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Nova milícia, lucro de R$ 100 milhões: detalhes de delação de Ronnie Lessa

Assassino confesso de Marielle Franco 'ensina' como grupos paramilitares agem para 'legalizar' terrenos invadidos

Por Da Redação
Atualizado em 27 Maio 2024, 13h28 - Publicado em 27 Maio 2024, 13h28

Na delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, “ensinou” como paramilitares agem após invadir uma comunidade no Rio a fim de “legalizar” terrenos e evitar problemas com moradores e proprietários. Segundo Lessa, há um despachante conhecido como Geleia, cujo nome ainda não foi divulgado, que costuma fazer este serviço em 15 dias, pois teria acesso a cartórios. A vereadora teria sido morta a mando dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão por causa de problemas fundiários.

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“Ele é uma espécie de despachante. É um dos caras que faz a ‘legalização’ da grilagem. O que eu quero dizer com a legalização entre aspas? O Geleia simplesmente fala assim: tá pronto, já tem o projeto topográfico, o projeto do loteamento tá aqui, pronto. Pronto que eu digo é a nível de papel, os documentos ainda, tá? Antes de botar qualquer máquina. Então, para botar a máquina, já vamos fazer um documento? Vamos. Quanto vai ser isso? Aí ele vai cobrar o preço dele: R$ 50 mil, R$ 100 mil. É de acordo com o tamanho do terreno que ele vai te cobrar, vai te fazer o preço, tá? Ele tem os acessos, ele levanta tudo o que o senhor imaginar”, disse Lessa, conforme publicado pelo site g1. Trechos da delação foram mostrados em primeira mão pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (26). Na ocasião, o ex-policial admitiu ter praticado o crime que resultou nas mortes de Marielle e Gomes. Em duas horas de depoimento gravado, Lessa fala quem são os mandantes, o que receberia pelo crime e o destino da arma usada em 14 de março de 2018.

“Então, se eu cismar de entrar numa terra hoje, e não houver resistência, em 15 dias eu já mando fazer um documento. Não tem resistência, ninguém apareceu. Primeira coisa, limpa o terreno; quando limpar o terreno, se existe um dono e ele não mandou limpar, esse dono vai mandar alguém ver: ‘Quem é que tá mexendo no meu terreno?’ Isso é óbvio. Então, quando você limpa, o primeiro passo da grilagem: limpou o terreno. Ninguém mexeu, ninguém botou a cara? Tu continua. Aí tu começa a botar cerca de arame farpado. Ninguém se manifestou? Tu já pode chamar o Geleia ou o Panaro. A atuação deles é muito maior ali, Muzema, Tijuquinha e Rio das Pedras”, completou o delator, que também chamou a atenção para a importância do trabalho de um topógrafo realize serviços como checar se o terreno é estável, se passa água embaixo e se há risco de deslizamento. O profissional também indica onde cavar as estacas de um imóvel, providencia nivelamentos e calcula muros de contenção. Ainda de acordo com Lessa, um homem a quem chama apenas de Belém no depoimento tem uma empresa legal de topografia e que, entre os clientes, estão criminosos. “Ele trabalha para todas as milícias. Gardênia é área de milícias ali de Jacarepaguá. Ele pode fazer um trabalho para mim lá em Angra, como pode fazer para uma empresa”, contou o ex-policial, em um dos pontos da delação.

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Nas investigações, a Polícia Federal (PF) conseguiu identificar Anderson Pereira Belém como o topógrafo que realizou os serviços praticados para Lessa. Belém não foi indiciado pela PF nem denunciado pelo Ministério Público. “Ele sempre trabalhou para a milícia. Todos os milicianos ali que queriam fazer um loteamento era com o Belém [que faziam o trabalho]. Porque, na verdade, ele era um profissional, ele vai trabalhar para todo … pra qualquer um. Qualquer pessoa que chamar ele vai fazer, ele vai dar a planta lá, ele vai … faz aquele … aquele, as plantas que são. O projeto em si, né? E entrega. A empresa dele é legal. Ele é um profissional liberal. Então ele faz rindo… Por quê? Porque ele tá ganhando o dinheiro dele e não quer saber pra quem tá fazendo. Ele quer fazer”, contou. No relatório, encaminhado ao STF, os investigadores descobriram que Lessa soube por Belém que o deputado federal Chiquinho Brazão estava convocando pessoas para uma audiência pública sobre regularização de condomínios irregulares e loteamentos no Rio de Janeiro.

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