VEJA Rio recomenda
O filme chileno No, que concorre a uma vaga para o Oscar 2013 de filme estrangeiro, o musical infantil Shrek, a exposição em homenagem à galerista Anna Niemeyer e a peça de teatro Tarja Preta
CINEMA
No. Em 1988, movido por pressões internacionais, o chileno Augusto Pinochet convocou um plebiscito. O general, no poder desde 1973, queria o aval do povo para governar por mais oito anos. Começaram, então, as campanhas na TV. Pinochet e a oposição tinham quinze minutos cada um para dar seu recado. Para liderar a propaganda política do “no”, os adversários do regime contrataram René Saavedra (Gael García Bernal), publicitário de ideias avançadas. Diretor do dispensável Tony Manero (2008), Pablo Larraín foi atrás dos registros reais e conseguiu dar ao filme o mesmo efeito das imagens televisivas da década de 80 ? até o formato da tela é mais quadrado. De câmera na mão, o cineasta, além de retratar com precisão um período histórico crítico, expande seu roteiro ao abordar os bastidores da propaganda política. No é o indicado do Chile a uma vaga no Oscar 2013 de filme estrangeiro.
CRIANÇAS
Shrek – O Musical. Anunciado como uma superprodução (10 milhões de reais) que fez sucesso por onde passou (Broadway, Londres), o espetáculo corresponde às melhores expectativas. Essa dinheirama investida aparece nos setenta caprichados figurinos e nos trinta cenários deslumbrantes que exploram o amplo palco do Teatro João Caetano. A trama é a do primeiro dos quatro filmes estrelados pelo ogro: ao lado do amigo Burro (Rodrigo Sant?Anna), Shrek (Diego Luri) vai até um castelo libertar a princesa Fiona (Sara Sarres, de O Fantasma da Ópera, dona de voz arrebatadora) das garras de um dragão ? fêmea, sabe quem acompanha a saga. A aventura é uma missão imposta por Lord Farquaard (Marcel Octavio, impagável e de joelhos, para representar o nobre vilão baixinho). Sant?Anna, famoso por sua participação
no humorístico Zorra Total, provoca risadas desde o primeiro minuto em que aparece, mas o humor, para crianças e adultos, também marca presença no repertório adaptado por Claudio Botelho e interpretado ao vivo com acompanhamento de quinze músicos. Saiba mais na coluna Crianças.
EXPOSIÇÃO
Anna Maria Niemeyer – Um Caminho. Tributo à galerista morta em junho de 2012, a mostra no Paço Imperial revela sua importância para as artes brasileiras através de um acervo rico e numeroso. Foram reunidas 300 peças, entre documentos, fotos e 180 obras de 58 artistas. Estão lá nomes lançados por ela, a exemplo de Jorge Guinle (1947-1987), autor de sete telas, inclusive a monumental Aquário (1983), Victor Arruda, Jorge Duarte e Beatriz Milhazes, presente com seis de suas hoje cobiçadas criações. De seu pai, o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), há um singelo retrato da filha ainda bebê e móveis feitos pelos dois para construções de Brasília como o Palácio da Alvorada. Para que não pairem dúvidas sobre a relevância da homenageada, também são expostos comoventes depoimentos dos colecionadores João Sattamini e Gilberto Chateaubriand. Saiba mais na coluna Exposições.
TEATRO
Tarja Preta. Abandonada pelo marido, Otávio, ela tenta esquecê-lo, em vão, recorrendo a remédios, álcool e drogas – não necessariamente nessa ordem. Maior vítima de sua atitude, o cérebro da moça não economiza palavras para tirá-la da rota de autodestruição. A mulher no fundo do poço e sua massa cinzenta são os personagens da divertida comédia em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal. Letícia Isnard, em tom menos estridente do que o de Ivana, seu papel na novela Avenida Brasil, conquista risadas e alguma solidariedade. Érico Brás, como a consciência dela (literalmente), extrai graça de sua missão impossível: guardar as lembranças de uma amnésica contumaz. Na peça dirigida por Ivan Sugahara, a produção modesta é compensada pelo desempenho da dupla. Inspirado no conto Serial Killer, de Adriana Falcão, o texto proporciona grandes momentos aos atores, embalados por temas sugestivos como You Know I?m No Good e Back to Black, do repertório de Amy Winehouse. Clique aqui para saber mais.