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Temporada de verão pós-Olímpica tem movimento abaixo do esperado

Com hotéis vazios, o turismo carioca experimenta o mês de janeiro mais fraco dos últimos quinze anos

Por Pedro Moraes
Atualizado em 28 jan 2017, 00h00 - Publicado em 28 jan 2017, 00h00
A imagem mostra a orla de Copacabana e seus prédios ao fundo
Copacabana: bairro mais buscado para morar (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Orla da Barra: novos empreendimentos e quartos de sobra (Q Vista Imagens Aéreas)

Não é preciso ser muito observador para perceber que a atual temporada de verão está diferente da dos anos anteriores. E a diferença não está no calor calcinante nem nos modismos à beira-mar. Basta um passeio pela orla para constatar que as praias e os restaurantes estão bem mais vazios. A impressão é confirmada pelas estatísticas dos setores hoteleiro e de bares e restaurantes da cidade. Os dados compilados até agora revelam que a ocupação de quartos ficou em 54%, a mais baixa dos últimos quinze anos. Em média, esse número gira em torno de 71%, com um pico registrado em 2012, quando chegou a 80%. Entre os bares e restaurantes, as três primeiras semanas de janeiro assinalavam queda de 20% em relação ao mesmo período de 2016. Em áreas próximas a morros como Santa Teresa e Tijuca, o índice sobe para 34%.

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O apagão turístico se dá justamente quando o Rio poderia capitalizar a projeção e a infraestrutura herdadas dos Jogos Olímpicos, como hotéis tinindo de novos, principalmente na Barra da Tijuca, aeroporto reformado e a nova região portuária. Agora, corre-se para procurar salvar o resto da temporada, que se encerra no Carnaval. No último dia 23, o ministro do Turismo, Marx Beltrão, reuniu-se com autoridades locais do setor para traçar uma estratégia comum. Como medida emergencial, será realizada uma campanha publicitária para atrair visitantes de São Paulo e Minas Gerais para o Carnaval. “Estamos tentando recuperar parte do prejuízo, mas já perdemos uma parcela significativa da altíssima temporada”, avalia Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis ­– Rio de Janeiro. “Perdemos uma boa oportunidade de aproveitar os benefícios dos Jogos por falta de planejamento”, critica ele.

A imagem mostra a orla de Copacabana e seus prédios ao fundo
Avenida Atlântica: desconto nas diárias do cartão-postal (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Uma das estatísticas recorrentes quando se fala de cidades que foram sede olímpica diz respeito ao fluxo de visitantes, que chega a crescer 25% ao ano nos cinco anos seguintes à realização do megaevento. Por aqui, tal regra ainda não vingou por uma série de fatores. Do ponto de vista internacional, as notícias sobre epidemias de zika e dengue, violência urbana e crise econômica do estado foram um balde de água gelada no entusiasmo de estrangeiros eventualmente interessados em conhecer nossas praias e belezas naturais. Ao mesmo tempo, o diminuto investimento em promoção no exterior, tarefa a cargo da Embratur, não tem ajudado a desfazer a má impressão. A entidade aplicou em 2016 cerca de 10 milhões de dólares em campanhas lá fora. O México, país de características muito próximas às nossas, investe quarenta vezes mais. “Nosso objetivo, traçado a partir dos Jogos, era ir de 2 milhões para 8 milhões de visitantes por ano no prazo de uma década. Esse não é um número irreal, pois temos potencial. Mas são necessários empenho e políticas públicas que deem condição para isso acontecer”, diz Lopes, que acumula o posto de presidente do Rio Convention & Visitors Bureau.

Se os viajantes estrangeiros são importantes em termos de prestígio e de receitas em moeda forte, os brasileiros são os que, de fato, fazem as engrenagens do turismo carioca funcionar. Sete em cada dez visitantes são compatriotas de outros estados que buscam as delícias locais. Nesse caso, a crise econômica e o cenário pouco positivo da cidade, com a falência do estado, o estrangulamento dos serviços públicos e o crescimento dos casos de violência urbana, têm mantido veranistas a distância. Para atraírem esses clientes arredios, redes hoteleiras estão traçando as próprias estratégias, basicamente focadas em programas de fidelização e descontos. Atualmente, nos sites de busca, é possível encontrar ofertas em hospedagens de quatro estrelas em Copacabana por até 300 reais a diária (habitualmente, na alta estação, esse valor não é inferior a 500 reais). Na região do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, a diária para a mesma categoria em unidades erguidas para os jogos sai por menos de 200 reais. Responsável pela promoção do Rio como destino de viagem, a Secretaria Estadual de Turismo, procurada por VEJA RIO, afirmou apenas que o foco de sua atuação é o interior fluminense e que não planeja ações para a capital. A Riotur, empresa municipal de turismo, não respondeu aos pedidos de entrevista sobre o assunto. A um mês do Carnaval, é preciso correr bastante para recuperar o tempo perdido.

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