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Cariocas compõem guarda-roupa com até quarenta peças

O conceito do armário-cápsula mostra que é possível manter a elegância com poucos itens

Por Renata Magalhães
Atualizado em 9 fev 2018, 18h42 - Publicado em 9 fev 2018, 18h42
 (FELIPE FITTIPALDI/Veja Rio)
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No início de 2018, a ativista ambiental Fernanda Cortez pôs em prática uma das suas promessas de Ano-Novo: transformar as cinco portas de seu guarda-roupa em um armário-cápsula, capaz de guardar um número reduzido de peças, mas todas versáteis o suficiente para serem combinadas em diversos looks. De início, ela botou para fora cerca de 300 itens, entre vestidos, calças, shorts, camisas e camisetas, espalhou tudo no chão da sala e escolheu apenas 37 para usar dali em diante — nessa lista não entraram roupas de festa, de ginástica, pijamas nem acessórios, como bijuterias, bolsas e sapatos. “Parecia pouco à primeira vista, mas, quando me dei conta, tinha selecionado todas as roupas que eu mais usava no dia a dia. Praticamente não mexia em 80% do meu armário, e descobri coisas de que eu nem lembrava ou que tinha usado uma única vez”, conta Fernanda. Idealizadora do projeto Menos 1 Lixo, plataforma de educação ambiental, ela transformou o desafio em uma série no YouTube que dá dicas para a pessoa se desapegar das roupas de pouco uso, faz sugestões de figurinos e ajuda no pontapé inicial nesse estilo minimalista de se vestir.

De novo mesmo o armário-cápsula não tem nada. Ainda que esteja em alta, o conceito existe desde 1970 e foi criado pela inglesa Susie Faux. A estilista acreditava que uma pessoa só deveria ter em seu armário figurinos versáteis e atemporais. Mais tarde, em 1985, a designer americana Donna Karan levou a ideia para as passarelas com uma minicoleção de sete criações básicas que combinavam entre si. Esquecida durante um tempo, a regra de bom-senso voltou à tona trazida pelo sucesso da blogueira americana Caroline Rector, do site Un-Fancy, criado em 2014 com o propósito de difundir o guarda-roupa econômico. “Naquela época, eu tinha um armário cheio de roupas baratas, mas estava sempre com a impressão de que não tinha nada para vestir”, recorda. Enquanto lá fora o número 37 é quase um dogma para definir a quantidade aceitável, por aqui a turma que vem adotando o armário-­cápsula não é tão intransigente. “De seis portas, reduzi para duas. Devo ter umas quarenta peças atualmente”, conta a engenheira Fernanda Miguez, que hoje trabalha como instrutora de mindfulness. “O importante não é a quantidade específica, mas entender o conceito como uma forma de consumo mais consciente”, acrescenta a youtuber Fernanda Cortez.

QUADRO PEÇAS CHAVE
(Veja Rio/Veja Rio)

A indústria do vestuário é a segunda mais agressiva ao meio ambiente (só perde para a petrolífera), seja no processo de produção, seja na forma como as roupas são descartadas — a cada ano são vendidos 150 bilhões de produtos novos, e cada um deles é usado, em média, apenas sete vezes. Esses dados desabonadores levaram a jornalista especializada Lilian Pacce a lançar a campanha 1 Look por Uma Semana, que incentiva o uso da mesma roupa por vários dias, mas com diferentes combinações de acessórios. “Além de ser uma iniciativa libertadora, para alguém da área é um exercício de estilo”, lembra ela, citando nomes à frente de grifes prestigiadas, como Karl Lagerfeld (Chanel) e Tom Ford (Gucci), entre os adeptos da tendência. A atriz Keira Knightley, estrela da série Piratas do Caribe, por exemplo, usou variações em torno de seu vestido de noiva em diversas ocasiões, além do casório; enquanto isso, a elegante duquesa de Cambridge, Kate Middleton, já foi vista repetindo vestidos e calças sem perder a nobreza. Aqui no Brasil, o cantor Tiago Iorc e a atriz Juliana Schalch, protagonista da série O Negócio, engrossam o time. Prático, sustentável e econômico, o armário-cápsula prova que o chique depende cada vez de menos. ß

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