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Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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A vitoriosa maratona por saúde, inclusão, empatia

Aos 68 anos, Vanessa Protásio renova o fôlego de campeã e a vocação para unir corredores em torno do potencial transformador do esporte

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Atualizado em 4 jul 2022, 09h29 - Publicado em 4 jul 2022, 08h45

Vanessa Protásio corre por música. Os pés ligeiros deslizam com a leveza da alma solar e a perseverança convertida em 32 maratonas, incontáveis pódios e, acima de tudo, muitas histórias.

Para os dois filhos, dois enteados e três netos (um a caminho), a ex-campeã da Maratona do Rio é o afago da carne assada dominical, o sorriso da simplicidade. Para o marido Hamilton, foi a porta de entrada às corridas de rua, o calor da cumplicidade.

Para os demais seres humanos, a juventude dos seus 68 anos constitui uma aquarela de inspiração. “Se eu, uma pessoa comum, consigo, todos podem cultivar hábitos saudáveis, praticar esportes e até competir”, convida a psicóloga especialista em treinamento mental.

Vanessa integra os grupos FrontRunners e Lume Club, criados pela Asics para propagar o potencial transformador da corrida. Reúnem amadores de sucesso vocacionados a promover a atividade como fonte de inclusão, saúde, empatia.

“Já reuni quase 20 mulheres, de várias idades, vários tipos, para corrermos a meia maratona do próximo domingo”, anima-se. “Mulheres são comunitárias, gostam de compartilhar experiências. Essa integração é a grande vitória”.

O reencontro com as pistas, 10 de julho, no regaço do Rio, aumenta a empolgação. Vanessa encara os 21 quilômetros da Asics Golden Run cinco meses depois de a “lesão chatinha no dedo” tê-la tirado das pistas. Uma eternidade para quem pula da cama às quatro, cheia de gás, e mergulha religiosamente no treino.

Tamanha disciplina renova o fôlego e o astral de menina. Quando chegar aos 69, em outubro, Vanessa continuará levando menos de cinco minutos para transpor mil metros.

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O prodigioso rendimento nasceu casual, há quatro décadas. Enquanto esperava o filho sair da natação, passou a correr na Lagoa. Ali a moradora do Leblon construiria um segundo lar:

“Ver o sol nascendo na Lagoa é sempre uma experiência única. Eu e os remadores fazíamos parte da mesma conexão com o esporte e a natureza”. Conexão banhada de humor:

“O Buck (treinador icônico do Flamengo) pilhava os atletas no barco a apostarem corrida comigo. Era divertido”.

Bastou um ano para Vanessa faturar a Maratona do Rio e tornar-se a primeira brasileira na Maratona de Nova York. Antes daquele mágico 1982, já havia vencido a Meia Maratona da Ponte Rio-Niterói e um desafio universitário que lhe rendeu bolsa na PUC. Melhor ainda eram os bastidores:

“Tinha combinado com os meus amigos remadores que me dariam água pra beber quando eu passasse num trecho da prova. Eles entenderam errado e borrifaram água da Lagoa em mim. Mas deu certo”. Um batismo dourado de pioneirismo:

“Não havia treinos específicos, tampouco muitas informações sobre corrida. A gente se atualizava por meio de uma revista estrangeira encomendada na banca da Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Eram poucas as corredoras, até por certo preconceito. Eu treinava com um grupo de homens, na orla. Testemunhei o avanço feminino na modalidade. Fico orgulhosa”.

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Filha e neta seguiram o caminho. Outras tantas também começaram a correr inspiradas por Vanessa, retrato dos benefícios físicos, mentais, sociais da vida ativa. “Eu me descobri no esporte. Encontrei equilíbrio para balancear as coisas. É por isso que eu corro. É a minha maratona constante”, ensina.

Parafraseando Drummond, no célebre texto alusivo ao milésimo gol de Pelé (Jornal do Brasil, 1969):

O extraordinário não é fazer 32 maratonas, como Vanessa. É fazer uma maratona como Vanessa.

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Alexandre Carauta é doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, especialista em Administração Esportiva, formado também em Educação Física.

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