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Aline Salcedo

Por Aline Salcedo, jornalista e maratonista que corre atrás de boas histórias Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Pará Noel: corrida beneficente e Pretinho da Serrinha antes da rabanada

Últimas vagas do evento que festeja 10 anos no Alto da Boa Vista, com pós-prova 100% gratuito e estimativa de 36 toneladas de doações em alimentos

Por Aline Salcedo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 dez 2025, 21h03 - Publicado em 4 dez 2025, 20h34
Pará Noel: corrida na véspera do Natal no Alto da Boa Vista já virou tradição no calendário carioca
Pará Noel: corrida na véspera do Natal no Alto da Boa Vista já virou tradição no calendário carioca (//Divulgação)
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Vou direto ao ponto: o Pará Noel é a minha corrida preferida do ano. A mais esperada. Não é só porque acontece na véspera de Natal, naquele clima de último treino antes da rabanada. É porque é beneficente, porque reúne os amigos de todas as tribos (parece até festa de fim de ano das assessorias), e porque entrega uma experiência tão bem-feita e tão cheia de sentido que dá vontade de voltar no ano seguinte.

A iniciativa, criada sem a menor pretensão pelo corredor Felipe Barbosa, o Pará, completa 10 anos e já virou tradição no calendário carioca. Realizada no Alto da Boa Vista, é um evento que não entrega medalha, e esse é um detalhe que eu adoro. O Pará Noel funciona em outra lógica: ele é um presente. Um presentaço de Natal. Você termina o percurso (corrida, pedal ou caminhada), a endorfina já está lá em cima, e ainda encontra o Pretinho da Serrinha, comida boa, bebida liberada, abraços sem fim. Não tem como sair triste.

Pará Noel
Eu e amigas no gargarejo do Pretinho da Serrinha: área vip é para todos (//Divulgação)

E o maior presente vai para quem mais precisa. A solidariedade virou o centro da Pará Noel com 100% das inscrições revertidas para doações. Só no ano passado, foram mais de 35 toneladas doadas; para este ano, a meta é passar de 36 toneladas. Não é número para impressionar: é comida chegando onde falta, e chegando com respeito.

Sem firula e sem storytelling: a história é boa porque é simples e real. Em 2013, Felipe juntou uma turma de 20 amigos para correr em pleno 24 de dezembro. No meio do treino, veio a brincadeira que batizou o evento: a galera disse que, no ano seguinte, ele teria de aparecer com gorrinho de Papai Noel. O trocadilho foi ganhando forma, e assim nasceu o Pará Noel, de piada interna à tradição.

Nessa subida, veio o estalo: por que não transformar aquela corridinha em um gesto coletivo de doação? Com o tempo, começou a entrar patrocínio para bancar a operação, que tem custo alto e exige estrutura. O combinado tem o espírito de Natal: o que sobra do patrocínio, depois do evento pago, também vai para as doações. 

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A festa é democrática para todas as assessorias de corrida
A festa é democrática para todas as assessorias de corrida (//Divulgação)

Ao longo de uma década, o Pará Noel já doou mais de 60 toneladas em cestas básicas, mobilizou mais de 50 marcas que patrocinaram e apoiaram o projeto, criou mais de 500 empregos diretos e mais de 1.000 indiretos, reuniu mais de 5.000 participantes e impactou diretamente mais de 28.000 pessoas. Além disso, o alcance se espalhou: mais de 50 instituições e comunidades foram beneficiadas diretamente e mais de 155 acabaram sendo beneficiadas indiretamente. 

O bastidor mais marcante, ele me contou, é a entrega dessas doações. É entrar em lugares que muita gente nem imagina, ver o sorriso, o brilho no olhar, a alegria real de quem recebe uma cesta básica como quem recebe um alívio. Teve edição em que a doação chegou a uma família grande vivendo em condições duríssimas em um cemitério. É o tipo de história que não precisa de muitas palavras e resume o espírito do Pará Noel: correr é bom, mas ajudar é melhor ainda.

Há outras ativações solidárias que são a alma do evento. Um exemplo é a presença da ONG Destemidas, que terá 18 meninas correndo nesta edição. Outro é a distribuição de kits gratuitos para quem não tem condição de pagar; além disso, artistas trocam cachês por cestas básicas e indicam instituições para receber as doações; patrocinadores também são convidados a indicar instituições; participantes sugerem projetos que conhecem. O evento vira rede e por isso se sustenta.

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Pará Noel
O time da ONG Destemidas estará novamente no Pará Noel (//Divulgação)

O melhor é que, dez anos depois, a essência continua intacta. Felipe faz questão de manter o charme do evento com limite de participantes e uma estrutura que preserva a experiência: nada de crescer por crescer. O Pará Noel é democrático: não existe área VIP. Não tem cercadinho. Fica todo mundo junto e misturado no bem bom: assessorias esportivas, famílias, amigos de amigos, instituições, patrocinadores. E isso dá uma sensação de que todo mundo cabe ali.

O cenário também ajuda. Correr na Floresta da Tijuca, considerada a maior floresta urbana do mundo, na véspera de Natal, tem um valor de lavar a alma. O percurso são 12 km na corrida, saindo do postinho do Alto até a Vista Chinesa e voltando. No pedal, também 12 km, do Horto até a Vista Chinesa e retorno. 

Nada disso acontece por mágica: nos bastidores, é montagem, desmontagem, equipe de retaguarda trabalhando pesado, recolhimento constante de resíduos, apoio da Prefeitura, equipes de segurança. Felipe faz questão de lembrar que não faz nada sozinho: além dele, tem o Emerson Martins e o Wan Rouxinol, parceiros sem os quais, nas palavras dele, a engrenagem não funcionaria.

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Pará Noel
O timaço por trás do evento: Wan Rouxinol, Emerson Martins e Felipe Barbosa (//Divulgação)

E eles sonham mais alto. A ambição é ampliar patrocinadores para cobrir custos sem aumentar o valor de inscrição e, principalmente, criar formas de doação recorrentes ao longo do ano, para ajudar instituições para além da época do Natal. Algumas ideias como parcelar kit com antecedência ou criar contribuições mensais já estão sendo pensadas para ampliar o impacto. Sem perder a essência, claro. 

Meu aviso de amiga: as inscrições estão quase no fim. E eu entendo. Tem corrida que a gente faz pelo tempo. Tem corrida que a gente faz pela foto. O Pará Noel a gente faz pelo encontro e pelo propósito. É meu jeito favorito de celebrar o Natal: sem medalha, sem banana. Mas com um presente que mais ninguém pode dar.

 

Serviço

Corrida, ciclismo e caminhada
Data: 24 de dezembro
Horário: das 07h às 13h
Local: Paço Tamaraty/Postinho do Alto
Acessível para cadeirantes
O evento conta com banheiros, áreas de descanso, guarda-volumes e achados e perdidos

 

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