Presente nas academias e bares: a febre dos adesivos está de volta

Surfando onda nostálgica, os colantes se espalham em feiras e eventos na cidade, trazendo autenticidade ao cotidiano dos cariocas

Por Carolina Ribeiro
2 Maio 2025, 06h22
Nova febre: Ilustradora Bea Brandão, 27, é colecionadora de adesivos
Nova febre: Ilustradora Bea Brandão, 27, é colecionadora de adesivos (Daniela Dacorso/Veja Rio)
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No final de março, durante a inauguração da filial do Bar da Frente em Copacabana, uma pequena multidão se enfileirou do lado de fora do estabelecimento. A despeito do chope gelado, dos porquinhos de quimonos e outras delícias produzidas por Mariana Rezende, a turma estava de olho mesmo em garantir uma nova leva dos adesivos de temática boêmia produzidos pelo administrador Marcos Bonder, 60 anos, personalidade do circuito etílico carioca. “Devagar também é velocidade”, “Copo russo não é americano” e “Molho à campanha não é vinagrete” são algumas das frases grafadas em preto sobre fundo amarelo grudadas em mesas, porta-guardanapos e geladeiras. Quem cresceu nos anos 1980 e 1990 se lembra bem da febre dos colantes, decorando, principalmente, janelas e agendas. Eis que, em 2025, essa mania está de volta – e repaginada. “É uma forma simples e acessível de imprimir um pensamento. As frases de efeito funcionam e todo mundo gosta”, observa Bonder, que já produziu mais de 10 000 unidades e ouviu falar que seus stickers rumaram para o México e o Japão. 

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Basta circular entre halteres e esteiras nas academias para perceber que imagens e frases também estão grudadas em garrafas de água. Laptops e celulares estampados dão cor às reuniões de trabalho. Pela rua, o item queridinho do momento adorna bicicletas, postes e placas por toda a cidade. O SXSW, festival americano de inovação que reúne as principais mentes pensantes do planeta, distribuiu adesivos aos participantes na edição deste ano. Já em terras cariocas, os colantes viraram tema de um festival que acontece na Rua Primeiro de Março, no Centro, na tarde de domingo (4). O coletivo Rio Stickers, em parceria com a equipe do Museu do Graffiti, vai promover uma oficina de adesivos criados a partir da serigrafia, técnica de impressão que permite gravar imagens ou textos em diferentes superfícies. As inscrições para pôr a mão na massa estão esgotadas, mas quem quiser assistir, pode chegar. A expectativa é produzir 5 000 unidades criadas por setenta artistas. “Quem aprende a fazer em casa consegue diminuir bem o custo. A minha relação não é comercial, mas de expressão artística”, pontua Leonardo Castilho, organizador do evento. 

Rio Stickers: coletivo reúne artistas e grafiteiros para colar adesivos nas ruas
Rio Stickers: coletivo reúne artistas e grafiteiros para colar adesivos nas ruas (./Divulgação)
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A plataforma Colab55, que faz uma curadoria on-line de peças de papelaria de artistas independentes, dispõe de 70 000 modelos, de figuras de frutas a mensagens políticas, com preços entre 6 e 10 reais. No primeiro trimestre de 2025, os colantes responderam por 48% do total de vendas. “É um jeito barato de personalizar a vida, deixando tudo mais autêntico”, opina Barbara Veloso, 41, co-fundadora do e-commerce. Outro fator que entra nessa conta é a memória afetiva. “Cultivo esse hábito desde criança, então existe uma relação nostálgica envolvida”, afirma a ilustradora Bea Brandão, 27, que costuma arrematar os adornos em feiras de impressos, especializadas em comercialização de gravuras, zines e publicações independentes e frequentadas por uma turma descolada ó trocadilho inevitável. “O adesivo é atemporal, sempre esteve por aí e hoje os consumidores desejam experimentar o que alguém já viveu e aprovou”, explica Bianca Dramali, professora de comportamento do consumidor da ESPM. Num mundo digitalizado ao extremo, o que é tátil tem valor inestimável.

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