Como castigo pela minha façanha de não encontrar vip nenhum na sala vip, a editora da revista me mandou pra aquele lugar, no caso o Gourmet Square, um pedaço de São Paulo encravado no meio do Rock in Rio. Vai lá e escreve o que você achou, me disse com um tom sarcástico bem suspeito. Segundo os anúncios é um lugar diferenciado, focado em gastronomia e blá, blá, blá. Que se dane o storytelling, hoje é dia do The Who e nada irá me abater.
O Gourmet Square estava mais lotado que mala do Geddel em dia de votação no Congresso. O único lugar um pouco menos cheio – que surpresa – era o stand do Açougue Vegano. Pra mim açougue é um lugar nota dez. Vegano é zero. Então dá media cinco, passa, ainda mais com a fome que eu tinha e a preguiça de encarar mais filas. Dentre as tétricas opções escolhi o Vulcano, um sanduíche com pão de cebola roxa, carne moída de soja vegana (sic) e maionese vegana temperada. Paguei vinte e cinco reais e veio isso que vocês veem na foto.
Só tem uma coisa que eu goste mais do que carne: dinheiro. Então a ideia de jogar fora o sanduíche, ou seja, rasgar vinte e cinco reais, é traumatizante demais para ter uma noite tranquila de sono. Já comi coisas piores, pensei sem muita convicção.
Não sei o que era mais assustador, a aparência do pão roxo, o gosto da soja ou o cheiro da maionese. O Vulcano é uma experiência para todos os sentidos: é feio, tem gosto ruim e cheiro desagradável, só falta o som repulsivo, mas tenho certeza que se apertasse o sanduiche com força ele emitiria um guincho horripilante.
Com ajuda de duas latas de refrigerante e muita fé em Deus dei conta da hercúlea tarefa. O que você achou, perguntou a editora entre risinhos. Respondi citando o The Who:
Won’t get fooled again