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Blog sobre as ruas do Rio de Janeiro
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Rua Uçá, Jardim Guanabara

Uma volta pela rua mais emblemática do Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. Acompanhem-me! O charmoso chafariz da Praça Jerusalém, que fica em frente à Praia da Bica, com o corredor de palmeiras da Rua Uçá, ao fundo. por Pedro Paulo Bastos Fiquei um bom tempo parado sobre a mureta da Praia da […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h18 - Publicado em 29 out 2012, 02h30

Uma volta pela rua mais emblemática do Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. Acompanhem-me!


O charmoso chafariz da Praça Jerusalém, que fica em frente à Praia da Bica, com o corredor de palmeiras da Rua Uçá, ao fundo.

por Pedro Paulo Bastos

Rua Uçá

Fiquei um bom tempo parado sobre a mureta da Praia da Bica observando a Baía de Guanabara por um ângulo pouco divulgado em jornais e cartões postais – o da Ilha do Governador, na zona norte do Rio. A areia pouco limpa não intimidava quem queria se exercitar na beira da baía. Nem mesmo a água escurecida era motivo de freio àqueles que se propunham a mergulhar de um velho deque. O sol estava incidindo com tanta força em plena primavera que cheguei a sentir inveja da moça indígena do chafariz da Praça Jerusalém, que fica ao lado da praia, sendo privilegiada com consecutivos jatos de água sobre o rosto de bronze. O monumento estava rodeado por um grupo de estudantes de fotografia, que enquadravam-na ora por admiração, ora – acho que também – por sede. A sintonia do chafariz com o seu cenário de fundo, um corredor extenso de palmeiras, promove um visual muito bonito e bastante tropical, típico do nosso Brasil.

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O tal corredor de palmeiras em questão é a Rua Uçá, situada no bairro do Jardim Guanabara, dentro da Ilha. Para início de conversa, a Rua Uçá é uma rua de identidade marcante. Além das altas palmeiras que margeiam suas calçadas, é uma rua que faz jus à letra que lhe inicia o nome: ela tem formato em U. É lógico que eu já havia conferido previamente o seu desenho no mapa, assim como já tinha percebido o trabalho caprichado dos urbanistas ao montar um gostoso jogo sinuoso de ruas entre a Estrada do Galeão e a praia. Quem está perdido por ali, provavelmente ficaria ainda mais ao dar-se conta de que o início e o término da Rua Uçá são praticamente os mesmos, separados apenas por uma quadra de distância, às margens da Praça Jerusalém, na Praia da Bica.


O panorama da Praia da Bica na altura da Rua Uçá, que aparece já na imagem seguinte.


A Rua Uçá dispõe de edificações de no máximo três pavimentos, tanto as mais antigas quanto as novatas. Além das palmeiras, é uma rua bastante ajardinada.

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A esquina da Rua Uçá com a Rua Engenheiro Rousaro Zambrano.


O trecho da Rua Uçá onde aparecem algumas escolas, tanto de nível fundamental como médio, e algumas residências não tão bem conservadas em relação ao padrão da rua.

Adentrando a Rua Uçá, ressurgiram à memória diferentes sensações e recordações de outros lugares. Acredito que pelo fato do gabarito da região não ultrapassar o de três pavimentos, lembrei logo da minha época de criança na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes dos anos 90, ainda pouco badalados, e com aquele climinha de cidade pequena praiana. Por outro lado, esse mesmo clima de cidade praiana me fez lembrar os arredores da Prainha, em Arraial do Cabo. E as palmeiras? Inevitavelmente lembrei da Rua Paissandu, no Flamengo, que é também agraciada por altas palmeiras. Não que a Paissandu seja mais importante que a Uçá e tenha de servir de referência e/ou ser endeusada como pioneira; porém, como está numa região mais central e turística, acaba-se criando esse imaginário de que a Rua Paissandu serviu de inspiração para as outras ruas “empalmeiradas”. E, claro, não posso esquecer de citar Paquetá. Afinal, as duas são ilhas, né?

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Já no início da minha expedição pela Rua Uçá o detalhe de que mais gostei foi a tranquilidade dali. Tem a coisa toda do clima de cidade pequena praiana como já comentei, embora haja também um fluxo baixíssimo de automóveis pela sua via. Nas áreas mais centrais do Rio, essa é uma dinâmica impensável. Foi um privilégio poder circular pela Rua Uçá sem muita preocupação com o trânsito. Em alguns momentos, eu caminhava até mesmo por onde os carros deveriam estar passando, no meio da via. Emperrava ali, levantava a cabeça, e ficava alguns segundos vislumbrando o penteado das palmeiras láááá em cima, sem prédio algum para competir com elas em altura. É tudo tão tranquilo que, além de ficar parado lá esquecendo da vida, ainda dava tempo para mentalizar as diferenças entre coqueiros e palmeiras (pensamentos aleatórios, confesso), mas paralelamente atento a qualquer outro ruído que não fosse o dos sons de dentro dos apartamentos ou das aves.


Outro panorama da Rua Uçá, com casas, prédios e o início da curvinha, já prestes a desdobrar-se.


O imóvel onde funciona uma casa de festas e a esquina com a Rua General Bandeira de Melo.

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Nos arredores da Praça do Grego, onde há uma lanchonete-ambulante, está também uma simpática casa com fachada em moisaco de azulejos.


Algumas das palmeiras da Rua Uçá foram, infelizmente, vítimas do vandalismo, como essas na esquina com a Rua Engenheiro Rousaro Zambrano, já na outra parte da rua. Ao lado, os fundos da Capela Imperial e o início da Praia da Bica.

Outro aspecto curioso em relação à arquitetura da Rua Uçá é que, em geral, os prédios transmitem uma sensação de isolamento. Cada qual dentro do seu próprio apartamento, enclausurado, não se vê nada. Como lá eles não são altos e muitos na modalidade de um por andar, existe uma integração do apartamento com a rua. Escuta-se facilmente as conversas e sons vindos de dentro das residências. Os muros baixos também favorecem essa conexão. Já as casas, que aparecem mais perto do encontro com as ruas Manoel Magioli e General Bandeira de Melo, são amplas e pouco verticalizadas. Variam em formas, estilos e funções. O número 392, por exemplo, onde funciona a casa de festas Caza Blanca, conta com um chafariz pintado de branco na sua área externa cercada por um desenho elegante de grades. Já em frente à Praça do Grego, uma residência se destaca pela sua fachada sofisticada: um mosaico de azulejos criando figuras geométricas de peixes em tons rosados e roxeados.

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Essa curva em U da Rua Uçá é incrível porque exibe um panorama ao pedestre realmente de exploração. É aquela sensação de não saber o que vem pela frente, coisa que as ruas retilíneas não conseguem proporcionar. É claro que o enfileiramento das palmeiras também ajuda muito nessa admiração. E quando menos esperava, já estava de volta à Praia da Bica – desta vez, nos fundos da Capela Imperial. Fiquei bastante satisfeito de ter conhecido melhor essa parte do Rio, especialmente de ter ratificado, com os meus próprios olhos, o que os meus amigos da Ilha do Governador diziam sobre o bairro, sempre muito orgulhosos. O engraçado é que o argumento-padrão que eles vinham me dando para confirmar as maravilhas do Jardim Guanabara era o de que ele faz parte, junto da Gávea e do Leblon, do grupo dos três bairros com maior IDH da cidade. Na boa, se eu fosse eles, não ficaria mais na sombra e na fama dos bairros chiques da cidade para atestar o quão agradável é o Jardim Guanabara. Simplesmente apontaria suas particularidades e qualidades, que já são suficientemente consistentes para honrar a merecida posição que lhe cabe no ranking.

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