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Startups disputam R$ 900 mil em novo hub de inovação em Ipanema

Em dezembro, 18 companhias brigam por seis aportes de 150 000 reais no Oito

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 8 dez 2017, 07h00 - Publicado em 8 dez 2017, 07h00
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Para conectar interessados na cultura negra, o Diáspora Black oferece hospedagem e experiências ligadas ao tema em doze países. Para sair do papel, o projeto de André Ribeiro, Antonio Pita e Carlos Humberto da Silva Filho arrecadou mais de 15 000 reais em vaquinha virtual (Daniel Ramalho/Veja Rio)

Carlos Humberto da Silva Filho mora em Santa Teresa e, em 2011, decidiu alugar um dos quartos de sua casa a turistas. Tirou fotos do cômodo, colocou-­as em um site de hospedagem e logo um casal fechou negócio. No dia combinado, os dois foram recepcionados pelo anfitrião, que, em seguida, saiu para comprar frutas. Na volta, encontrou a casa vazia e um bilhete, no qual os hóspedes diziam que o espaço “não era bem o que esperavam”. A justificativa não fazia nenhum sentido, mas Carlos desconfiou do motivo: ele é negro. O episódio inspirou a criação do Diáspora Black, site que, em seis meses, já conectou quase 1 500 pessoas interessadas em viver a cultura negra por meio de hospedagens e passeios em doze países. O bom desempenho de sua startup garantiu a Carlos uma vaga no Oito, novo centro de inovação aberto no antigo Oi Futuro de Ipanema. Inaugurado no último dia 30, o local abrigará até o fim do mês dezoito companhias que disputarão seis aportes de 150 000 reais da operadora de telefonia, a dona do espaço, e o direito de ocupar o local em 2018.

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Victor Gomes teve a ideia de criar estações com carregadores portáteis de celular, disponíveis para aluguel a partir de 6,90 reais. Com 1 200 usuários e sete pontos já disponíveis na cidade, o Energy2Go contará com quarenta estações até fevereiro (Daniel Ramalho/Veja Rio)

A corrida pelo ouro promete agitar as cercanias da Praça General Osório, onde fica o prédio, que foi completamente reformado para receber os novos ocupantes. Os empreendedores passarão por uma maratona de apresentações, oficinas e reuniões com executivos da Oi e de parceiras, como Amazon, IBM e Nokia, para aperfeiçoar seus negócios. No fim, as iniciativas mais consistentes e capazes de entregar o que prometem serão agraciadas com o valioso prêmio. “Acreditamos que vai ser bem difícil escolher as seis melhores”, afirma Rafael Duton, coordenador técnico do Oito e fundador da Movile. Para quem não ligou o nome à empresa, trata-se da atual proprietária do iFood, serviço on-line dedicado à entrega de comida em domicílio. Na fase de inscrições, foram enviados mais de 500 projetos de 23 estados — além de propostas do Chile, dos Estados Unidos e da França. A seleção teve quatro etapas e privilegiou as startups com as soluções mais interessantes e equipes mais afinadas. São empresas como o Banco Maré, que há um ano e meio mudou a vida de quem mora na comunidade da Zona Norte com um aplicativo para facilitar transações bancárias, como pagamento de contas. Antes disso, era necessário ir até Bonsucesso para quitar um boleto. Outro exemplo é a Farmaki, site que compara preços de 45 000 produtos para saúde e higiene em 35 redes de lojas de todo o Brasil. “Somos o Trivago das farmácias”, resume Felipe Chaves, CEO da companhia. Criada em 2016, a Energy2GO é focada no aluguel de carregadores portáteis de celular e tem entre seus sócios a multinacional italiana Enel, presente em mais de trinta países.

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O Banco Maré foi posto em atividade pelo gerente de operações Miguel Mota e pelo CEO, Alexander Albuquerque, permitindo que moradores da comunidade paguem suas contas sem precisar sair da favela. Com a solução, a taxa de inadimplência de boletos na Maré caiu 67% em oito meses (Daniel Ramalho/Veja Rio)

Cunhada originalmente nos Estados Unidos, a palavra startup conquistou o mundo no começo dos anos 2000 e virou sinônimo de empreendimentos descolados, quase sempre tocados por jovens com menos de 30 anos. Para os especialistas no assunto, porém, o termo é válido para qualquer iniciativa em busca de uma forma de ganhar dinheiro que possa ser repetida em larga escala. Dito dessa maneira, até parece algo com poucas chances de dar certo, mas gigantes como Facebook, Google e Microsoft começaram assim e hoje provam o contrário. Apesar de ser o estado com o segundo maior PIB do Brasil, o Rio é o terceiro em número de startups no país. São 343 empresas, contra 591 em Minas e 1 324 em São Paulo, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Startups. Ainda de acordo com a entidade, o investimento é um dos três fatores mais importantes para o sucesso das companhias, e nesse sentido o Oito surge em um momento providencial. Entretanto, é bom lembrar que ter dinheiro não é tudo. Uma pesquisa feita neste ano mostrou que 60% das startups perderam seus investidores entre 2012 e 2013 por não apresentarem resultados satisfatórios. A esperança é que a troca de experiências e contatos no Oito colabore para uma taxa de sucesso acima da média. Afinal, toda empresa existe para lucrar com a solução de um problema. As melhores vão além: ganham dinheiro ao criar novas necessidades. ß

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