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Dra. Danielle Negri

Por Danielle Negri, pediatra especializada em neonatologia formada pela Universidade Federal Fluminense Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde
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Você sabe o que é Dismorfismo Corporal?

Transtorno também pode atingir crianças e adolescentes

Por Danielle Negri
25 jul 2024, 11h49
Uma menina olhando para sua imagem no espelho e refletindo.
 (Shvets Production/Pexels)
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De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Dismorfismo Corporal afeta cerca de 4 milhões de brasileiros e 2% da população mundial. A doença faz com que as pessoas enxerguem defeitos onde não existem ou maximizem casos pequenos, da própria aparência. Essas imperfeições podem ser até mesmo imaginárias, fazendo com que o paciente busque constantemente corrigir algo que não é real. Se engana quem pensa que só adultos podem sofrer com o transtorno. Crianças e adolescentes também estão suscetíveis e é necessário alertar os pais.

Segundo o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica-RJ, o Dr. André Maranhão, o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) se caracteriza por afetar a percepção que o paciente tem da própria imagem corporal, levando-o a ter preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte de seu corpo (por exemplo: nariz torto, olhos desalinhados, imperfeições na pele etc).

O médico destaca o impacto das redes sociais dentro deste cenário:

“Com o boom dos filtros nas redes sociais, é cada vez mais comum achar quem não esteja satisfeito com o seu corpo, principalmente com relação a face. Os usuários se acostumaram tanto com o efeito encantador e embelezador dos filtros, que não se enxergam mais sem eles. Com este cenário, o transtorno dismórfico corporal pode sim começar ainda na infância e na adolescência, principalmente entre as meninas. Ele atinge mais as mulheres pois são mais ligadas à autoimagem e as tendências de “beleza”. É um fato: o público feminino se preocupa e investe mais no seu visual do que os homens. É importante ressaltar que 2,5% das brasileiras acreditam ter defeitos, e é nas mulheres que a dismorfia corporal se apresenta com maior frequência, sendo de maior prevalência entre 18 e 30 anos, embora possa se apresentar em qualquer faixa etária”, afirma Maranhão.

Ele explica que os filtros e a vida “ilusória” das redes sociais já contribuem há tempos com este sério problema de saúde que é o dismorfismo corporal, o que não deve ser encarado como uma questão simples, afinal pode gerar uma busca desenfreada e sem critérios de tratamentos de beleza e cirurgias. É importante que os usuários entendam que deve existir um limite entre o mundo digital e o real. E que é necessário cuidar da autoestima, da aparência e da saúde, principalmente, mas sem excessos, respeitando o próprio corpo e principalmente o seu bem-estar.

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Nesse sentido, é importante que a família observe o comportamento da criança e do adolescente quanto ao uso excessivo dos filtros e a forma como eles aceitam o próprio corpo. O Dr. André Maranhão destaca que em primeiro lugar, é essencial alertar os pais para observar se a criança ou o adolescente só se sente bem utilizando filtros das redes sociais e como eles influenciam o seu cotidiano e aponta que há casos em que não conseguem mais se identificar com a sua face natural e deixam até mesmo de participar de atividades com os amigos e com a família por “vergonha” da própria imagem:

“Nesse contexto, torna-se necessário ter uma conversa, principalmente na presença de um psicólogo ou do médico para mostrar que os efeitos digitais jamais serão reais, mesmo com cirurgia. Um procedimento cirúrgico pode sim elevar a autoestima e evidenciar a beleza natural, mas nunca transformá-la, o que não é saudável, ainda mais na infância e na adolescência. Ao receber um paciente com múltiplas queixas e sem foco no consultório, é essencial que o médico identifique o que realmente o paciente precisa e o que é exagero ou uma busca irreal. Procurar um profissional qualificado e ético, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é de suma importância para que o paciente consiga absorver o que o médico está tentando explicar”, diz.

Dr. André Maranhão conta que por mais que o resultado seja excelente e satisfatório para o médico, o portador de TDC ainda assim estará insatisfeito, e muitas vezes é necessário indicar o paciente para um psicólogo ou psiquiatra para iniciar um tratamento:

“É preciso entender que a beleza física, o bem-estar e a saúde mental precisam andar juntos (Saúde = Equilíbrio Bio-Psico-Social). O maior bem do ser humano é a sua saúde mental. Sem ela, nada é possível”, afirma.

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