Subprefeito da Zona Norte revela os grandes desafios da região
Diego Vaz, gestor de 2,5 milhões de habitantes, 65 bairros, 10 grandes complexos de favelas, atesta que a violência é a grande questão a ser solucionada
Ele é gestor de uma circunscrição com 2,5 milhões de habitantes, 65 bairros, 10 grandes complexos de favelas. Flamenguista, amante de gastronomia portuguesa e torcedor da escola de samba Em Cima da Hora, uma agremiação de Cavalcanti, fundada em 1959 e que desfila na série ouro do carnaval carioca. Nas redes sociais é possível acompanhar Diego Vaz, @didivaz, conhecido como Didi, subprefeito da zona norte do Rio de Janeiro, jogando a famosa pelada nos finais de semana na zona norte da cidade. No carnaval desse ano, era um dos mais entusiasmados na nova Intendente Magalhães, avenida onde desfilam as séries de base das escolas de samba. No entanto, a vida do subprefeito é repleta de desafios. Constantemente, a região da cidade é pauta em noticiários policiais, com muitos problemas de ordem pública. O gestor, que é formado em engenharia têxtil, de 34 anos, respondeu algumas perguntas sobre objetivos e desafios na região.
– Como entrou na política? Diego Vaz (DV) – Conheci o Prefeito Eduardo Paes, em 2016, pelo Instagram. Em 2018, viramos amigos de rodas de samba em um bar e em 2020 fui voluntário da campanha política. Foram três meses de muito trabalho na campanha como ajudante de ordens. No primeiro dia, após a vitória, veio o convite para subprefeito.
– Como é o Eduardo Paes como gestor?
DV – Ele é um chefe bem rigoroso, funciona como um pai protetor de uma cidade. O Prefeito busca saber, todos os dias, de forma concisa, direta e constante como anda a 2ª maior região da cidade. As informações são passadas diariamente. Visualiza situações com uma lupa, mas, ao mesmo tempo, dá liberdade e poder de decisão.
– Qual tem sido o seu maior desafio?
DV – Reconstruir a cidade depois de tanto abandono. Principalmente recuperar o pertencimento do carioca sob o que é público e pertence ao povo do Rio. Isso gera cuidado, manutenção e zelo. Por isso falo muito em resgate do orgulho suburbano.
– Qual ação considera marcante nesse curto período de gestão?
DV – Ajudar na idealização do projeto Parque Piedade, na antiga Faculdade Gama Filho. Em breve, iniciaremos as obras. Não podemos deixar de ressaltar as aulas com o historiador Luiz Antônio Simas na região, em que o reconhecimento de cada bairro ou praça é pontuado e ensinado. Isso corrobora, mais uma vez, com o resgate e o orgulho de ser suburbano.
– A questão da pluralidade religiosa e diversidade faz parte da pauta dos bairros da Zona Norte. Denuncias de LGBTfobia e segregação religiosa também são observadas. O que tem sido feito para a manutenção de um Estado laico?
DV – Orgulho de ser suburbano é também ter orgulho de ser o que você quiser. O Estado é laico e nossas ações buscam o bem comum de todos, pelo respeito das individualidades. Sobre a questão religiosa, nosso trabalho de resgate possui uma visão para garantir o direito da liberdade de culto e convivência pacífica de todas as religiões.
– A mobilidade urbana é outra grande questão do morador e trabalhador da região. Algo vem sendo pensado nesse importante setor?
DV- Entregaremos ao final de 2023 o corredor transbrasil, que vai ligar a Zona Oeste pela Supervia e a Barra da Tijuca pela Transolímpica; através da Avenida Brasil, até o Centro da cidade. O percurso será de Guadalupe até a Rodoviária. O ganho de tempo será relevante. Um trajeto que dura em torno de duas horas, passará para quarenta e cinco minutos. O trabalhador poderá sair de Realengo e trabalhar na Cinelândia utilizando o ônibus/BRT e VLT, em um espaço de três horas com o retorno do bilhete único.
– E os tradicionais alagamentos da região? As chuvas de verão derrubam postes, inundam casas. Algum plano está sendo colocado em prática para minimizar essa problemática?
DV – Duas ações ocorrem simultaneamente. O programa ralo limpo, que faz prevenção de limpeza e sucção dos ralos. Foram investidos 280 milhões em obras de infraestrutura para acabar com alagamentos na Zona Norte.
– Como tem sido lidar com a dinâmica de violência na região? Existe luz no fim do túnel?
DV -O grande desafio do Rio há muito tempo é na área de segurança pública e no restabelecimento do monopólio da força do Estado em todo seu território e não só nas comunidades. Como morador da região e também subprefeito, ouço muitas reclamações da população, e as peladas funcionam para tomar umas caneladas, que não se sente segura para sair cedo para trabalhar, que tem medo de voltar tarde para casa. Deposito minha esperança e confiança na articulação das três esferas de governo – federal, estadual e municipal – para revertermos esse cenário.