia, integram o Experimente Cultura. Criado em 2018, para aproximar tecnologia e educação, o programa leva milhares de estudantes da rede pública carioca para visitas presenciais a centros culturais do Rio e para incursões virtuais a museus como o Louvre, de Paris, e o Guggenheim, de Nova York.

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Cores pro futebol

Coitada da Canarinho. Não bastassem as apropriações partidárias e a distância dos melhores dias, seus donos formais cogitaram tingi-la de vermelho. Até os daltônicos chiaram.

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A reprovação das redes arquivou a esdrúxula jogada de marketing. Nada de camisa vermelha, por enquanto.

Da seleção, os cartolas deveriam preocupar-se em colorir o futebol. Anda desbotado faz tempo.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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