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Projeto da Fiocruz que reduz transmissão da dengue é expandido no Rio

Mosquitos Aedes aegypti modificados com a bactéria Wolbachia serão liberados no Centro, Caju e Ilha de Paquetá

Por Paula Autran
2 abr 2024, 15h44
Técnica australiana: vírus não se desenvolve nos mosquitos nem em seus descendentes
Técnica australiana: após receber injeção da bactéria do bichinho da fruta, vírus da dengue não se desenvolve nos mosquitos nem em seus descendentes  (Flávio Carvalho/Fiocruz/Divulgação)
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Dez anos após uma primeira tentativa, a Secretaria municipal de Saúde (SMS), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program Brasil (WMP Brasil), dá início a uma nova etapa da expansão do Método Wolbachia na cidade do Rio nesta terça (2): Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, um microorganismo presente na chamada mosquinha da fruta, serão liberados no Centro, Caju e Ilha de Paquetá. A tecnologia biológica tem se mostrado eficaz na redução dos casos de dengue, zika e chikungunya em cidades brasileiras como Niterói e em mais 13 países.

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Criado na Austrália e conduzido no Brasil pela Fiocruz, em parceria com os governos locais, o Método Wolbachia consiste em injetar esta bactéria de nome pomposo nos Aedes aegypti. A Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos, apelidados de Wolbitos, contribuindo para redução da incidência destas doenças. Uma vez contaminada, a fêmea do mosquito – que é quem transmite as arboviroses – é capaz de transmiti-la a todos os seus descendentes, mesmo que se acasale com machos sem a bactéria. Além disso, quando apenas o macho tem a Wolbachia, os óvulos fertilizados morrem. Dessa forma, a bactéria passa a ser transmitida naturalmente para as novas gerações de mosquitos.

O método foi trazido ao Brasil pelo engenheiro agrônomo Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz, há dez anos. Literalmente. Com as aprovações regulamentares, ele desembarcou carregando de 5 a 10 mil ovos importados – montante que cabia num envelope. Em Niterói, o projeto se iniciou como um piloto na área de Jurujuba e se espalhou para todo o município, resultando em resultados positivos: estudos apontaram redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção. Na Austrália, onde foi criado, o método levou à uma redução de 96% nos casos de dengue. Em quatro anos, a Indonésia também apresentou resultados positivos, com 77% de queda dos casos. Na cidade do Rio, no entanto, a iniciativa, que começou em 2014, na Ilha do Governador, não foi adiante na ocasião.

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Para ampliar o projeto e levá-lo para além dos dez municípios em que já vinha sendo desenvolvido, Moreira ressalta a importância da construção de uma nova e grande biofábrica, anunciada no ano passado como fruto de uma parceria do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) com a Fiocruz e o WMP. Ela será capaz de produzir até 100 milhões de ovinhos por semana.

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