A razão de Nuno Ramos
A Caixa Cultural exibe uma curiosa instalação feita pelo polêmico artista paulistano
Ideias mirabolantes de execução complicada costumam embasar as instalações do paulistano Nuno Ramos. O exemplo mais eloquente foi Bandeira Branca, polêmico trabalho exibido na Bienal de São Paulo em 2010, com três urubus vivos confinados em uma espécie de viveiro. Mais recentemente, há dois anos, ele ocupou 200 metros quadrados da Anita Schwartz Galeria de Arte, na Gávea, com uma obra insólita: dois globos da morte, daqueles de circo, conectados a quatro estantes de 6 metros de altura contendo mais de 1?500 objetos, arrumados nas prateleiras nos primeiros dias da mostra e depois espatifados no chão após uma performance de motoqueiros que trepidou toda a estrutura. Intitulada Hora da Razão, sua nova criação nessa linha poderá ser vista a partir de quarta (22) na exposição homônima na Caixa Cultural. Trata-se de uma instalação composta de três estruturas de vidro que representam lápides, cobertas por um material viscoso semelhante a piche, que parece escorrer também sobre o piso da galeria. Dentro dessas formas geométricas vazadas, monitores de vídeo apresentam o músico Rômulo Fróes, o artista plástico Paulo Climachauska e a cantora Nina Becker entoando o samba Hora da Razão, de Batatinha (1924-1997). Completam a obra, em seu entorno, 78 desenhos inéditos da série Munch, criados com folhas de ouro, prata e bronze, tinta a óleo e carvão sobre papel, inspirados no pintor norueguês Edvard Munch.
Caixa Cultural – Galeria 4. Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 3980-3815, ?Carioca. Terça a domingo, 10h às 21h. Grátis. Até 9 de março. A partir de quarta (22).