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Conheça o carioca que é responsável pelas cerimônias Olímpicas

O administrador Leonardo Caetano comanda equipe de 700 pessoas, com a desafiadora missão de recepcionar o mundo com grandes festas

Por Pedro Moraes
Atualizado em 2 jun 2017, 12h18 - Publicado em 19 dez 2015, 00h00
Leonardo Caetano
Leonardo Caetano (Anna Fischer/)
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Na noite de 5 de agosto de 2016, os olhos de 1 bilhão de es­pec­ta­dores de mais de 150 países estarão fixos no gramado do Maracanã. O mais celebrado estádio do país, palco de duas finais de Copa do Mundo (1950 e 2014), desta vez terá sua história marcada pela chama olímpica. Com três horas de duração, o espetáculo de abertura dos Jogos de 2016 será a cerimônia de boas-vin­das aos atletas de 206 países que, ao longo de dezessete dias, disputarão as tão desejadas medalhas. Também simbolizará a cidade do Rio de Janeiro para o resto do planeta. Para conduzir o tour de force em que se transformou a organização desse evento, um time de 700 pessoas trabalha há quase dois anos sob a batuta de Leonardo Caetano, 48 anos, carioca de Madureira, que se tornou uma espécie de cerimonialista da abertura dos Jogos. Administrador de empresas com passagem pelo mercado financeiro, ele aceitou, há três anos, o convite feito por um headhunter contratado pelo Comitê Organizador da Rio 2016. Deixou para trás o posto de executivo na Fox Channels e assumiu a direção das cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada e da Paralimpíada. Inexperiente no ramo de grandes espetáculos, Caetano cercou-se de uma equipe polivalente, formada por cineastas, coreógrafos, roteiristas e carnavalescos, com o intuito de dar conta das quatro festas que estão por vir. O time, composto de nomes como Daniela Thomas, Fernando Meirelles, Rosa Magalhães, Deborah Colker e Marcelo Rubens Paiva, promete grandes apresentações sem derrapar em clichês nem em representações caricaturais do Rio e do Brasil. “Vamos manter o pé na realidade, com um olhar otimista, para emocionar os brasileiros”, afirma ele.

+ Profissionais de 22 nacionalidades compõem o time do Rio 2016

Muito do impacto dos espetáculos olímpicos vem do segredo que cerca as produções. Para evitar o vazamento de informações, a sala da produção dos shows foi instalada em um prédio comercial no centro da cidade, bem distante do Comitê Rio 2016, na Cidade Nova. Já Caetano fica no QG dos Jogos, não tem sala própria e divide o espaço do amplo escritório com dezenas de outros colegas. Todas as minúcias sobre os espetáculos são armazenadas em um laptop. O diretor tem, entre suas responsabilidades, além das festas no Maracanã, os eventos que envolvem o revezamento na condução da tocha olímpica e a produção das atrações nas áreas de convivência do público nas instalações dos jogos, os chamados live sites. A complexidade de suas tarefas exige uma rotina de trabalho diário de dez horas, aliviadas nos fins de semana quando ele surfa na Praia do Recreio para reduzir a tensão. E, se o assédio de curiosos é grande durante o expediente, em casa a situação não é diferente. Com frequência a mulher e o casal de filhos fazem perguntas sobre as atrações da festa ou sobre como a pira será acesa. “Eu resisto a contar qualquer coisa, mas o trabalho tem tanta riqueza no processo de produção que se escapa um ou outro detalhe sobre uma reunião com um artista como o Vik Muniz as pessoas já ficam satisfeitas”, diz ele.

Maria Monte Olimpíada 2012
Maria Monte Olimpíada 2012 ()
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Com orçamento apertado e continuamente recalculado diante da atual crise econômica, a festa tem custo estimado em um terço do que foi gasto na cerimônia de abertura dos Jogos de Londres, em 2012. O espetáculo dos ingleses, dirigido pelo cineasta David Boyle, custou 41 milhões de dólares, ou o equivalente a 158 milhões de reais. A saída para reduzir os custos tem sido recorrer à criatividade e à originalidade. A ideia do grupo é priorizar os artistas e a cultura locais, e deixar a tecnologia em segundo plano. “O espetáculo tem de acontecer. Vamos valorizar o conteúdo, a alegria. Estamos produzindo uma cerimônia muito bonita”, explica o cineasta Andrucha Waddington, um dos diretores criativos da abertura olímpica. A previsão é que os espetáculos envolvam pelo menos 12 000 atores, dançarinos e figurantes, além de uma equipe de produção de 1 000 pessoas — quase todas voluntárias. O time de profissionais encarregados do planejamento das cerimônias reúne-se quinzenalmente e conta com produtores experientes. “Temos uma equipe muito afinada em que a estrela é o resultado final. O Leonardo, apesar de novo no ramo, tem nos ajudado, com sensibilidade, a materializar as loucuras”, elogia Abel Gomes, o responsável pela queima de fogos do réveillon de Copacabana e pela cenografia da missa conduzida pelo papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em 2013.

Infográfico
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As cerimônias começam a se transformar em realidade a partir de maio de 2016, quando ocorrerão os primeiros ensaios com os voluntários. Para isso foi necessário encontrar uma área equivalente a dois campos do Maracanã. O endereço desse imóvel gigante é mantido em segredo — pelo menos por enquanto. As audições para a escolha de quem se apresentará nas cerimônias encerraram-se no início deste mês. O americano Steve Boyd, diretor de protocolo e movimento de massa das cerimônias de abertura, que já trabalhou em outros treze Jogos Olímpicos, comanda o processo seletivo. O interesse e o empenho dos cariocas foram motivo de orgulho para Caetano. “Só ouvi elogios à capacidade dos brasileiros. Os coreógrafos se surpreenderam com a entrega dos nossos voluntários”, comemora o diretor do comitê. Ele aposta no poder transformador que a participação em uma Olimpíada, nem que seja nos bastidores, tem na vida das pessoas. “Essa é a nossa grande chance de emocionar o mundo, e não podemos perdê-la”, diz. Considerando o empenho de Caetano e sua equipe, a cerimônia tem tudo para encantar brasileiros e estrangeiros. 

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