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Como a crise climática pode acelerar o número de casos de dengue no Rio

Estudo aponta que aquecimento vai ajudar Aedes aegypti a se proliferar em solo fluminense no inverno e fará doença afetar também a Região Serrana no verão

Por Da Redação
26 jun 2023, 15h46
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Aedes aegypt: pontos como ferros-velhos, borracharias e cemitérios fornecem condição ideal para a reprodução dos mosquitos. (Ministério da Saúde/Reprodução)
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Em 2070, toda a faixa litorânea fluminense deverá ter risco alto para surtos de dengue, ao longo de todo ano. A zona preocupante deve se estender da Região Metropolitana do Rio até o Norte do estado, passando pela região dos Lagos. E até a Região Serrana pode sofrer com a doença no verão. É o que aponta Um novo estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), considerando que a mudança climática vai ajudar o mosquito Aedes aegypti a se proliferar em solo fluminense. A ideia da pesquisa é fortalecer as políticas públicas de combate à dengue. Em última instância, o objetivo da projeção é impedir que ela se cumpra.

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O trabalho, apresentado em um congresso neste mês, é o refinamento da simulação que o grupo de cientistas da Uerj vem desenvolvendo para entender a dinâmica da doença no estado. Liderada pelo geógrafo Antônio Carlos Oscar Júnior, a pesquisa está sendo usada também para montar um sistema de vigilância para a doença. Rodando dois modelos matemáticos, o sistema aponta “uma intensificação do risco de dengue em todo o estado do Rio, incluindo a Região Serrana, hoje com poucos casos”, segundo artigo publicado pelo grupo. Para chegar a essas conclusões, os cientistas mediram a correlação da presença do mosquito e da prevalência da dengue com uma série de variáveis meteorológicas, incluindo temperatura, umidade e índice de chuvas. Usando uma versão regional de projeções do IPCC (painel do clima da ONU) para o clima global, eles conseguiram entender melhor como o clima vai afetar a presença do mosquito e a prevalência de dengue, zika e chicungunha no estado.

Um ponto chave para entender a resposta do inseto ao aquecimento global, afirmou Oscar Jr. ao jornal O Globo, foi o aumento do número de temperaturas mínimas mais altas, ou seja, noites quentes. Esse foi um dos principais fatores agravados na escala de tempo estudada pelo grupo, com tendências para os anos de 2040 e 2070. O grau de preocupação com a ampliação do mosquito variou conforme estação do ano e área. A projeção de longo prazo na região da Costa Verde (que inclui Paraty e Angra) indica um risco baixo no inverno e alto no verão. Já o centro-sul fluminense (Três Rios/Vassouras) terá risco baixo no verão e médio no inverno.

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“O nosso estudo usa modelagem climática, que é uma representação do futuro. A modelagem não é o futuro, e ela possui também um grau de incerteza associado“, explicou Oscar Jr. acrescentando que uma margem de erro existe tanto para o lado otimista quanto para o pessimista, sobretudo porque algumas variáveis preocupantes não puderam ser incluídas no estudo. Uma delas é a capacidade biológica evolutiva do mosquito de se adaptar a novos climas, o que agravaria a situação.

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