Continua após publicidade

Unindo residência e lojas, fachada ativa beneficia moradores e pedestres

Incentivada pela legislação atual, proposta que integra espaços residenciais e pontos comerciais se espalha pela cidade

Por Marcela Capobianco
21 jun 2024, 06h00
O edifício Essência, recém-entregue na Rua Juquiá, no Leblon: dezenove lojas na calçada
Edifício Essência, recém-entregue na Rua Juquiá, no Leblon: dezenove lojas na calçada (./Divulgação)
Continua após publicidade

Bem de frente ao caótico vaivém do Largo do Machado, repousa a discreta Rua Arno Konder e avista-se uma vasta oferta de serviços que, até três anos atrás, nem sequer existiam. O cenário é outro desde agosto de 2021, quando abriram por lá uma filial do supermercado Zona Sul, um ponto da padaria artesanal Primavera dos Pães e a cevicheria Calamares, além de sapataria, ótica, café e até uma clínica médica.

+ Falta de fiscalização e leniência de tutores explicam recentes ataques de pitbulls

A revitalização da área, logo atrás do tradicional cinema São Luiz, foi possível graças ao projeto do condomínio Ícono Parque, erguido entre as ruas Machado de Assis e Dois de Dezembro, que apostou na chamada fachada ativa — fórmula que integra imóveis residenciais e comerciais no mesmo empreendimento, oferecendo conveniência não apenas para os moradores, mas para gente de toda a região.

“Dessa forma, valorizamos o prédio e incentivamos a interação das pessoas com a calçada”, afirma, em nota, o Opportunity Imobiliário, responsável pelo condomínio de 416 apartamentos. O projeto, em parceria com a SIG Engenharia, conta com 48 lojas, 85% delas ocupadas.

+ Fundos estrangeiros e nacionais investem firme no Rio de Janeiro

Esse modelo se expande sob o estímulo do novo Plano Diretor, sancionado pelo prefeito Eduardo Paes em janeiro, que concede incentivos a quem incluiu a fachada ativa em seu empreendimento, desde que a área comporte residências e comércio (veja a entrevista abaixo). “É algo pensado desde a concepção do projeto. Muitas vezes, lojas geram maior interesse por parte de compradores, quando comparadas a apartamentos no térreo”, explica Gabrielle Calcado, gerente comercial da Mozak, que acaba de entregar o Essência, no Leblon, com dezenove lojas justamente no primeiro piso.

Continua após a publicidade

+ Vinhedos brotam na região serrana, atraindo investimentos e turistas

Não basta, porém, dispor de serviços — é vital entender as reais aspirações locais. “Não adianta implementar lojas numa avenida em que os carros circulam a 100 quilômetros por hora. Também é preciso ter cuidado para que um bar na calçada não se torne um tormento”, pondera Alain Deveza, head de negócios da Living, braço da RJZ Cyrela focado em imóveis de médio padrão. No Cachambi, próximo ao NorteShopping, o empreendimento Only by Living, com inauguração prevista para 2026, contará com três espaços comerciais no térreo.

O urbanismo moderno caminha nessa direção, a exemplo de Paris, que vem implantando o conceito “cidade de 15 minutos”, idealizado por Carlos Moreno, especialista da Universidade de Sorbonne. A prefeitura da Cidade Luz canalizou uma verba de 300 milhões de euros para disseminar o projeto, cuja essência é oferecer às pessoas, a esse curto tempo de caminhada, acesso a lazer, trabalho e serviços, evitando pegar carro e transporte público.

+ Paulo Wanderley, do COB: “O objetivo em Paris é superar Tóquio”

Continua após a publicidade

A derrubada dos muros entre o residencial e o comercial no Rio é o primeiro passo para a implantação da iniciativa parisiense, trazendo movimento às calçadas e, por consequência, mais segurança a toda a área. “Uma região em plena transformação, como o Centro, pode se beneficiar muito da fachada ativa.

Certamente vai existir demanda por serviços e conveniência não só no horário comercial”, aposta Leandro Begara, diretor de inteligência de mercado da Urban Systems, consultoria de desenvolvimento imobiliário. É o mercado carioca se renovando sob o embalo dos novos ventos.

+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui

“Um bom empurrão”

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio (Sinduscon-Rio), Claudio Hermolin analisa os incentivos fornecidos pelo novo Plano Diretor

Continua após a publicidade
Claudio Hermolin
(Sinduscon-RJ/Divulgação)
Compartilhe essa matéria via:

Como a nova legislação irá beneficiar o setor? É, sem dúvida, um marco positivo para a construção civil, uma vez que orienta de forma clara como o mercado pode se desenvolver, ao simplificar a regulamentação, prover incentivos e revogar decretos que não fazem mais sentido hoje em dia. Assim, acredito que atrairá mais investimentos.

Quais decretos foram revogados? Um dos mais importantes é o que derruba a obrigatoriedade de garagem em prédios residenciais. Nem todo mundo precisa de carro nos tempos atuais, e construir estacionamento envolve alto custo. Essa mudança pode baixar o valor de uma obra em até 12%.

Continua após a publicidade

As fachadas ativas devem crescer? Com certeza. Nos empreendimentos que combinam moradia e serviço, a área das lojas não será computada como parte do empreendimento, diminuindo os tributos. É como se aquela metragem fosse um brinde para quem vai construir.

Em que medida o Plano Diretor dá um empurrão à revitalização do Centro? Ele reforça o Reviver Centro 1 e 2, e as expectativas estão elevadas. O ano de 2024 vai ser um bom divisor de águas para a região, com oito residenciais entregues. Os moradores vão chegar e, com isso, observaremos a nova dinâmica da região.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.