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Por Alice Granato, jornalista, autora e editora de livros
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“Luz com trevas” de Cabelo traduz poeticamente o nosso tempo

Novo disco do artista multifacetado evoca questões atuais

Por Alice Granato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 abr 2020, 23h13 - Publicado em 28 abr 2020, 15h55

“Que não voltemos ao normal”, dispara Cabelo na nossa conversa virtual. “Só existe luz, se houver trevas.” Para ele, a Pandemia que está abalando o mundo é um sinal mais do que necessário de que temos de mudar. “Uma oportunidade para que se entenda que precisamos repensar os modos de relações sociais e afetivas. A humanidade anda num ritmo frenético, alienado, refém de sua produtividade. A grande doença somos nós”. O artista destaca a banalização da miséria que está do nosso lado, na frente, no chão.

Aos 52 anos, o já carioca de Cachoeiro de Itapemirim (ES), com quase 30 anos de uma expressiva trajetória, o artista plástico e performer foi finalista do conceituado prêmio Pipa no ano passado com essa temática, exposta primeiramente no BNDES, no Rio, em 2018. “Consegui consolidar num só projeto todas as minhas expressões, música, letra, ritmo, desenho e escultura que andavam em paralelo”. A faixa-título do disco, “Luz com Trevas” manda o recado em tempo integral: “Aqui não é Hollywood/ É na real que o bicho pega/ A água que o peixe nada/ É a mesma que bebe a égua”

O cd (que também será vinil) está sendo finalizado e sairá nas próximas semanas, com produção dos tarimbados Kassin e Nave, desenhos do Cabelo e arte do Barrão. É uma antena sonora, com sons da floresta, dos terreiros de umbanda, das batidas afro-brasileiras, orientais, de samba, de rap, de funk. Refletem o libertário ir e vir de Cabelo com todas as faces de sua criação, o desenho, a pintura, a escultura, a vídeo-arte e sua voz reverberando tudo. O ponto de partida, sua matriz, é sempre a poesia, que vai cruzando as fronteiras e esquinas tortuosas, vermelhas, pretas, brancas (sua paleta cobra coral), vira neon, fica prestes a explodir num (lindo) ovo bomba. Provoca, instiga, aquece e desassossega a alma em sua potência performática.

As Manifestações poéticas do consciente e inconsciente coletivo vão surgindo, não são pré-concebidas. A destruição da Amazônia, as causas indígenas, a fome, a resistência, tudo está muito presente em sua criação de fala pulsante: “E cada morro é um vulcão/Não tá dormindo pode entrar em erupção/ Cinema é luz/ Com Trevas/ Negativo positivo/ É a rebelião sem trégua.”Cabelo é à flor da pele. E este trabalho age como um espelho retrovisor onde, ao olhar pra trás e para os lados, projeta o que virá adiante.

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Abaixo, trecho de “Luz com Trevas”.

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