Ele estudou arranjo, contraponto e piano, mas, ainda adolescente, enveredou por uma mistura de música e humor que já o ocupa há mais de meio século. Aos 73 anos, Juca Chaves, um divertido intérprete de causos e canções, está em cartaz com o espetáculo Finalmente Em Pé… Quase!, no Teatro dos Grandes Atores. Nos planos, novas zombarias contra os poderosos de plantão e um livro – Juca Chaves: Sonetos, uma compilação de textos de humor e amor.
A sátira política é uma marca do seu repertório desde os tempos de Juscelino Kubitschek. A atual safra de autoridades públicas é inspiradora? É isso que eu faço! A primeira sátira que eu fiz foi em 1956, assim que o governo JK começou. No ano seguinte, compus Presidente Bossa Nova, que foi um sucesso. Meu novo trabalho é uma releitura de Take Me Back To Piauí (sucesso do músico dos anos 70), uma ironia com o fim do mundo, justamente sobre política. A letra diz: ?Será no mês de dezembro, 21/Em outubro, se me lembro, a eleição virá, sorria/Deputado Tiririca, um filósofo profundo, disse um dia: pior que tá não fica!/E ficou/É o fim do mundo!?
Um dos seus bordões é ?ajude o Juquinha a tomar champanhe e comer caviar?. A plateia vem colaborando? Já colaborou bastante. Deu para comer bastante caviar e tomar champanhe quando os dois eram mais baratos. Hoje não tenho mais esse dinheiro todo. Se o público ajudar… volto a comprar! Mas ainda me saio bem. Só não posso deixar de notar que a cultura no Brasil anda mal, no teatro, na música, no humor. O público jovem de hoje está aculturado, só gosta de cerveja e b…!
Por que você escolheu Salvador para viver, depois de ter passado por São Paulo e Rio? Eu estou deixando a cidade. Os governos estadual e municipal arrebentaram Salvador. Sou um baianófilo, criei minhas filhas e vivi 29 anos lá, mas vou esperar essas gestões passarem e torcerei para aparecer uma turma mais jovem e interessada. Mantenho minha casa com cascata em Itapuã, mas, por enquanto, fico em São Paulo, uma cidade que me dá oportunidades e guarda muito do meu passado.