Escola a escola, momentos imperdíveis para conferir no Desfile das Campeãs
Seis agremiações repetem seus desfiles premiados neste sábado (30); veja o que você não pode perder neste replay
As seis escolas vencedoras do Carnaval 2022 retornam à Avenida para a apoteose do Desfile das Campeãs, neste sábado (30). Elas vão desfilar na na ordem inversa à da apuração, ou seja, da “menos melhor” para a “melhor das melhores”, segundo o ranking dos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa): do Salgueiro, que ficou com o sexto lugar, à Grande Rio, a campeã do Grupo Especial pela primeira vez.
A seguir, confira a ordem dos desfiles e os destaques de cada escola:
Acadêmicos do Salgueiro (6º lugar)
Portela (5º lugar)
Unidos de Vila Isabel (4º lugar)
Unidos do Viradouro (3º lugar)
Beija-Flor de Nilópolis (vice-campeã)
Acadêmicos do Grande Rio (campeã)
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Acadêmicos do Salgueiro
Em seu quarto ano no Salgueiro, o carnavalesco Alex de Souza buscou demonstrar no enredo “Resistência” como o povo negro lutou para preservar sua cultura. Com alegorias e fantasias exuberantes, a vermelha e branca esbanjou negritude. Desde o abre-alas, com Mercedes Baptista (1921-2014), pioneira bailarina negra, interpretada pela também bailaria Ingrid Silva, que brilha no no Dance Theatre of Harlem em Nova York com suas sapatilhas escurecidas para ter a cor de sua pele. Ela brilha protagonizando a comissão de frente do premiado Patrick Carvalho.
A bateria representa a umbanda, religião afro-brasileira nascida em 1908 nos subúrbios cariocas. E os ritmistas ficam ajoelhados, com o punho erguido, um emblema antirracista. A rainha Viviane Araújo desfila vestida como cabocla Jurema, a rainha das matas, mostrando a barriga de cinco meses de gravidez de seu primeiro filho, Joaquim.
Portela
No primeiro desfile da escola sem Monarco – presidente de honra e da velha guarda da escola que morreu em dezembro do ano passado -, a escola de Madureira homenageou o baluarte com uma escultura de destaque no carro alegórico que trouxe os demais membros da velha guarda. O rosto de Monarco também estava estampado nos instrumentos da bateria, associando o músico ao baobá, árvore sagrada africana enaltecida no enredo Igi
Osé Baobá, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage.
Ao contar a história da árvore africana que é símbolo de ancestralidade e religiosidade, a azul e branca trouxe uma alegoria que era composta por três carros acoplados que representavam o berço do mundo. No alto da alegoria, a águia, símbolo da Portela, estava sobre um tronco do baobá representando a união entre os mundos, do céu a terra. A alegoria gigante evoca a ancestralidade negra.
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Unidos de Vila Isabel
Com o enredo “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!”, a escola faz um tributo à vida e à obra de Martinho da Vila, cantor, compositor e presidente de honra da escola. Martinho aparece em destaque já na comissão de frente. Ele surge de dentro de um tripé giratório, que o apresentava a todos os lados da Sapucaí.
Desta vez com menos pressa, já que não terá que bater ponto como rainha na Gaviões da Fiel (a escola não ficou entre as melhores do Carnaval de São Paulo), Sabrina Sato reina à frente dos ritmistas.
Unidos do Viradouro
Com um belíssimo desfile retrô, lembrando 1º carnaval pós-gripe espanhola em 1919, a escola de Niterói traz fantasias e carros cheios de brilhos para traçar um paralelo entre a festa do século passado e de hoje, primeiro após a pandemia da Covid-19.
O carro abre-alas relembra os tempos em que o Rio era capital do Brasil, em carnavais pomposos e iluminados, com influência francesa. E a comissão de frente – inspirada pela música “E o mundo não se acabou”, de Assis Valente, famosa na voz de Carmen Miranda – tem como um dos destaques uma chave “voadora” que vai num drone das mãos de um pierrô que protegeu o Carnaval de várias “Mortes”, representadas por caveiras,
para às do Rei Momo.
Em sua estreia à frente dos 290 ritmistas de Mestre Ciça, Erika Januza vem vestida como rainha do Cordão da Bola Preta. E Ciça promove uma paradinha marcante, mantendo apenas cinco integrantes batendo pratos enquanto o restante da bateria se abaixa na Avenida.
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Beija-Flor de Nilópolis
O abre-alas monumental, com o Beija-Flor preto emulando o sankofa (o pássaro com os pés para o futuro e a cabeça voltada ao passado), marca o início o início do desfile da escola de Nilópolis.
A comissão de frente mostra a performance de duas gangues que brigam, até que surge o orixá Exu, o “dono da rua”, debaixo de um pano acompanhado de pombagiras. A proposta é pedir passagem ao orixá para falar sobre as ruas e abrir passagem para a apresentação da escola. Na apresentação, o assassinato do americano George Floyd é lembrado num telão, assim como vítimas do chamado genocídio dos negros brasileiros.
A Beija-flor também derruba estátuas de racistas e exalta grandes nomes de sua história como a passista Pinah e o diretor de Canaval Laíla (que morreu de Covid e aparece representado numa numa imensa escultura) no enrendo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, do carnavalesco Alexandre Louzada.
Acadêmicos do Grande Rio
Com o enredo “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, de Gabriel Haddad e Leonardo Bora, a grande campeã – depois de quase 30 anos de espera, tendo batido na trave quatro vezes, com vice-campeonatos — enaltece e desmistifica o orixá, o mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos.
O impacto começa com a comissão de frente “Câmbio, Exu!”, em que se destacam a dança de passos afro e firmes executada no chão e a força do ator e bailarino Demerson D’Álvaro, que interpreta Exu no desfile. Ele cospe farofa durante a performance – gastou 10 quilos do produto na semana que antecedeu o desfile para treinar – e escala um imenso globo para chegar ao “topo do mundo”.
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De Pomba gira, Paolla Oliveira se destaca à frente da bateria.
Outro momento marcante é o fim do desfile, com o carro que reproduz o lixão de Gramacho, homenageando a catadora de lixo Estamira, que chegou a ser personagem de documentário. A estrutura da alegoria era toda coberta de restos de fantasias velhas, pedaços de esculturas, adereços de outros carnavais, além do lixo recolhido pelos catadores da associação do antigo aterro de Gramacho, em Caxias. Foi uma das soluções pensada pelos carnavalescos para mostrar que uma das chaves de compreensão do orixá é a transformação, a reciclagem.