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Perdido no espaço

O planetário do Rio sofre com a falta de manutenção dos aparelhos e recebe críticas até de seu próprio presidente

Por Carla Knoplech
Atualizado em 5 dez 2016, 15h51 - Publicado em 16 dez 2011, 20h25

Com suas incontáveis atrações ao ar livre, o Rio não apresenta a mesma variedade em ambientes fechados. Quando chove, e infelizmente isso tem acontecido com muita frequência, os pais ficam descabelados à procura de um bom programa para fazer com as crianças. Em ambiente coberto, claro. Entre os poucos disponíveis, o Planetário da Gávea costumava ser uma ótima pedida. Com seus três pavimentos e voltado para um público de ampla faixa etária, o complexo é um polo fundamental para a difusão da astronomia na cidade ? e, até pouco tempo atrás, podia-se passar ali horas divertidas com os pequenos. Chamam atenção as cúpulas para a exibição de filmes sobre o espaço sideral. Batizada com propriedade de Galileu Galilei, a menor delas recentemente passou por uma reforma orçada em 1,5 milhão de reais. Pena que tenha sido uma iniciativa isolada. Basta sair dessa sala oval e entrar no setor de exposições do Museu do Universo para constatar a situação precária da instituição, que tem diversos aparelhos avariados. ?A maioria dos experimentos aqui já deu o que tinha que dar?, reconhece Celso Cunha, presidente da Fundação Planetário, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura. ?Está mais do que na hora de trocarmos essa infraestrutura.?

Criado em 1970, o espaço se propõe a divulgar a ciência de uma forma lúdica e tem a seu favor um tema que aguça a curiosidade geral desde os povos primitivos. Só que esse potencial não é devidamente aproveitado. Com as crianças e os jovens cada vez mais afeitos a engenhocas eletrônicas de última geração, a maior parte dos equipamentos do planetário vai na contramão da modernidade e se baseia no princípio mecânico. Seu maior pecado, no entanto, é a falta de conservação dos aparelhos, que ajudam a explicar as fases da Lua, as estações do ano e o movimento das marés. Logo na entrada, a luneta usada para identificar as estrelas em uma maquete está quebrada. O mesmo acontece com o monitor que projeta a explosão do Big Bang e com a balança que indica o peso da pessoa em Saturno, levando em consideração a força da gravidade naquele planeta. Ao todo, oito dos seus 56 experimentos interativos não funcionam.

Não é preciso viajar pela Via Láctea para encontrar um modelo que bem poderia inspirar o planetário da nossa cidade. Fundado em 2000, o Rose Center, em Nova York, é uma extensão do Museu Americano de História Natural e em pouco tempo se tornou um dos mais concorridos pontos turísticos dos Estados Unidos. Lá, o visitante tem tudo para se sentir um personagem de filme de ficção científica. Parte do piso é feita de granito preto pontilhado de cristais, um verdadeiro chão de estrelas que dá a sensação de estar flutuando. Na cúpula, de 27 metros de diâmetro e com projeção em três eixos, é possível enxergar 9?000 corpos estelares. Em outro lance hollywoodiano, a narração do filme de boas-vindas ao visitante cabe ao ator Tom Hanks. Talvez seja impossível competir com os astros e os recursos do congênere nova-iorquino, mas o Museu do Universo também não pode ficar perdido no espaço.

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