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Eleições 2022: como resolver os principais problemas de segurança no Rio?

Candidatos ao governo do Rio apresentam suas propostas para o estado, que incluem mudanças nas polícias e volta da Secretaria de Segurança Pública

Por Paula Autran
5 set 2022, 15h08
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  • O campo é minado para os nove candidatos ao governo do Rio nas eleições deste ano, em outubro. No que diz respeito à segurança pública, a situação dos 92 municípios que compõe o estado é delicada, a começar pela cidades do Rio e da Região Metropolitana, incluindo a Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo. Em meio à expansão das milícias – segundo o Mapa dos Grupos Armados do Rio, de 2020, um em cada três moradores da capital fluminense vivem em bairros controlados por grupos milicianos -, outro problema apontado por especialistas é o número de mortes decorrentes de intervenções policiais, que chegou a 1.356 no ano passado. Um resultado que só fica atrás dos índices registrados em 2018, quando houve intervenção federal na segurança do Rio, e em 2019, recorde histórico, com 1.814 mortes. Em 2020, em plena pandemia, mesmo com uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringia operações policiais em favelas, foram 1.245 óbitos desse tipo.

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    A política do confronto policial deixa baixas que vão além das dos bandidos. De um lado, morrem cidadãos que muitas vezes nada têm a ver com os conflitos – inclusive crianças e pessoas abrigadas dentro de casa – por falta de preparo das polícias. De outro, policiais no exercício da profissão, em boa parte dos casos por falta de condições de trabalho, o que inclui as psicológicas.

    Claudio Castro, governador candidato à reeleição pelo PL, com oligação Avante/DC/MDB/PL/PMN/Podemos/PP/PROS/PRTB/PSC/PTB/Republicanos/Solidariedade/União Brasil - eleições 2022
    Claudio Castro, governador candidato à reeleição pelo PL, com oligação Avante/DC/MDB/PL/PMN/Podemos/PP/PROS/PRTB/PSC/PTB/Republicanos/Solidariedade/União Brasil – eleições 2022 (PL/Divulgação)

    Em defesa de sua candidatura à reeleição, o atual governador, Cláudio Castro (PL), que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, cita os investimentos que tem feito em segurança, na casa dos 700 milhões de reais, e os números positivos nos índices de criminalidade em todo o estado. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), um dos índices que vem caindo é o de  homicídios. “Estamos adquirindo mais veículos blindados com nível 3, e recuperando 25 delegacias e 55 batalhões. Tudo visando dar mais paz para o povo fluminense. Seguiremos trilhando esse caminho de valorização ao policial e investimentos em inteligência e recursos para melhorar o dia a dia de cada um”, diz ele. O governador lembra ainda que em sua gestão – de dois anos, desde que Wilson Witzel (PMB), de quem era vice, foi afastado do cargo por impeachment – o estado voltou a pagar o Sistema de Metas para policiais civis e militares, colocou mais de cinco mil câmeras de segurança nas fardas de PMs de 11 unidades da capital e levou o Segurança Presente a 40 localidades de 21 municípios e o Bairro Presente para mais de 30 áreas.

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    Na cola de Cláudio Castro nas pesquisas de intenção de voto, Marcelo Freixo (PSB) tem outra visão do problema. “A segurança pública tem dois braços. O braço policial e o braço social. Nós vamos ter uma polícia eficiente, bem treinada e bem equipada para botar bandido na cadeia. E vamos ter ação social para que nossos jovens tenham mais oportunidades através de qualificação profissional, atividades esportivas e culturais”, diz ele, que propõe a criação do projeto Bairro Prosperidade, com ocupação social nas áreas pobres do estado, a fim de dar oportunidades a esses jovens e melhorar a vida das famílias. “Sou professor e meu governo vai disputar o futuro da juventude. Quero nossos jovens dentro da escola, com livro na mão, aprendendo”, afirma.

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    Marcelo Freixo, candidato do PSB ao governo do Rio - eleições 2022
    Marcelo Freixo, candidato do PSB ao governo do Rio – eleições 2022 (PSB/Divulgação)

    Rodrigo Neves (PDT) defende um “choque de gestão” que inclua inteligência, planejamento, estratégia e valorização dos policiais militares, civis e demais servidores da Segurança Pública, para uma retomada gradual dos territórios dominados pela milícia e pelo tráfico de drogas. “A insegurança nas ruas aumentou ainda mais com a fome e o desemprego. Em São Gonçalo, a segunda maior cidade do estado, o povo convive com barricadas nos bairros“, observa ele, que pretende recriar a Secretaria de Segurança Pública, extinta por Witzel, que deu status de secretaria às polícias Militar e Civil. A ideia é que a pasta faça a articulação com os órgãos federais, as Forças Armadas e as 92 cidades do estado, a partir de um modelo que garanta a autonomia administrativa, financeira e de planejamento das policias Civil e Militar. “Não vamos reduzir a violência urbana apenas com polícia: é preciso investir na geração de emprego, e sobretudo em Educação, retomando os CIEPs e oferecer ensino técnico profissionalizante, para que a nossa juventude tenha oportunidade de construir sua trajetória e um futuro melhor”, promete.

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    Paulo Ganime (Novo) pretende fortalecer as corregedorias, para que o trabalho dos policiais honestos “seja diferenciado de uma minoria corrupta e que precisa ser punida”. “Vamos combater a corrupção no poder público, através do combate à lavagem de dinheiro, prática que sustenta os mesmos grupos criminosos que dominam áreas pelo estado, com compra de armas e drogas, além de propina a agentes públicos”, afirma ele, para quem não bastam apenas as operações policiais. “Elas devem ser corretas, buscando efetuar prisões. Precisamos levar cidadania para os moradores, e não permitir que os jovens dessas regiões sejam coptados pelos grupos criminosos”.

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    Wilson Witzel (MDB) – que aguarda confirmação de sua candidatura pelo TRE até o dia 12 de setembro, já que perdeu os direitos políticos e só poderia voltar a concorrer a cargos públicos em 2026 – promete estender a gratificação de risco de atividade militar (GRAM) a todos os policiais. Conhecido pela frase “é só mirar na cabecinha”, o ex-governador afirma que pretende continuar a ter uma “política rígida de segurança no combate à criminalidade”: “Não podemos ficar parados vendo o aumento de barricadas, de criminosos portando fuzis, colocando em
    risco o cidadão”.

    Wilson Witzel, candidato do PDB ao governo do estado -eleições 2022
    Wilson Witzel, candidato do PDB ao governo do estado -eleições 2022 (Jhonny Rosa/Comunicação Wilson Witzel/Divulgação)

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    Para Cyro Garcia (PSTU), é preciso focar nas ações de inteligência, “sem operações nas favelas e periferias, colocando o povo pobre e trabalhador em risco”. Ele defende uma nova polícia: “Civil, desmilitarizada, com direitos de sindicalização, que respeite os direitos humanos e tenha seus direitos respeitados. Uma polícia que se submeta as comunidades onde atuam, que tenham seus comandos eleitos, com treinamento eficiente e remuneração digna”, explica. O candidato do PCB, Eduardo Serra, também pretende extinguir as polícias Civil e Militar, com a criação de novas polícias, de natureza civil. “Uma uniformizada e armada, para o policiamento ostensivo e outra de caráter investigativo, trabalhando em conjunto com a Polícia Federal, com formação dos policiais em Academia de Polícia, salários dignos e planos de carreira”, detalha ele, que também quer recriar a Secretaria de segurança Pública. Juliete Pantoja (Unidade Popular) é outra que tem como plataforma o fim das operações policiais nas favelas e a desmilitarização completa da PM. “Precisamos impedir a chegada de armas e drogas a essas comunidades. Para isso, precisamos de inteligência, reformulação e controle social das polícias“, justifica. O candidato Luiz Eugenio Honorato (PCO) não respondeu as perguntas enviadas sobre o tema.

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