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Daniela Alvarenga

Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Emagrecer sem afetar a saúde da pele, é possível?

Sim. O tratamento da obesidade não precisa ser sinônimo de uma pele flácida e envelhecida. Mas alguns cuidados são fundamentais.

Por Renata Magalhães
2 Maio 2025, 18h58
Dani - Ozempic
Medicamentos à base de semaglutida podem provocar um efeito que ficou conhecido como “rosto de Ozempic”: os cuidados dermatológicos devem começar antes do emagrecimento  (La Chelé Medical Aesthetics/Reprodução)
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Os efeitos colaterais dos medicamentos usados para o controle do diabetes e para tratar a obesidade vêm sendo intensamente discutidos. Embora as reações adversas mais comuns sejam gastrointestinais, a Sociedade Brasileira de Dermatologia amplia essa discussão com um alerta: medicamentos à base de semaglutida também podem afetar a saúde da pele.

Um desses efeitos ficou conhecido como “rosto de Ozempic”, referência ao nome comercial do medicamento mais famoso dessa classe. Muitas celebridades, nacionais e internacionais, já admitiram ter feito uso dessa droga injetável, originalmente criada para tratar o diabetes tipo 2, que passou a ser freneticamente procurada por um de seus efeitos colaterais: o emagrecimento. As vendas explodiram no mundo inteiro. E no Brasil não foi diferente.

O chamado “rosto de Ozempic”, que citei acima e se tornou viral nas redes sociais, é caracterizado pela flacidez na pele. De acordo com explicações do próprio laboratório, não é um efeito colateral relacionado diretamente ao remédio, mas resultado da perda rápida e acentuada de peso. Além da redução de gordura subcutânea na região das bochechas, que dá sustentação à pele, pode ocorrer redução de colágeno e de elastina. A pele fica flácida, com propensão a rugas e aparência envelhecida, opaca e ressecada.

Como enfatiza a nota da SBD, estudos recentes também revelam outros efeitos do medicamento sobre a pele, como queda de cabelo (alopecia), alterações na sensibilidade da pele (como formigamento, dor ou queimação) e reações no local da aplicação subcutânea. Eventos raros foram relatados de maneira isolada como penfigoide bolhoso, vasculite leucocitoclástica e angioedema.

A perda de peso rápida pode comprometer também os níveis de nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e ácidos graxos, fundamentais para a manutenção da hidratação, elasticidade e barreira cutânea da pele.

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Todos esses efeitos não contraindicam o uso da semaglutida. Ela é uma importante arma contra a obesidade, uma doença que precisa ser tratada. E a saúde deve vir sempre antes da preocupação com a beleza. Mas é muito importante que o acompanhamento médico seja multidisciplinar, incluindo o dermatológico e o nutricional.

Muitos danos à pele podem ser evitados se o paciente começar os cuidados dermatológicos logo que iniciar o tratamento para a obesidade e o diabetes com o endocrinologista. Começando alguns procedimentos antes do emagrecimento, conseguimos prevenir danos e minimizar os efeitos da semaglutida sobre a pele.

O tratamento é individualizado e pode incluir procedimentos com bioestimuladores de colágeno, radiofrequência monopolar (Volnewmer, por exemplo), biorevitalizadores,skinboosters e cosméticos com ácido retinoico, que aceleram a renovação celular e melhoram a textura e luminosidade da pele.  

Geralmente, quando se perde muito peso rapidamente, também se perde massa muscular. Por isso, temos a preocupação de ajustar o aporte proteico, o que também contribui para o resultado dos tratamentos de estímulo de colágeno.

Além disso, como o contorno do rosto também pode ser afetado, em alguns casos aplicações de ácido hialurônico e ultrassom microfocado são recomendáveis, desde que realizadas com muita cautela, para garantir um resultado natural e seguro.

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Também é preciso uma atenção especial à alimentação. Entre os cuidados relacionados especificamente à saúde da pele, é importante incluir alimentos ricos em proteínas (peixes, ovos, frango e leguminosas); vitaminas A, C, E, que são antioxidantes (cenoura, frutas cítricas, nozes);  ácidos graxos ômega 3, que possuem ação anti-inflamatória e ajudam a manter a hidratação e a elasticidade da pele.

Remédios como o Ozempic e o Wegovy, usados no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, são análogos de GLP-1, hormônio que atua no controle do apetite, no metabolismo da glicose e na regulação do peso corporal. Desde que usados sob rigoroso acompanhamento médico, eles podem ser muito eficazes. Mas, como não canso de repetir em meu consultório, não espere milagres! O resultado duradouro e seguro depende da adoção de um estilo de vida saudável, com exercícios físicos, alimentação balanceada, hidratação adequada e uma boa rotina de sono.

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