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Mansão no Jardim Botânico abre as portas pela primeira vez ao público

O palacete onde viveram o banqueiro Jorge Brando Barbosa e sua mulher vai receber a edição comemorativa de 30 anos da CasaCor

Por Pedro Tinoco
Atualizado em 18 dez 2020, 10h27 - Publicado em 18 dez 2020, 07h00

As negociações para a ocupação de um espaço na região portuária já estavam avançadas no começo do ano. Desde a primeira edição, em 1991, é assim: as sócias Patrícia Mayer e Patricia Quentel rodam a cidade à caça de um endereço exclusivo e surpreendente para abrigar a CasaCor Rio. As coisas começaram a mudar de rumo quando a arquiteta Gisele Taranto, presença assídua na mostra de decoração, fez uma visita de trabalho à Rua Lopes Quintas, 497. “Ao sair da mansão no Jardim Botânico, ela nos procurou imediatamente contando que tinha achado a casa ideal”, lembra Patrícia Mayer.

Casa Casacor
Lustre: há outro igualzinho enfeitando o Palácio de Versailles (André Nazareth/Divulgação)

Tudo fechado, o novo ponto definido, aí veio a pandemia que, como se sabe, virou o mundo do avesso e embaralhou o cronograma. Mas nem assim “as Patricias”, como são conhecidas, se deixaram abater. Depois de sumir do calendário em 2020, como outros eventos com alto potencial de aglomeração, a edição dos 30 anos da CasaCor Rio agora tem data: vai acontecer a partir de 19 de janeiro em um palacete com muita história para contar.

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O recanto descoberto por Gisele Taranto abriga atualmente o Instituto Jorge e Odaléa Brando Barbosa, um centro cultural idealizado pela própria Odaléa (1927-2019), mulher do banqueiro Jorge Brando Barbosa (1919-2002). O casal comprou a propriedade do século XIX de descendentes do sanitarista Oswaldo Cruz, em 1957, promoveu profundas reformas no imóvel e nos jardins e mudou-se para lá no início dos anos 1960. Ali viveram até o fim da vida, em uma rotina de conforto e recepções que, com frequência, ganhavam registros nas colunas sociais.

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Chafariz do jardim

Na entrada: o chafariz do jardim dá as boas-vindas à construção de 2 500 metros quadradosAo longo de mais de meio século de casamento, os dois reuniram uma formidável coleção de arte sacra e outras relíquias, com cerca de 6 000 peças. Em 2015, Odaléa acertou a doação da casa e do acervo ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, sob a condição de que fosse criado o instituto. Ela planejava dessa forma preservar as duas grandes obras do casal que nunca teve filhos: o acervo e a mansão na Rua Lopes Quintas.

Casa Casacor
Banheira de mármore: ela teria pertencido à Imperatriz Teresa Cristina, mulher de dom Pedro II (André Nazareth/Divulgação)

O palacete será exposto à curiosidade geral pela primeira vez com a CasaCor. “Essa casa tem alma, é cheia de história, de personalidade. Na montagem dos seus espaços, os arquitetos optaram por preservar o que já existe, fazendo interferências sutis”, conta Patrícia Mayer. O mármore de Carrara do piso foi trazido da Europa em dois navios e os desenhos geométricos que enfeitam o chão são criações do dono da casa. Na decoração, o colorido das maçanetas de Murano contrasta com a madeira do nobre jacarandá – inclusive na imponente escada logo na entrada, esculpida em uma peça única, arrematada pelo casal com o dinheiro da venda de dois apartamentos na Avenida Vieira Souto.

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Também é de madeira de lei a cama do século XVIII transformada em porta de acesso à sala de jantar. Outras atrações locais são a banheira de mármore, na suíte do 2º piso, que teria pertencido à imperatriz Teresa Cristina, mulher de dom Pedro II, e um lustre cujo par enfeita o Palácio de Versailles.

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Escolher o lugar certo para instalar a CasaCor é o pontapé inicial para o sucesso do evento. O primeiro endereço, a residência da socialite Lourdes Catão, na Urca, reuniu 24 arquitetos e virou um fervilhante point na hora do almoço. Nascia assim a tradição de, a cada nova edição, apresentar ao público um espaço singular no Rio. “O turning point foi a versão feita no Largo do Boticário, em 1995, na casa da família Bittencourt. Ali chamamos atenção da cidade, a CasaCor saiu de sua redoma e começou a atrair um leque mais variado de pessoas”, lembra Patrícia Mayer. “Ao descortinar imóveis interessantes, difundimos a cultura do morar”, frisa.

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Curadoras Casacor
As curadoras Patricia Quentel e Patrícia Mayer: parceria completa trinta anos (Ari Kaye/Divulgação)

A antiga residência dos Brando Barbosa recebe brisa e luz natural que se infiltram por seus muitos janelões. A construção de 2 500 metros quadrados fica no centro de uma área de 12 000 metros com muito verde e bem cuidados jardins. Ambientes arejados em abundância contaram pontos a favor no contexto da pandemia. A nova edição dessa Disneylândia para os apreciadores da arquitetura e da decoração, aliás, obedecerá a todos os protocolos sanitários da Organização Mundial da Saúde. Visitas presenciais serão pré-agendadas e o número de pessoas circulando por vez, limitado. A temporada de duração do evento será a mais longeva de sua história: dois meses, de janeiro a março, para evitar atropelos.

O formato híbrido é outra novidade afeita aos tempos atuais. Um passeio virtual, rico em detalhes, levará a casa e a mostra à internet, através de vídeos interativos e tours em 3D. No verão de 2021, 54 arquitetos vão apresentar 38 ambientes – 22 deles dentro da mansão do Jardim Botânico – com novas tendências que abrangem ainda o paisagismo. A lista dos profissionais dos esquadros inclui parceiros de longa data – entre outros, Chicô Gouvêa, Gisele Taranto e Maurício Nóbrega, além de Lia Siqueira e Patricia Marinho, ambas presentes desde o primeiro evento, em 1991. Na ala dos estreantes, aparecem Catarina Gouvêa Vieira e Manu Cardim, Jessica Sarrià e Murad Mohamad, Lucilla Pessoa de Queiroz e Renata Caiafa, Ricardo Portilho e Up 3. “Pensamos em pessoas que pudessem entender a casa. A Lia Siqueira ocupou o jardim de inverno, encantou-se com o ambiente e vai deixá-lo quase como no original, apenas recuperando o piso e uns outros detalhes”, explica Patrícia Mayer.

As maiores mudanças acontecem na área externa. Durante a temporada da CasaCor, as amplas dependências de empregados vão receber um restaurante, enquanto estruturas provisórias abrigarão livraria, joalheria e loja de produtos para o lar. Por dois meses, o lindo palacete dos Brando Barbosa reviverá os tempos de badalação de seus antigos moradores.

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O Rio de portas abertas

Uma tradição do evento é saciar a curiosidade do público em torno de endereços exclusivos da cidade:

Largo do Boticário
Largo do Boticário: edição de 1995 começou a atrair um leque mais variado de pessoas (Divulgação/Divulgação)

Largo do Boticário (1995). Com 1 100 metros quadrados, encravada na Mata Atlântica, a Casa Rosa, residência da família Bittencourt, foi sucesso de visitação — “Ali a CasaCor saiu de sua redoma”, conta Patrícia Mayer;

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Palacete Linneo de Paula Machado
Palacete Linneo de Paula Machado, em Botafogo: atual sede da Casa Firjan (Antonio Batalha/Divulgação)

Palacete Linneo de Paula Machado (2011). Construído pela família Guinle no início do século passado, o imóvel imponente em Botafogo viria a se tornar, em 2018, sede da Casa Firjan;

Aqwa Corporate (2017)
Aqwa Corporate: edição de 2017 foi a primeira no Centro – mais precisamente, no Porto Maravilha (Casacor/Divulgação)

Aqwa Corporate (2017). Exceção em uma série de endereços históricos, e pela primeira vez no Centro, o evento aderiu ao Porto Maravilha, com 42 ambientes instalados no prédio com projeto do renomado arquiteto Norman Foster.

 

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