Como polícia descobriu que cabo da Marinha pilotava drone do tráfico
Rian Maurício Tavares Mota, de 26 anos, tinha bunker dentro de casa; ele foi alvo de uma operação da PF
O cabo da Marinha Rian Maurício Tavares Mota, de 26 anos, preso sob suspeita de operar drones lança-granadas do Comando Vermelho, na última segunda (16), tinha um bunker em sua casa, no Complexo da Penha, na Zona Norte. As imagens da sala subterrânea com equipamentos que permitiam que ele se escondesse por dias seguidos foram mostradas neste domingo (22) no “Fantástico”, da TV Globo. O programa também exibiu trechos de áudios de conversas do militar com o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, e outros criminosos sobre monitoramento de bandidos rivais e a articulação para ataques a milicianos e comunidades dominadas por outras facções.
+ O que os candidatos à prefeitura do Rio à frente nas pesquisas pensam sobre problemas da
cidade
Nos áudios obtidos pelos investigadores que levaram à sua prisão, o cabo da Marinha discutia a compra de dispositivos para liberar granadas a partir de drones. Uma imagem de julho deste ano registrou um artefato fixado em um drone sobre comunidades na Zona Norte. Tratava-se de um explosivo usado por traficantes da Favela do Quitungo, com o objetivo de atacar a facção rival no Complexo de Israel.
“Nós precisa comprar o dispensador, chefe. É um dispositivo que bota no drone, que ele libera a granada, entendeu? Sendo que vem um cabinho segurando no pino, né? Bota o pino no drone e a granada nesse dispositivo. Quando liberar, vai liberar a granada e o pino vai ficar preso no drone, entendeu? Vai cair lá. A granadinha pequena. Quando eles tiver de bolinho, eu subo e jogo. Só que era bom nós testar aqui no mato, pelo menos uma, duas vezes para ver como que vai ser”, diz Rian em um dos áudios. Em outro, ele tenta convencer Doca, um dos principais do chefes do Comando Vermelho a quem chama de pai, a comprar o equipamento: “Aí, pai. Esse é o dispositivo que tem que colocar. Aí, esse valor aí, eu liguei para lá, a gente comprando hoje, chega amanhã ou depois de amanhã no máximo”. “Demorou, mas nós tem que ver a granada, tá ligado, não? Só vê a granada que nós coloca. Já é, Vamos fazer o teste“, responde o chefe do tráfico.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Rian, que servia na sede do Comando da Força de Superfície em Niterói. De acordo com a PF, o militar tinha passado por um dos cursos mais rigorosos da corporação voltado a formação de mergulhadores e recentemente se matriculou em um curso particular de preparação para tiros precisos de longa distância. Segundo a Polícia Federal, este não é um caso isolado. Outras investigações identificaram que traficantes de várias facções do Rio de Janeiro já usam drones capazes de lançar granadas.