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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Pare para pensar: qual é a sua idade?

Aos 95 anos, rainha da Inglaterra recusa prêmio de “Idosa do ano” e diz: “Temos a idade que sentimos ter” 

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Atualizado em 23 nov 2021, 14h54 - Publicado em 23 nov 2021, 11h01

Há quem responda de pronto quando lhe perguntam a idade, mas idade me parece algo muito relativo. O ano de nascimento é, claro, uma referência cronológica importante, mas não nos define. Em outubro, a rainha Elizabeth, da Inglaterra, recusou o prêmio de Oldie of the year (tradução: Idosa do ano), dado pela revista “Oldie Magazine”. Aos 95 anos, ela respondeu com toda a sabedoria que sua vivência lhe trouxe: “Temos a idade que sentimos ter”. Eu não poderia concordar mais com esta frase.

O mundo mudou e o fato de termos uma rainha em pleno exercício de suas funções aos 95 anos é um dos indícios. No início do século XX, a expectativa de vida era de 32 anos! Para usar os termos populares, naquela época, poderia-se dizer que aos 30 a pessoa já estava na fase derradeira da vida, descendo ladeira abaixo, mais pra lá do que pra cá. É inacreditável, não? Hoje em dia, aos 30 muitos adultos nem saíram da casa dos pais ainda. Outros tantos, aos 40, estão começando a ter filhos. Uns, aos 50, estão mudando de profissão. E alguns, aos 60, mudam até de país.

Em setembro, a Universidade de Oxford publicou o estudo mais recente sobre o assunto. A partir dos dados de 29 países, os pesquisadores concluíram que a expectativa de vida das espanholas – país que têm o maior índice entre os analisados – é de 85 anos. E houve um recuo com a pandemia, porque em 2019 essa média era de 86.7 anos.

Há quem diga que o passado é sempre melhor, que a alimentação das nossas avós era melhor, que o estilo de vida das nossas bisavós era mais tranquilo, que não havia aquecimento global, etc. Talvez essas opiniões tenham um quê de nostalgia, porque a realidade é bem diferente. Ela nos mostra que vivemos talvez o momento de melhor qualidade de vida da humanidade. Veja bem, eu até escrevi “talvez”, porque não há um estudo que compare a qualidade de vida atual com a dos anos de 1900. As diferenças são tantas, que não há nem como comparar. Logo, temos que concordar que a qualidade de vida, a evolução da medicina, da nutrição e da tecnologia nos permite viver, agir e pensar que, sim!, temos a idade que sentimos ter.

Não há problema em se sentir “velhinho” ou idoso como diz a revista, aos 95 anos, ou antes até. A questão posta pela rainha é maior. Não critica quem se sente idoso, mas defende quem não se sente e prefere não se enquadrar em uma “caixinha” imposta pela sociedade. Você pode ter 50 e cabeça, corpo e vida de 40. Pode ter 60, e se sentir com 30. E daí? Só você e suas condições de saúde, de vida pessoal e profissional definem a idade “real” que você tem.

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Existem até exames fisiológicos que permitem alcançar um resultado mais preciso da idade biológica – e não cronológica – do seu corpo e organismo. Um deles é a telomerase, um exame de sangue que avalia os telômeros, que são uma espécie de capinha em torno do cromossomo e que se danificam ao longo da vida. Outros exames avaliam densitometria, massa magra, força e capacidade cardio-vascular. Tem quem cuide tão bem da saúde, que consegue ter até menos 10 anos na idade biológica.

A questão, porém, proposta por Elizabeth, vai além das capacidades físicas. É subjetiva e definida pelo próprio indivíduo. Na carta em que recusou o prêmio, que foi publicada pela revista, ela diz através de seu secretário pessoal que “acredita que não cumpre os critérios relevantes para aceitar o prêmio”. Certa está a rainha. A mulher que representa a tradição quebrou, mais uma vez, um tabu. E você, qual idade tem? Já parou pra pensar de verdade nisso?

 

 

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