Os eventos ligados a tecnologia e inovação vêm ventilando a paisagem carioca com boas ideias. Em abril, mais de 30 000 pessoas passaram pelo Riocentro, na Barra, para se inteirar das discussões do Web Summit Rio, uma das grandes feiras mundiais na área. O crescimento do público em comparação com 2023, o ano de estreia, foi de 61%, dando uma boa medida do ascendente interesse nestes dias. Entre uma palestra e outra — com figurões de distintos campos, como Gilberto Gil e Justina Nixon-Saintil, a vice-presidente da IBM —, a prefeitura selou acordos para a cidade que chegam à casa dos 200 milhões de dólares. Até 2028, mais desses encontros anuais já estão garantidos.
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Também a Rio Innovation Week mobilizou gente em torno do tema, levando, em agosto, ao Píer Mauá 185 000 pessoas movidas pelo tema “humanização em tempos de inteligência artificial”. O valor de negócios fechados ali superou 3,8 bilhões de reais. “A inovação é o motor do mundo, e depende da troca de ideias e de experiências”, define Roberto Kanter, professor dos MBAs de inovação da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Um dos pilares para a transformação do Rio em capital latino-americana da inovação é a atração de investimentos, e eventos como esses constroem pontes”, arremata Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico.
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Parceiro da prefeitura nas conversas que alinhavaram a versão carioca do Web Summit, o Senac percebeu que ainda era preciso furar bolhas e chegar a um maior contingente — afinal, são poucos que podem pagar os ingressos de até 1 000 reais, e a maioria dos painéis é em inglês. E assim, com o propósito de ampliar a plateia, nasceu o Senac Rio Summit, uma versão gratuita do Web Summit, com palestras 100% em português. A segunda edição vai ocupar o Expo MAG, na Cidade Nova, de 25 a 28 de setembro.
“Não existe tecnologia e progresso sem inclusão, e a educação é o único caminho para mudar a vida das pessoas. Nosso objetivo é evitar abismos”, defende Sérgio Ribeiro, diretor regional do Senac. “É essencial ver um estudante da rede pública tendo acesso a uma discussão de alto nível e enxergando um futuro profissional.” Entre os nomes confirmados nas mais de 200 rodas, estão o educador e filósofo Gabriel Chalita, a ex-diretora de educação da Microsoft Vera Cabral e Iana Chan, fundadora do projeto PrograMaria, cuja meta é aumentar a diversidade de gênero na tecnologia.
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O público do Senac Rio Summit é formado, em sua maioria, por estudantes do 8º e 9º anos dos ensinos fundamental e médio, além de alunos da própria instituição e jovens que não estudam nem trabalham. São esperadas mais de 200 caravanas de vários cantos do estado, e o principal da programação será transmitido ao vivo para unidades do Senac fora do Rio. O tema escolhido é alvo de um debate global: o futuro do trabalho em meio a tantas transformações justamente impulsionadas pela tecnologia.
“Estudos mostram que boa parte dos empregos do futuro nem sequer foi inventada. Existe um gap de mão de obra e, com mais informação, fazemos a nossa parte para preenchê-lo”, explica Sérgio Ribeiro. Os efeitos costumam ser rápidos. Em 2023, logo após o evento, as vagas do curso de fotografia com drone, oferecido em diversas unidades, se esgotaram em poucas horas e, hoje, há fila de espera por um lugar na sala de aula. Como escreveu sabiamente o músico pernambucano Chico Science (1966-1997), com seu jeito muito fácil de comunicar uma ideia: “Um passo à frente e você já não está mais no mesmo lugar”. Que todos caminhem longe.
Com a palavra, os especialistas
Ideias de palestrantes sobre inovação no próximo Senac Rio Summit
“Lançado há menos de quatro anos, o Pix vem revolucionando as formas de pagamento no Brasil, facilitando a vida de consumidores e pequenos empreendedores. Imagine se qualquer loja, bar ou ponto turístico pudesse aceitar também criptomoedas? Facilitaria muito a vida dos estrangeiros.”
Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras com blockchain com sede no Brasil e na Suíça, que defende que o Rio precisa se tornar uma cidade “financeiramente inteligente”
“Um carioca que é vendedor de balas no trem reúne características que eu considero a base do talento, como criatividade para se destacar nesse ambiente para encantar e vender. Em uma cidade plural, complexa e importante como o Rio, o empreendedorismo é, naturalmente, uma das forças e vocações, e deve ser incentivado.”
Genesson Honorato, psicólogo e diretor de inovação da Kuba, startup carioca de fones de ouvido
“Atualmente, as distrações estão dentro da sala de aula, e o professor não consegue competir com o celular, que responde a tudo de forma rápida e otimizada. A questão, para mim, não está na forma de dar aula, mas, sim, em como inserir o conhecimento. Precisamos olhar para os professores e a sua formação como docentes.”
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