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Bruno Chateaubriand

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Com enredo sobre o caju, Mocidade quer espantar fantasmas do passado

Entoado a plenos pulmões no ensaio técnico, o samba que viralizou no streaming nos primeiros dias do ano é o grande trunfo da escola

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20 jan 2024, 12h00
Análise sobre os preparativos do desfile da Mocidade
O primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Bruna Santos e Diogo Jesus. (Divulgação/Divulgação)
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Última colocada das escolas que permaneceram no Grupo Especial do Carnaval de 2023, a Mocidade Independente de Padre Miguel experimentou ano passado uma apuração repleta de emoção, principalmente nos últimos quesitos. Não cair para a Série Ouro era o objetivo, uma vez que a Verde e Branco tinha passado por problemas gravíssimos de ordem financeira, como contas bloqueadas, além de precisar utilizar material emprestado de outras escolas. Enfim, um sufoco!  Neste ano, a agremiação vai abrir os desfiles da segunda noite, segunda-feira, 12 de fevereiro, como manda o protocolo e a regra estipulada pela Liesa.

Com uma das mais fortes torcidas da cidade e foco na volta de um protagonismo natural, a escola da Zona Oeste modificou poucas peças do tabuleiro no seu quadro. Contratou o showman Zé Paulo Sierra, que fez história na Unidos do Viradouro, e manteve o carnavalesco Marcus Ferreira, vencedor do prêmio Fernando Pamplona do Estandarte de Ouro do ano passado. Além disso, manteve o casal de mestre-sala e porta-bandeira que brilhou em suas avaliações no último carnaval. Diogo Jesus e Bruna Santos mostraram um excelente entrosamento no último ensaio técnico. Bruna aplicou técnicas de giro com saudação ao pavilhão e Diogo permaneceu com a cadência e elegância de um ótimo mestre-sala.

A sinopse do enredo, assinada por Fábio Fabato, vem com uma mensagem de respeito à nossa brasilidade logo no início do texto: “Assumir completamente tudo o que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido”, do Breviário do Tropicalismo, de Torquato Neto. A partir dessa mensagem o texto destrincha o caju em várias versões. O autor do enredo ainda brinca com as palavras e carnavaliza o caju: “A fruta nativa, farta e com certo capricho corporal para explodir em cores toda a revolução tropicalista. A suculência agridoce que seduz os lábios, proclama a ciência. O fruto, no duro, está no alto, qual um cocar, black power ou coroa: a castanha”. Esse enredo deu origem ao samba mais ouvido nas primeiras horas de 2024. O caju da Mocidade viralizou e há muito tempo não se via a escola tão feliz com seu próprio samba.

Embalada na viralização do samba-enredo, que segundo o viral Spotify Rio foi a música mais ouvida na virada do ano, a escola fez bonito em seu primeiro ensaio técnico, mesmo enfrentando problemas no carro de som. Um show à parte, a comunidade cantou o refrão com força. Neste domingo (21) a Mocidade fará um novo ensaio na Sapucaí.

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Abrir um desfile geralmente gera temores. Não é fácil ser a primeira do domingo, mas ser a primeira do segundo dia de desfiles não é um cenário tão preocupante. Em 2000, por exemplo, a Unidos da Tijuca fez um desfile arrebatador e conquistou uma posição que a permitiu voltar para o Sábado das Campeãs. Na segunda, jurados já assistiram às seis escolas do domingo e possuem um parâmetro comparativo.

A Verde e Branco vem com um projeto colorido para 2024, com um recado de leveza e comunicação com o público. A agremiação terá cajus distribuídos de várias formas, inspirados em obras de artistas da magnitude de Tarsila do Amaral e Debret. A segunda alegoria mostrará o fruto sendo levados por europeus, saindo pela primeira vez do Brasil, em uma caravela histórica de 1506, retratando o estilo da nau utilizada por Pedro Alvares Cabral. Nesse ornamentação, estarão espalhadas mil mudas de caju. A Mocidade promete.

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