Crianças inspiradas por Villa-Lobos
Projeto patrocinado pela Petrobras seleciona dez novos alunos para aulas práticas e teóricas de música clássica e popular
Elisama e Lídia têm nove e 13 anos e adoram música. Cresceram ouvindo os acordes ensaiados pelo pai, David Malaquias, tecladista da banda “Restaura Som”. Ele começou a ensinar violino para a mais velha, que tratou de transmitir o que sabia à menor. As irmãs fazem parte de um grupo de mais de 80 candidatos que participaram, no último fim de semana, do teste prático que seleciona anualmente dez jovens para o projeto Villa-Lobos e as Crianças. Apreensivas, torciam para conseguir uma vaga na orquestra. Por enquanto, gostam mesmo de música evangélica.
Naquela manhã, os jovens pareciam bem mais à vontade do que suas mães, que os acompanhavam ansiosas. Kaike Penchel, de 12 anos, foi embora feliz, violino a tiracolo, ao saber que ainda esta semana seria informado se ensaiaria com o grupo. O projeto Villa-Lobos e as Crianças, dirigido por Turíbio Santos, foi criado em 2008 e tem em média 80 alunos em formação. A cada ano, são selecionados 10 novos jovens, que substituem os 10 que se formam. Todos participam de aulas práticas e teóricas durante três anos letivos.
“O projeto prepara os alunos de diversas comunidades do Rio para o mercado de trabalho, ensinando clássico e popular. Muitos já estudam música, mas não sabem o que fazer com ela. Se vão ou não seguir na carreira, impossível afirmar. Certamente, sairão daqui transformados e mais preparados para a vida”, explica Maria Clara Barbosa, regente e uma das responsáveis pelo projeto.
O gosto musical de quem vai bater à porta do Villa-Lobos e as Crianças é bem variado. João Pedro Ribeiro Rodrigues Ferreira, de 20 anos, gosta de música erudita, toca sax alto e estudou por um ano na Escola de Música Villa-Lobos. Outro que escolheu o sax alto é Daniel Sindra, de 13 anos, que tem aulas de música em uma igreja de Villar dos Telles. Nilson da Silva Severino, de 17 anos, apaixonado por violão e cavaquinho, espera ocupar suas manhãs com as aulas do projeto em museus e espaços culturais da cidade. Rayssa Monteiro, de 13 anos, adora música gospel e frequenta toda quinta-feira uma escola de música perto de casa, em São João de Meriti. “Quero ser flautista profissional e sei que para isso preciso estudar muito”, explica.
A Fundação de Apoio às Escolas Técnicas (Faetec) é um “celeiro” dos jovens que gostam de música. Vários dos candidatos são ou foram alunos de uma de suas sedes. Janice Santos de Lima, Renie dos Santos e Vinícius da Silva Correia, todos de 19 anos, estudam clarineta há quatro anos em Quintino e participam da orquestra da escola de Marechal Hermes. Vera Inês de Oliveira, de 18 anos, toca na Faetec de Nilópolis e prepara-se para prestar concurso para a banda da Polícia Militar.
As orquestras Filarmônica, Popular e de Sopros do Villa-Lobos e as Crianças ensaiam durante todo o ano. Os novos dez jovens juntam-se ao grupo a partir do dia 15 de julho. Desde 2008, o projeto é patrocinado pela Petrobras. Todos os alunos, de 8 a 21 anos, recebem vale-transporte como auxílio da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Agora, é esperar a chamada e acompanhar os ensaios abertos ao público às sextas-feiras, das 14h às 18h, no Parque Lage (Rua Jardim Botânico, 414) e, aos sábados, entre 9h e 13h, no Instituto de Educação (Rua Mariz e Barros, 273, Praça da Bandeira).