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Caso Marielle: Chiquinho Brazão chama delação de Lessa de ‘fantasiosa’

Preso, deputado acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora enfrenta processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara

Por Da Redação
8 ago 2024, 14h50
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Chiquinho Brazão: 'Embarcar na fantasiosa estória de um homicida confesso certamente será uma das mais imponentes contribuições da Câmara dos Deputados para a injustiça e a desvalorização da presunção de inocência', alega defesa. (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Divulgação)
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A defesa do deputado Chiquinho Brazão (sem partido) apresentou nesta quarta (7) ao Conselho de Ética da Câmara as alegações finais no processo que pode levar à cassação de seu mandato. Os advogados reforçam que Brazão, acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), é inocente. E tentam descredibilizar a delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, que o incriminou ao expôr detalhes do crime em troca de benefícios no cumprimento da pena.

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“Embarcar na fantasiosa estória de um homicida confesso certamente será uma das mais imponentes contribuições da Câmara dos Deputados para a injustiça e a desvalorização da presunção de inocência”, dizem as alegações apresentadas pelo deputado. A defesa do parlamentar se valeu de um argumento do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), em um processo que livrou André Janones (Avante-MG) de punição, para pedir a rejeição do processo. “Em linha gerais, concluiu o eminente Deputado Guilherme Boulos, no que foi acompanhado pela maioria do Conselho de Ética, que não há justa causa para a representação quando o fato imputado é anterior ao mandato”. Marielle e Anderson foram assassinados em 2018 e Brazão assumiu o mandato em 2019.

“Em face do exposto, seja por dever de isonomia, seja por observância aos precedentes deste Conselho de Ética, é necessário reconhecer a improcedência da representação porque os fatos imputados ocorreram antes de o defendente assumir o mandato de deputado, não havendo como se falar em decoro parlamentar se não havia mandato à época”, diz o documento. É nas alegações finais que a defesa do deputado apresenta seus últimos argumentos. Na sequência, a relatora apresenta seu parecer e o caso é votado no Conselho. A decisão do colegiado ainda será submetida ao plenário da Casa.

Relembre o caso:

Chiquinho Brazão foi preso junto com seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, também apontado como um dos mandantes do crime. Segundo a Polícia Federal, a motivação seria a oposição da vereadora a um Projeto de Lei Complementar (PLC), de autoria de Brazão, que permitia legalizar construções irregulares em terrenos nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá. Esses bairros ficam na Zona Oeste do Rio, em uma região de interesse da milícia. A primeira votação do projeto foi em maio de 2017. Apesar dos votos contrários de Marielle e de outros vereadores do Psol, o projeto foi aprovado.

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Uma nova versão foi votada em novembro de 2017 e novamente recebeu voto contrário de Marielle. Segundo a PF, Chiquinho reclamou do voto da vereadora, “demonstrando irritação fora do comum e jamais vista”, de acordo com o depoimento de assessores.

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A defesa de Brazão alega que a iniciativa de regularização fundiária dos bairros vai contra os interesses da milícia, e negou vínculo do deputado com milicianos, o que ele mesmo já havia feito em depoimento ao Conselho de Ética por videoconferência, em julho, diretamente da prisão. A defesa também apontou que Marielle não tinha vínculo forte com a questão fundiária e que essa tese de motivação não se sustenta. Os advogados alegam que Marielle Franco não tinha a pauta fundiária como um dos focos de seu mandato.

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