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Como o mundo dos negócios está se adaptando aos novos tempos

Uma turma de empreendedores corre para se reinventar em meio à crise e o resultado surpreende: eles estão muito bem, obrigado

Por Fabio Codeço
Atualizado em 5 jun 2020, 18h11 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00
Drive-in: depois do cinema, cantores e bandas se aventuram nos espaços ao ar livre (Reprodução/Internet)
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A crise deflagrada pelo novo coronavírus imprensou a economia, fez com que muitos negócios fossem fechados e obrigou outros a buscar caminhos para a sobrevivência e a se reinventar. Essa capacidade de adaptação em meio à pandemia é decisiva agora e continuará a ser depois dela, uma vez que o mundo não sairá o mesmo do atual tsunami.

Antes da quarentena, medida vital para frear a curva de contágio, apenas uma de cada quatro empresas sediadas no Rio possuía e-commerce, segundo levantamento da Fecomércio. Pois aquelas que estavam de fora do comércio virtual tiveram de aderir a ele rapidamente, em um esforço que envolveu aprendizado e investimento. “As empresas precisaram se ajustar e correr para adquirir tecnologia. Podemos dizer que avançamos uns dez anos em quarenta dias”, afirma o presidente da federação, Antonio Queiroz.

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Há muitos exemplos na cidade de gente que vem demonstrando elevado senso de oportunidade. Junto com seus sócios na rede T.T. Burger, que precisou suspender o atendimento em suas cinco lojas por causa do isolamento, o chef Thomas Troisgros acaba de inaugurar uma hamburgueria inteiramente digital. Lançada em 12 de maio, a Três Gordos opera seis dark kitchens (cozinhas montadas apenas para delivery) em diferentes bairros – embora o endereço não seja tão relevante, já que as vendas são virtuais.

Também o menu se amoldou aos novos tempos, podando os preços. “Vamos oferecer um produto mais simples e barato, que alcance mais gente”, conta Troisgros. A crise acelerou o projeto, posto de pé em duas semanas e já planejado para operar no que deve ser o novo normal. O transporte dos funcionários é feito por vans da empresa, equipes de até cinco pessoas por cozinha se revezam em dias alternados e protocolos de higiene são seguidos com disciplina.

Os negócios, já se sabe, terão de levar em conta conceitos que emergem com a pandemia, como distanciamento social, restrições no trânsito das pessoas de modo a evitar aglomerações e uma severa cartilha de higiene e proteção à saúde. A consultoria americana Bain & Company, que tem escritório no Rio, fez um estudo global que observou a trajetória de diversos setores nas primeiras semanas de quarentena pelo mundo, inclusive no Brasil.

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O economista Gabriel Pinto: “A habilidade para reagir diante do imprevisível é o que nos diferencia” (Divulgação/Veja Rio)

Entre os que mais cresceram – e que segundo a consultoria seguirão em rota ascendente pós-coronavírus – estão o ensino à distância, as áreas de nutrição e saúde e a telemedicina (a lei que regulamenta a atividade foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em abril). Para dar um exemplo local de negócio impulsionado pela realidade pós-vírus, a startup carioca Conexa Saúde, que oferece soluções tecnológicas a médicos, pacientes e empresas, conseguiu no mês de março cravar um número de clientes que era esperado para o ano todo.

E não foi a única. Outro segmento que se engrandeceu nestes tempos de confinamento foi o de entretenimento on-line – plataformas de streaming como Netflix nunca foram tão requisitadas (uma breve medida disso: a empresa americana registrou 15,8 milhões de novos usuários no primeiro trimestre de 2020, o dobro do que era previsto). Com o lazer transferido para o lar, Juliana Brittes, dona de uma agência virtual que fazia a ponte entre contratantes e artistas para shows ao vivo, teve de se mexer.

E acabou descobrindo, como tanta gente, o inesgotável universo das lives. Ela criou uma plataforma, a Sound Club Live, para que artistas, sobretudo aqueles sem o patrocínio de grandes marcas, conseguissem ser remunerados pelas exibições a distância. “Funciona à base de doações voluntárias ou de um couvert artístico, como o dono da live preferir”, explica Juliana, que ganha um porcentual por apresentação.

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Às vezes, soluções antigas têm sido a resposta para os problemas de hoje. Produtor de eventos, área entre as mais afetadas pelo isolamento, André Barros embalou na onda mundial e desenterrou o drive-in. Desde 28 de maio ele comanda na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, o LoveCine, um cinema a céu aberto onde a plateia assiste aos filmes na segurança de seu automóvel. Com capacidade para 180 veículos (e até cinco pessoas por carro) e com duas a três sessões diárias, o projeto, fruto de um investimento de 500 000 reais, segue com a programação a toda até 28 de junho.

“Neste momento de distanciamento social, esse é um tipo de encontro possível”, diz Barros. Com o intuito de evitar filas e aglomerações, a compra de comida e bebida é feita por aplicativo e entregue na janela do veículo. Para o Dia dos Namorados, ele planeja um festival batizado de We Live Rio, que terá como cenário o cartão-postal do Pão de Açúcar e oferecerá shows e uma série de atrações simultâneas. Mas calma lá: será tudo sem público, transmitido via internet.

A crise tem acelerado o desenrolar da chamada Quarta Revolução Industrial, termo cunhado pelo alemão Klaus Schwab, diretor e fundador do Fórum Econômico Mundial,  para definir a transformação radical que novas  tecnologias vão impor ao mundo, mudando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em um momento em que, de acordo com estudos, 60% das profissões no Brasil estão vulneráveis diante do avanço da digitalização, as pessoas terão de exercitar capacidades como resiliência e o poder de se recolocar na nova ordem.

Autor do livro Passaporte para o Futuro, lançado em maio, o economista e especialista em mercado de trabalho Gabriel Pinto enfatiza que à humanidade caberá exercer a criatividade em grau extremo. “A habilidade para reagir diante do imprevisível e do inusitado nos diferencia de forma importante das máquinas”, observa ele. Conhecido por saber dançar conforme o samba, o carioca tem tudo para se sair bem neste admirável mundo novo.

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Crise, que crise?
Seis setores que estão avançando nos tempos de pandemia e devem seguir crescendo depois dela

Ensino à distância
Mais baratos, os cursos virtuais de graduação ou mesmo livres têm tudo para continuar se expandindo diante da necessidade de reinvenção profissional

Entretenimento on-line
Com cinemas, teatros e casas de show fechadas, as plataformas de streaming se tornaram grandes aliadas da população confinada. Só a Netflix registrou mais de 15 milhões de novos usuários no primeiro trimestre deste ano

Ferramentas para trabalho remoto
Aplicativos de videoconferência, como o Zoom, foram a saída encontrada paras as reuniões que acontecem durante o home office e estão aí para ficar, visto que cada vez mais gente vai despachar de casa

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Nutrição e saúde
Negócios de alimentação saudável, percebida como fortalecedora da imunidade e aliada contra doenças, estão
em alta, assim como aplicativos de exercícios e bem-estar, especialmente os de ioga e meditação

Telemedicina
Recém-regulamentada, a prática promove o exercício da medicina por meio de tecnologias — seja para assistência, pesquisa, prevenção ou promoção de saúde — e assim ajuda a desafogar o esgarçado sistema hospitalar

Plano de saúde e seguro de vida
A ameaça do novo coronavírus fez com que as pessoas corressem atrás de meios para se resguardar e para proteger o próximo

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