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Retomada gradual: feiras cariocas ganham novo fôlego e ainda mais atrações

Indo além do conceito de mercado a céu aberto, o formato recebeu um empurrão na pandemia, com muito artesanato, roupas, comidinhas, música e reencontros

Por Luiza Maia
21 jan 2022, 06h00

Ao passear pelas praças, ruas e pelos generosos espaços ao ar livre da cidade, é comum esbarrar com uma feira. Muitas delas já se incorporaram há tempos à paisagem carioca, como a Feira Hippie de Ipanema, com seus 53 anos festejados em 2021, e a do Rio Antigo, instalada na Rua do Lavradio e considerada patrimônio cultural do estado.

Nos últimos anos, elas se multiplicaram e vêm ganhando novos formatos e estilos, e aumentando o leque de produtos e atrações, que tiram proveito dos belos cenários que lhes servem de moldura.

Aí veio o vírus, a pandemia, a quarentena e, ufa, a gradativa retomada das atividades — e, com ela, mais feiras, um passeio feito sob medida para esses tempos em que a humanidade busca com cada vez mais intensidade esse item tão precioso que é o ar livre.

Resultado: nunca se viu tantas por aqui. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, os pedidos de autorização para montar uma feira nessas praias subiram 60% no último semestre de 2021.

A volta aos espaços públicos veio acompanhada de uma nova regulamentação específica para as feiras de moda, comida e outros temas, publicada em julho de 2021 pela prefeitura, para organizar esse formato que não se encaixa nas tradicionais barraquinhas de frutas, verduras e legumes nem nos eventos transitórios, como festas e competições.

O pleito por uma nova legislação veio do Coletivo de Feiras Criativas, formado no período pandêmico por representantes do setor com o objetivo de desburocratizar todo o processo. A retomada também exigiu, é claro, protocolos de segurança para a prevenção da Covid-19: uso de máscaras, presença de álcool em gel, lavatórios móveis, distanciamento entre as barracas de expositores.

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“É importante que as pessoas respeitem as regras sanitárias e principalmente se vacinem, essencial para a retomada econômica”, ressalta o secretário Chicão Bulhões.

Novas atrações na Babilônia: atividades voltadas para o bem-estar -
Novas atrações na Babilônia: atividades voltadas para o bem-estar – (Babilônia Feira Hype; ./Divulgação)

Da Zona Oeste à Zona Sul, eventos para todos os gostos se espraiam, trazendo, além de convidativas oportunidades para compras, atrações musicais, artísticas e infantis, que oferecem um agradável terreno para a convivência.

“As pessoas estão indo não só para consumir, como para compartilhar momentos, ouvir um bom som, estar com a família, sentar-se com os amigos e curtir a experiência”, enumera Lili Valentim, produtora da feira O Fuxico, há seis anos em Ipanema.

O comportamento da clientela, porém, passou por mudanças. O modo voraz de consumo dá lugar agora às compras feitas de maneira mais consciente, valorizando pequenos produtores e artesãos. Feiras que agitam bandeiras também avançam e atraem públicos variados, como a VegBorá e a Vegannezando, apenas com produtos confeccionados sem nada de origem animal. Elas voltaram a acontecer mensalmente em dezembro.

Ações em prol da sustentabilidade também despertam a atenção, como é o caso do mercado Faz Girar, iniciativa criada em 2019 para a venda e a troca de produtos de segunda mão, com edições em diferentes endereços.

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As belezas naturais do Rio dão outra dimensão à ida à feira. Um passeio pela Praia Vermelha, na Urca, pode acabar em uma visita à Carioquíssima, com sete anos de existência, que retornou em 2021 injetando ânimo ao bairro.

Já uma caminhada pela Lagoa Rodrigo de Freitas pode desembocar na Babilônia Feira Hype, com encontros mensais marcados no Parque das Figueiras. Pioneira na cidade, foi a primeira empreitada a ventilar o conceito de economia criativa, em 1996.

Com a intenção de revelar as principais tendências do universo da moda, já lançou nomes de marcas conhecidas nacional e internacionalmente, como Via Mia, Zinzane e Farm, tornando-se exemplo de sucesso que inspirou outras iniciativas do gênero.

Vegannezando: da roupa à comida, nada à venda tem origem animal
Vegannezando: da roupa à comida, nada à venda tem origem animal – (Allan Zeca Vieira/Divulgação)

Após o retorno da Babilônia, no fim de 2020, o número de frequentadores disparou — cerca de 5 000 pessoas circulam por lá a cada fim de semana. “A primeira edição da retomada parecia véspera de Natal, as pessoas querendo muito estar ali e consumir”, conta o idealizador e diretor Robert Guimarães.

Por fim de semana, são cerca de setenta expositores gastronômicos e 130 marcas autorais, incluindo algumas grifes que deram o pontapé inicial durante a pandemia e estavam trabalhando apenas com vendas on-line.

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“É ótimo finalmente ter um feedback do público e observar de perto a reação dos consumidores”, afirma Gabriela Osório, 26 anos, da grife de moda praia Panauê, que estreou seu estande em dezembro.

Os bons ventos também chegaram com a adoção de outros segmentos. A nova ala da Babilônia, batizada de Hype Conexão, passou a reunir expositores focados em bem-estar e qualidade de vida, além de uma tenda com práticas gratuitas de ioga, thetahealing e reiki.

“Percebemos que o tema virou objeto de preocupação de muita gente, então decidimos trazer essa tendência para dentro da programação”, explica Robert Guimarães.

A retomada das atividades ao ar livre tem proporcionado uma boa chance para encontros, como não se via há tempos. “Fiquei séculos sem encontrar minhas amigas e voltamos agora a nos juntar em locais abertos, muito mais seguro do que em um restaurante”, dizia Gabriela Dore, 33 anos, enquanto curtia mais uma edição da Junta Local, na Praça Santos Dumont, na Gávea.

Criada em 2014, ela voltou à rua em outubro, com um calendário agitado e levando ao público um cardápio de escolhas para gostos distintos, como itens de pequenos produtores de alimentos, de bebidas e de beleza natural, entre outros de fabricação artesanal.

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Desde o regresso, a feira já peregrinou por um circuito que inclui a Marina da Glória, a Praça Santos Dumont, os jardins do Museu da República, no Catete, o pátio do shopping Downtown, na Barra, e as praças Cláudio Coutinho, no Leblon, e Marechal Âncora, no Centro.

As feiras seguirão fervilhando, fincadas em um calendário mais fixo a partir do Carnaval e conquistando espaços na cidade. Um deles será o Moinho Fluminense, sede da Junta Local, no bairro da Gamboa, onde a preocupação é realizar eventos integrados à população do entorno.

As novidades abrangem ainda edições temáticas, como a Mar Próximo, voltada para produtos que vêm do mar, além de feiras dedicadas à culinária afro, alimentos fermentados, vinhos naturais, cafés, cervejas artesanais — tem de tudo um pouco.

“Nosso propósito é fazer parte do cotidiano dos bairros, como um lugar para comer bem, conhecer coisas diferentes, encontrar amigos e, principalmente, convidar os cariocas a ocupar as ruas”, reforça Thiago Nasser, um dos fundadores da Junta.

O calor humano, as cangas estendidas na grama, as cadeirinhas de praia espalhadas reforçam o papel das feiras como palco de troca e convivência. Estavam fazendo falta.

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