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Disputa entre escolas seguirá agressiva mesmo sem ranking do Enem

Pela primeira vez em sete anos, o Ministério da Educação não vai divulgar o ranking de classificação das escolas pelas notas do Exame

Por Rafael Sento Sé
Atualizado em 27 out 2017, 10h00 - Publicado em 27 out 2017, 10h00

Pela primeira vez em sete anos, o Ministério da Educação vai quebrar uma tradição que deixava alvoroçados pais, estudantes, professores, diretores e donos de escolas de nível secundário. Sob a justificativa de que não é papel do Estado promover uma competição entre as instituições, que acabou gerando distorções e criando pressão desnecessária sobre os alunos, o governo federal não divulgará o ranking de classificação das escolas pelas notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Colégios tradicionais do Rio, como o São Bento, que costuma matricular 200 alunos a cada ano, disputam de forma acirrada o topo da lista com outros menores, que muitas vezes inscrevem turmas de poucos estudantes selecionados justamente para ter bom desempenho e alavancar sua classificação. Apesar de ser apenas um dos critérios de avaliação, a nota no Enem acaba se sobrepondo a quesitos importantes como, por exemplo, a formação humanística. As notas continua­rão sendo divulgadas individualmente para os alunos, apenas não darão mais origem à famosa lista.

Alunos aguardam a prova do Enem 2016: o governo abandonou a lista das escolas (Tomaz Silva)

Entre os colégios, há quem acredite que o fim da divulgação será temporário. Uma vez que os resultados do Enem são abertos, empresas especializadas com capacidade de processamento de dados têm meios para produzir um ranking baseado nos números oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), o organizador da prova. “A suspensão pode diminuir a pressão por um certo imediatismo de resultados. O Enem é como uma fotografia daquele ano, mas é comum pais e alunos tomarem suas decisões com base apenas nesse critério”, analisa o diretor acadêmico do Colégio e Vestibular de A a Z, Bruno Rabin.

Como um instantâneo de tendências e necessidades acadêmicas, os dados gerados pelo exame funcionaram como uma baliza pedagógica para muitos educadores. O coordenador do ensino médio do Colégio Franco-­Brasileiro, João Aprigio, usava tais informações como ponto de partida para o planejamento da instituição. Mesmo enxergando o ranking como um efeito colateral, Aprigio considerava importantes as estatísticas geradas. “São microdados que podíamos usar até para pensar atividades para o ensino fundamental”, acrescenta. Sem a classificação, a cobrança em torno do padrão de ensino sobre as escolas tende a mudar. “Às vezes, um pai, ao matricular o filho no maternal, já queria saber como a escola estava no Enem. Agora outros itens devem voltar a ser valorizados”, pondera a diretora pedagógica do Sion, Sandra Calvet.

Em instituições que sempre tiveram forte apelo nos cursos pré-vestibulares, como o Colégio de A a Z, mesmo sem a listagem oficial dos campeões, a fórmula do sucesso se divide entre as atividades de formação e os estudos específicos para as provas de acesso à universidade. Até o 9º ano, os alunos participam de oficinas variadas e de um simulado de uma reunião de países na ONU, mas a partir do ensino médio o foco é o vestibular. Ou seja, o ranking do Enem se foi, com suas vantagens e seus vícios, mas seus efeitos serão sentidos por muito tempo.

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