Funcionários que abordaram Vilma Nascimento são demitidos de aeroporto
Após apuração interna, empresa entendeu que não houve furto, e que Vilma, de 85 anos, foi acusada injustamente
Os funcionários que abordaram Vilma Nascimento, lendária porta-bandeira da Portela, foram demitidos pela Dufry Brasil. Em uma abordagem com características racistas, a baluarte teve que retirar seus pertences da bolsa para provar que não tinha furtado nada da loja do Aeroporto de Brasília, no último dia 21. Em nota, a empresa diz que apurou internamente a situação e decidiu pela demissão dos envolvidos por “quebra dos protocolos da empresa”. A Dufry entendeu que não houve furto, e que Vilma, de 85 anos, foi acusada injustamente. “A Dufry repudia veementemente qualquer tipo de discriminação por raça, gênero, orientação sexual, religião, idade ou deficiência”, destaca a empresa, que afirma ter pedido desculpas pessoalmente pelo constrangimento sofrido por Vilma e sua filha Danielle Nacimento, que a acompanhava.
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Vilma e Danielle estavam voltando para o Rio depois que a porta-bandeira recebeu uma homenagem na Câmara dos Deputados no Dia da Consciência Negra. Segundo parentes, as duas aguardavam o voo no aeroporto de Brasília quando decidiram comprar um refrigerante na loja Duty Free Shop. Elas já haviam estado no estabelecimento vendo perfumes, quando retornaram. Foi neste momento que Vilma foi abordada por uma segurança, que teria dito que precisava ver a bolsa dela em um lugar reservado. A filha já havia comprado chocolates, e contou que também chegou a ser abordada, mas que a fiscal queria que sua mãe abrisse a bolsa. Vilma chegou a dizer que faria isso na presença da polícia, mas a filha começou a gravar e diz que insistiu que ela abrisse por causa da proximidade com a hora da decolagem.
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“Eu, negra, estar la no Congresso, os deputados todos lá me aplaudindo, vindo falar comigo, me beijando, me agradecendo por eu estar lá. Foi lindo mesmo. E depois eu passar por essa vergonha no aeroporto“, disse Vilma, na ocasião. A porta-bandeira foi Estandarte de Ouro três vezes seguidas pela Portela (nos anos de 1977 a 1979), e uma pela Tradição, em 1989. Em 2014, foi homenageada pela Porto da Pedra como uma das Majestades do Samba, tema do desfile do ano. Em setembro de 2023, ela já tinha recebido uma Moção de Reconhecimento e Louvor na Câmara dos Vereadores do Rio. A baluarte parou de desfilar em 1982, mas serviu de exemplo e inspiração para a filha Danielle, porta-bandeira da União da Ilha do Governador, e para a neta Camyla, segunda porta-bandeira da Portela.