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Aline Salcedo

Por Aline Salcedo, jornalista e maratonista que corre atrás de boas histórias Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Thiago Fragoso: do acidente que comprometeu o pulmão à volta às corridas

Após 13 anos do acidente no musical Xanadu, o ator completa sua 1ª Meia Maratona no Rio e mira na próxima em Lisboa durante turnê da peça Dois de Nós

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Atualizado em 11 set 2025, 11h45 - Publicado em 11 set 2025, 11h30
Thiago Fragoso na Rio S21K, no Aterro
Thiago Fragoso na reta final da Rio S21K, no Aterro do Flamengo: superação (Fábio Carrilho Fotop/Divulgação)
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Em 2012, Thiago Fragoso sofreu um gravíssimo acidente durante uma apresentação do musical Xanadu. Enquanto era içado por cabos de aço, o sistema de sustentação falhou, fazendo com que o ator despencasse de uma altura de cerca de cinco metros. O impacto resultou em 11 fraturas nas costelas, perfuração do pulmão e lesões no diafragma. O episódio interrompeu abruptamente sua rotina profissional, abrindo em um longo processo de recuperação física e emocional. 

Na semana passada, pela primeira vez após o episódio, podemos dizer que Thiago sentiu 100% do seu fôlego, ao cruzar a linha de chegada da meia maratona Rio S21k, no Aterro. Mais do que a sensação de ter concluído um feito esportivo, ele se sentiu de volta à vida.

“Há mais de 13 anos que não fazia uma prova longa. O acidente foi super sério, quase fatal. A gente fica achando que nunca mais vai conseguir. Determinação, garra, disciplina, coragem, obstinação são coisas que valem a pena. Se você tem um sonho, mesmo que ele pareça impossível, não desista”, declarou Thiago, ao fim da prova, visivelmente emocionado.

Thiago Fragoso na Rio S21K
Na saída do túnel, o esboço de um sorriso que revela a emoção por estar apto a todo o esforço exigido durante a prova (Tiago Silva Fotop/Divulgação)

Agora, ele diz que não para mais. Tanto, que já planeja a próxima meta, conciliando com a turnê internacional da comédia Dois de Nós, que foi sucesso no Brasil com público de mais de 60 mil espectadores e cruza o Atlântico para uma temporada em Portugal, de setembro a dezembro.

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Escrito por Gustavo Pinheiro e dirigido por José Possi Neto, o espetáculo reúne, além de Thiago, Antonio Fagundes, Christiane Torloni e Alexandra Martins, vivendo dois casais confinados num quarto de hotel, disparando revelações que embaralham passado e futuro. Durante a temporada, o ator encaixou a Meia Maratona de Lisboa, em outubro. E avisa: “Ano que vem, tem maratona”.

Christiane Torloni, Antonio Fagundes, Thiago Fragoso e Alexandra Martins na comédia Dois de Nós, que terá turnê em Portugal
Com Christiane Torloni, Antonio Fagundes e Alexandra Martins na comédia Dois de Nós, que terá turnê em Portugal (Divulgação/Divulgação)

O que passou pela sua cabeça ao cruzar a linha de chegada desta meia maratona no Rio, 13 anos depois da última prova longa
Nossa! Passou muita coisa… toda essa trajetória dos últimos 13 anos, convivendo com dor, com medo de como eu iria me adaptar a esse novo corpo… Foi muito emocionante vencer todos esses fantasmas do passado. Na chegada, eu só pensava: “eu consegui”.

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Você ficou afastado das longas distâncias desde o acidente no “Xanadu”. Como esse episódio impactou seu corpo, sua confiança e sua relação com o esporte?
Não sou muito de falar disso, mas a real é que impactou enormemente. As pessoas mais próximas notaram até que o timbre da minha voz mudou, afinal de contas o acidente comprometeu 40% do pulmão direito e tive lesões no diafragma. Fiquei meses sem conseguir cantar e sem segurança na voz. Fazia duas sessões de fisioterapia por dia. Foi um mergulho num nível de vulnerabilidade que eu desconhecia, mas dali saiu uma força que eu também não conhecia.

Em que momento você decidiu que estava pronto para voltar?
Ensaiei essa volta algumas vezes, mas sempre era interrompido por lesões ou insegurança. Eu funciono bem “na marra”: se eu defino uma meta, eu foco e dou um jeito de chegar lá. Cheguei a me inscrever na Maratona de Berlim, mas veio a pandemia. Esse ano decidi que era hora de deixar isso pra trás. Aproveitando a turnê da peça Dois de Nós em Portugal, me inscrevi na Meia de Lisboa. Essa Meia no Rio foi meu ritual de fogo, minha preparação e iniciação. Lisboa já é um segundo passo e a ideia é não parar mais.

Qual foi o maior obstáculo: reconstruir base aeróbica, vencer o medo, gerir dores ou conciliar agenda de trabalho e família?
Tudo isso. A coisa mais fácil do mundo é desistir, e você sempre vai encontrar bons motivos para isso. Consistência é fundamental. E consistência não é mandar bem todos os dias, é aparecer e dar o que você consegue naquele momento. Alguns treinos foram horríveis… Volta pra casa, recupera e repete a operação. O treino ruim também conta. O que não conta é desistir e desistir não é comigo.

Como você estruturou corpo e mente para o retorno?
A musculação foi decisiva. Ela muda o jogo quando você faz com consistência: emagrece, fortalece, estabiliza. Durante os ensaios em São Paulo, aproveitei pra focar primeiro na musculação. Aos poucos a corrida foi voltando, sempre com acompanhamento médico e do meu personal. Preciso frisar: não dá pra inventar treino de meia maratona. Tem que ter plano. Sem falar que meses após essa preparação posso dizer que uma das minhas maiores vitórias está no meu exame de sangue… com tudo em dia.

O que o Thiago corredor de hoje faz diferente daquele de antes?
Hoje a corrida tem muito mais significado na minha vida. Antes era algo simples, com menos compromisso e muito mais fácil. Agora se trata de vitória, perseverança e consistência. Hoje em dia eu respeito muito mais a importância de se ater a periodização. Tento ao máximo executar o plano do dia, sem inventar.

Ainda sobre a prova, teve algum momento crítico?
A prova teve surpresas! Organizei o carbo load nos dias anteriores, enrolei as unhas do pé com esparadrapo para não perder a unha (acontece, tá? rs), botei o band aid nos mamilos para não machucar pela fricção com a camisa (também acontece!), tomei banho de protetor solar… Achei que estava tudo certo até chegar na prova e perceber que eu tinha esquecido os fones e os géis de carboidrato em casa. Olha que eu sempre digo que é impossível eu correr sem música! Mas voltar atrás não era uma opção. A falta do carboidrato bateu e veio uma hipoglicemia forte. Quase desfalecendo nos tiros, comecei a intervalar. No final, já estava com dor até nos cabelos… Mas cheguei. A dificuldade só fez a superação ser maior.

Qual foi o papel de família e amigos para sustentar essa volta?
Essa jornada foi muito pessoal. Eu fui meu maior apoiador, mesmo quando me sugeriram não correr ou escolher uma prova mais curta. Minha esposa é quem me lembra sempre que não preciso provar nada pra ninguém, e esse porto seguro me dá ainda mais força. E tenho que agradecer ao meu personal, Thiago Franco, que não sabe o significado da palavra “não”. Foi um caminho solitário, mas não sozinho.

Que mensagem você deixaria para quem passou por um susto e pensa que “não dá mais”?
Ouça o seu corpo, adapte-se, encontre coisas que te deem prazer. Não há oportunidade maior do que a vida. Você pode ter cicatrizes, mas elas não definem seus limites. O corpo muda, mas a vida continua sendo o maior privilégio.

E quais são suas próximas metas?
Vou correr a Meia de Lisboa, agora já com tempo em mente. E ano que vem tem maratona. Recomeçar já virou parte da minha história.

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