As premiadas imagens que mostram o avanço do mar sobre cidade no Rio
Fotógrafo carioca Felipe Fittipaldi conquista prêmios e bolsas com ensaio que mostra o distrito de Atafona, na cidade de São João da Barra, sendo "engolido"
O distrito de Atafona, na cidade de São João da Barra, no litoral norte do estado do Rio, há anos vem sendo “engolido” pelo mar, sem que haja a devida atenção do desastre ambiental. Especializado na cobertura de questões ambientais, o fotógrafo carioca Felipe Fittipaldi se sensibilizou com a história e, desde 2014, vem visitando e fotografando o local. Essa relação deu origem ao ensaio Eustasy.
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O nome do trabalho, “eustasia” em português, é o termo científico para a variação global no nível do mar ocasionada por alterações no volume oceânico. As imagens do rodaram o mundo ao serem publicadas na revista National Geographic, nos Estados Unidos, em 2021. Fittipaldi ganhou, então, uma bolsa para que pudesse dar continuidade ao projeto.
Em agosto deste ano, seu trabalho foi o grande vencedor do concurso World Report Award 2022, organizado anualmente na Itália pelo Festival Internacional de Fotografia Ética. O brasileiro foi selecionado entre 741 fotógrafos de 60 países.
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Ele também ganhou uma bolsa do festival The ISEM Prizes for Documentary Photography. Com o dinheiro, pretende fazer uma última expedição a Atafona. No próximo ano, também deve organizar uma exposição na cidade de Sète, na França, e publicar um livro sobre o ensaio Eustasy.
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O fotógrafo disse à revista Galileu que acredita seu trabalho chamou atenção porque o aumento do nível do mar está ocorrendo ao redor do mundo. Segundo uma estimativa publicada em 2019 na revista científica Nature Communications, 340 milhões de pessoas que vivem no litoral podem ser afetadas pelo avanço dos oceanos até 2050, chegando a 630 milhões ao final do século XXI.
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Atafona tem 6,7 mil habitantes que permanecem no lugar por não ter para onde ir. O avanço do mar sobre o território se agravou desde que o rio Paraíba do Sul foi desviado, na década de 1950, para abastecer uma parte do estado do Rio. As obras provocaram um rápido processo de erosão, que desequilibrou o delta do rio, além de destruir mangues e cerca de 80% da mata ciliar do curso d’água. Conforme o mar vai avançando e destruindo construções, a população do distrito vai se movendo para trás.
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O carioca mora em Vancouver, onde trabalha como fotógrafo do governo canadense, mas pretende continuar acompanhando o drama de Atafona e trazendo visibilidade para essa história.
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