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O que os candidatos à prefeitura do Rio à frente nas pesquisas pensam sobre problemas da cidade

Antes de votar, veja as propostas de cada sobre criminalidade, clima, bem-estar dos idosos, trânsito, educação, saúde, turismo e população de rua

Por Paula Autran
20 set 2024, 06h14
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 (Cícero Rodrigues; Beth Santos; Divulgação/Divulgação)
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Que a cidade é maravilhosa, ninguém discute. Mas há muito o que debater sobre os gargalos que insistem em frear o desenvolvimento e o bem-estar. Na próxima eleição, marcada para 6 de outubro, mais de 5 milhões de pessoas são aguardadas nas cabines de votação para decidir quem será o próximo ocupante da cadeira de prefeito dentre nove postulantes no páreo. Para ajudar na escolha do futuro governante, responsável justamente por zelar pela melhora dos indicadores de qualidade de vida dos 6,2 milhões de moradores de 165 bairros pelos próximos quatro anos, VEJA RIO levantou temas que povoam o rol de preocupações dos cariocas, levando as mesmas questões aos quatro candidatos que, segundo a pesquisa Datafolha divulgada em 22 de agosto, estão na frente em intenções de votos — o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), o delegado e deputado federal Alexandre Ramagem (PL), o professor e também deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) e o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil). O espaço reservado às respostas foi idêntico, de até 1 000 toques. A seguir, o que cada um pensa sobre a criminalidade, o clima, o bem-estar dos idosos e o trânsito que segue implacável, além de propostas relacionadas a educação, saúde, turismo e população de rua. Veja antes de votar.

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CRIMINALIDADE

O Rio registrou taxa de 21,3 assassinatos por 100 000 habitantes no primeiro semestre de 2024, e a segurança é elencada por 73% dos cariocas entre os grandes problemas a serem enfrentados. Como o poder municipal pode contribuir para ajudar a reverter os índices de violência na cidade?

CRIMINALIDADE
(Tomaz Dilva/Agência Brasil)

EDUARDO PAES
“A grave crise de segurança não se limita à nossa cidade, já que a população de todo o estado do Rio, sobretudo da Região Metropolitana, vive com medo. A responsabilidade pela segurança pública é do governo estadual, que comanda as polícias. As prefeituras sozinhas não dispõem de meios nem recursos para resolver o problema. Apesar da omissão estadual, temos feito nossa parte. Trocamos todo o sistema de iluminação, com 450 000 lâmpadas de LED. Realizamos ações de ordenamento. Criamos o BRT Seguro, com redução de 90% do vandalismo. Mudamos a escala da Guarda Municipal para pôr mais agentes nas ruas. Instalamos milhares de câmeras ligadas ao Centro de Operações e criamos o Civitas — uma central de inteligência 24 horas em apoio às forças de segurança. Num próximo mandato, vamos expandir tudo o que já fizemos, além de permitir que um grupo de elite da GM ande armado, após treinamento rigoroso. Mas é fundamental que o governo estadual assuma sua responsabilidade e faça valer seu poder de polícia.”

ALEXANDRE RAMAGEM
“O poder municipal precisa assumir uma postura mais ativa em relação à segurança pública, em vez de esperar soluções prontas e de outros entes da federação. Quando eleito, vou implementar o programa Forças do Rio, que vai integrar as forças de segurança federais, estaduais e a Guarda Municipal. A proposta é que a prefeitura lidere essa força-tarefa, não só com presença física, mas com uma atuação multidisciplinar que inclua apoio às comunidades vulneráveis e incentivo à participação cidadã. Com esse trabalho conjunto, será possível contribuir para a redução da criminalidade e garantir o direito de ir e vir, em segurança, dos cariocas. Além disso, para subsidiar e fortalecer o efetivo papel do município acerca dessa temática, vamos elaborar um Plano Municipal de Segurança Pública objetivo e criterioso, sendo mais uma ferramenta de combate e prevenção ao crime. Por fim, teremos uma mudança estratégica na Guarda Municipal, resgatando sua credibilidade e assumindo um operacional mais ativo e tático.”

TARCÍSIO MOTTA
“Tráfico de armas, grilagem de terra e controle de serviços urbanos: é no ponto de encontro entre esses diferentes mercados clandestinos que reside o coração do problema. Não se trata de crime organizado. É máfia! Tem projeto de poder. A prisão dos mandantes dos assassinatos de Marielle e Anderson deixou claro que, se não enfrentarmos esse marco de poder, vamos continuar à mercê desse modo mafioso de governar a cidade. São quinze anos de uma mesma política que leiloou o Rio para grupos criminosos. É papel da prefeitura recuperar o controle sobre a cidade. Vou firmar uma parceria com a Polícia Federal para enfrentar o tráfico de armas. E vou atingir a espinha dorsal das máfias desmantelando os mercados clandestinos de transporte e moradia. Sufocar a renda do crime é mais eficiente do que trocar tiro na rua. Vamos tornar a cidade mais segura gastando menos dinheiro e colocando menos gente em risco. Inteligência gera mais resultados do que truculência.”

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RODRIGO AMORIM
“Eu quero transformar a Guarda em Polícia Municipal, com armas, status de secretaria e muito treinamento. E transferir o gabinete do prefeito para a sede da instituição, em São Cristóvão. A Guarda Municipal tem diversos papéis importantes a cumprir ao lado da PM, e um deles é o da ostensividade, com o intuito de inibir os crimes. A nova Polícia Municipal, que será chamada de RioPol, tem que participar do esforço do Crime Zero, que são as áreas em que vamos prometer a ausência total de delitos para potencializar o crescimento econômico. A violência é um ciclo que tem a economia como força motriz. Também vou empregar 3 000 fuzileiros navais na segurança de toda a orla e zerar o crime nesta que é uma região estratégica. Com 117 milhões de reais conseguiremos isso. O prefeito atual diminuiu o papel do município na segurança, eu vou aumentar.”

CLIMA

Diversos bairros sofrem com inundações e deslizamentos quando desabam chuvas fortes na cidade, situação que promete ficar ainda mais crítica com a crise climática. Quais medidas de curto prazo podem ajudar no enfrentamento do fenômeno?

CLIMA
(Fernando Frazão/Agência Brasil)

EDUARDO PAES
“O Centro de Operações, o sistema de sirenes contra deslizamentos nas comunidades e os piscinões contra alagamentos da Grande Tijuca são algumas das iniciativas que fizeram do Rio referência internacional em resiliência. Tanto que já presidimos o grupo C40, que reúne as maiores cidades contra as mudanças climáticas, e hoje copresidimos a Global Commission for Urban SDG Finance, comitê de financiamento ambiental para municípios. Desde 2021, investimos 2,1 bilhões de reais em 300 ações preventivas contra desastres climáticos, como contenção de encostas, drenagem e desassoreamento. Plantamos mais de 450 000 árvores e construímos cinco novos grandes parques nas zonas Norte e Oeste. Num próximo mandato, vamos implantar o projeto de controle de enchentes da Bacia do Rio Acari, criar um programa de habitação para o reassentamento de populações ribeirinhas, expandir o sistema de sirenes para comunidades suscetíveis a enchentes e criar o Zona Norte Verde, para arborizar e reduzir ilhas de calor.”

ALEXANDRE RAMAGEM
“Vamos estabelecer um protocolo carioca para prevenção a calamidades, que será a base para um trabalho integrado, buscando fortalecer e maximizar investimentos no Centro de Operações Rio e na Defesa Civil. Por meio de um plano de contingência, vamos definir previamente pontos de apoio, revisar a situação das sirenes, promover o desassoreamento das áreas perto de cursos d’água, conscientizar a população sobre lixo nas ruas, entre outras ações. Nosso objetivo é que as situações de emergências climáticas não resultem em perdas humanas e materiais na cidade do Rio.”

TARCÍSIO MOTTA
“Presidi a CPI das Enchentes no Rio e aprendi o que a prefeitura deve fazer quando vem uma chuva forte. Vou transformar a proteção socioambiental em política de Estado e valorizar o COR, a Defesa Civil, a Geo-Rio e a Rio-Águas, com concursos públicos, planos de carreira e cursos de formação para os servidores. Para orientar moradores durante crises, vou criar o Agente Comunitário de Proteção Socioambiental e instalar sistemas de alerta e abrigo em todas as regiões da cidade. Mas nossa prioridade será dobrar o auxílio às famílias desabrigadas e investir pesado em habitação popular para oferecer alternativas seguras aos cariocas que vivem em áreas de risco. Apostar na prevenção é muito mais barato do que lidar com desastres. Por isso, vou fazer obras de infraestrutura ecológica para absorver grandes volumes de chuva, reduzindo danos e prejuízos. O Rio vai ser a primeira “cidade-esponja” da América Latina. O clima já mudou, e a adaptação é urgente. É o nosso futuro que está em jogo.”

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RODRIGO AMORIM
“O prefeito atual, de forma irresponsável, cortou mais de 60% do orçamento da Geo-Rio. É algo muito grave. Precisamos de um plano muito bem definido, com metas a curto, médio e longo prazo. A curto prazo, precisamos investir mais em comunicações críticas, usando o Centro de Operações para atuar com mais proatividade nas situações mais drásticas. A prefeitura tem que informar todos os cidadãos sobre os riscos, em tempo real. Nós teremos também a maior Secretaria de Defesa Civil do país. A chuva precisa parar de ter a dimensão de um terremoto para os cariocas, isso foi o legado do prefeito. Mas é claro que, a médio e longo prazo, é preciso investir em muitas obras, principalmente na contenção de encostas. Com a criação da Secretaria das Favelas, vamos ter aí um canal de comunicação constante com esses moradores, para conter o avanço das residências em direção à Mata Atlântica e, claro, aos locais de risco. E é preciso ter coragem para começar obras mais radicais nas áreas de maior perigo.”

IDOSOS

A população do Rio envelhece em ritmo acelerado — só na última década, o contingente com 65 anos ou mais cresceu 47% —, mas o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, que mede a capacidade de atender os idosos, situa o município em 112º lugar entre as 326 grandes cidades brasileiras. Quais as propostas voltadas para garantir o bem-estar desse crescente grupo?

IDOSOS
(Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

TARCÍSIO MOTTA
“Uma cidade onde as pessoas podem envelhecer com dignidade é uma cidade boa para todos. Vou criar roteiros culturais para o público idoso e melhorar a qualidade dos espaços de lazer. Além de reformar o calçamento e as rampas para garantir mais acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida, o programa Cultura na Praça vai montar uma equipe de curadoria e produção cultural em cada praça da cidade para oferecer atrações artísticas e educacionais voltadas para pessoas idosas. Teremos atividades, apresentações e oficinas gratuitas em todos os cantos do Rio. Mas nosso foco será a saúde. Além de ampliar a rede de Academias da Terceira Idade, vou aumentar o número de geriatras da rede municipal e firmar uma parceria com o Núcleo de Envelhecimento Humano da Uerj para qualificar os serviços assistenciais de saúde voltados para o atendimento da população acima de 60, como casas de convivência e programas de atenção domiciliar.”

RODRIGO AMORIM
“O envelhecimento da população é um fenômeno brasileiro que afeta a Previdência e tem a ver com a queda nas taxas de fecundidade, causada por diversos fatores, entre eles o aumento das possibilidades que a medicina oferece. Uma coisa que pouca gente fala é que a desburocratização é fundamental para a qualidade de vida dos idosos. São eles que enfrentam com mais frequência as questões burocráticas para usufruir de seus direitos — recadastramentos podem e devem ser feitos de maneira digital, e também as procurações precisam ser facilitadas pela prefeitura para que os parentes dos idosos tenham mais acesso aos serviços em nome deles. O idoso só deve sair de casa para o lazer e para os exercícios — por sinal, precisamos dar segurança total a nossas praças e espaços esportivos para que tanto idosos quanto crianças voltem a frequentá-los em paz.”

EDUARDO PAES
“O envelhecimento saudável da população é uma questão importante para a nossa gestão e temos uma secretaria exclusiva para esse tema, com o desenvolvimento de vários projetos que promovem mais qualidade de vida. O programa Vida Ativa oferece atividades físicas, sociais, culturais, educativas e integrativas, beneficiando mais de 30 000 pessoas. Já o projeto Agente Experiente tem como objetivo a inclusão profissional desse grupo, com o pagamento de uma bolsa-auxílio por doze horas semanais em apoio aos serviços públicos. Esses idosos atuam, por exemplo, no Velha Guarda do BRT, na preservação do bem público. Temos também oito Casas de Convivência, espalhadas por todas as regiões. E, dentro das iniciativas da área de saúde, há o Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (Padi) que, entre 2021 e 2024, já realizou mais de 775 000 visitas e acompanhamentos, 25% a mais do que na administração passada. Num novo governo, vamos ampliar os programas e implementar outras iniciativas.”

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ALEXANDRE RAMAGEM
“Vamos atuar de forma abrangente para atender esse público. O direito a cidadania e acolhimento deve ser de todos. Com o programa Cidadania Carioca, vamos disponibilizar todas as secretarias para atender suas principais demandas, desde a área jurídica a opções de atividades para cuidados com a saúde. Além disso, vamos capacitar continuamente nossos servidores para atendimento aos idosos, assim como pessoas com deficiência, crianças, entre outros grupos.”

TRÂNSITO

Um levantamento com base em dados do aplicativo Waze mostra que o Rio é a segunda cidade com mais engarrafamentos no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Qual o plano para reduzir os congestionamentos?

TRÂNSITO
(Fernando Frazão/Agência Brasil)

RODRIGO AMORIM
“Essa será uma herança maldita que o prefeito atual deixará: em doze anos de governo Paes, jamais se fez um estudo do trânsito no Rio que permitisse avaliar ações para melhorar o fluxo. O prefeito faz tudo da própria cabeça. Ele muda a velocidade máxima das vias de acordo com o humor dele. E deixou para investir nas obras da Avenida Brasil só nos últimos anos de governo, interditando as vias, tornando a vida do carioca um inferno. Não há planejamento e não há diagnóstico. Precisamos fazer obras com planejamento para não causar caos no trânsito. O carioca está cansado de ser sacrificado. O Rio precisa literalmente entrar nos trilhos, ter mais transportes nessa modalidade, com urgência.”

EDUARDO PAES
“A saída para reduzir os engarrafamentos é sempre investir em transporte coletivo de qualidade. Por isso, promovemos o renascimento do sistema BRT, que havia sido destruído. Compramos mais de 700 ônibus, reformamos e abrimos todas as estações, finalizamos as obras da Transbrasil, construímos dois grandes terminais, Gentileza e Deodoro, e hoje transportamos, com conforto e rapidez, meio milhão de pessoas diariamente. E ainda voltamos com mais de 180 linhas de ônibus que tinham sido desativadas, investimos mais de 1 bilhão de reais nas obras viárias de Campo Grande e aprimoramos as ferramentas de controle de tráfego do Centro de Operações. Agora, vamos fazer com os ônibus convencionais a mesma revolução feita com o BRT. Além disso, queremos dar início à transição do sistema BRT de rodas para um Sistema Leve sobre Trilhos, a partir da Transcarioca e da Transoeste, ampliar as integrações tarifárias com a nova bilhetagem digital e implantar faixa azul para motos nas principais vias da cidade.”

ALEXANDRE RAMAGEM
“Essa é uma questão de grande relevância, pois afeta diretamente o bem-estar e conforto da população. Nas principais áreas de grandes congestionamentos na cidade, vamos elaborar um estudo técnico minucioso para melhorar a fluidez do trânsito. Além disso, buscaremos a implantação de modais de alta capacidade, em parceria com o governo do estado e financiadores internacionais. O Rio de Janeiro deve ser pensado de forma conectada, para que possamos trazer uma boa experiência, especialmente do transporte público, para os cariocas. Para alcançarmos resultados satisfatórios nessa questão, destaco entre minhas propostas a reestruturação do sistema de ônibus na cidade, planejamento estratégico do trânsito e seus modais, reprogramação da utilização da Avenida Brasil e parcerias com os municípios da Região Metropolitana e com o estado do Rio.”

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TARCÍSIO MOTTA
“São Paulo já liberou ônibus aos domingos. Aqui no Rio, vou garantir passagem de graça no fim de semana com o programa Sextou Carioca. Isso vai tornar o transporte coletivo mais atrativo e diminuir o número de carros na rua. Será o primeiro passo rumo à tarifa zero. Já nosso programa Rio sobre Trilhos vai redirecionar as linhas de vans, ônibus e VLT para estimular o uso do trem e do metrô e oferecer um sistema de mobilidade mais integrado e eficiente. Vou investir na melhoria do serviço das linhas de trem que cruzam a cidade e na expansão do metrô, priorizando a conclusão da ligação Estácio-Carioca, a inauguração da estação da Gávea e a ampliação do sistema até Jacarepaguá. Além disso, vou expandir o VLT para a Ilha do Governador e a Zona Sul, bem como planejar a “VLTização” do sistema BRT. Não medirei esforços para colocar o Rio nos trilhos. Afinal, foi essa teimosia em insistir em veículos sobre rodas que engarrafou as ruas do Rio.”

EDUCAÇÃO

Mesmo tendo chegado, em junho, ao seu 200º Ginásio Educacional Tecnológico (GET), o Rio ainda enfrenta problemas antigos na área da Educação. Com a maior rede municipal de educação da América Latina, ainda há unidades escolares que precisam de alguma reforma urgente na estrutura, não possuem climatização adequada e sofrem com falta de professores e/ou mediadores para crianças especiais, principalmente nas zonas Oeste e Norte. Caso eleito, o que o senhor pretende fazer para acabar de vez com esses problemas?

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(Wikipedia/Reprodução)

EDUARDO PAES

“A cidade do Rio se tornou a campeã do Brasil na melhoria da qualidade do ensino público, com o maior crescimento na nota do Ideb. Hoje lideramos as capitais do Sudeste e tudo isso é fruto do trabalho dos nossos servidores e políticas pedagógicas. Além da implantação de 200 GETs (os ginásios tecnológicos), expandimos a oferta de ensino integral para 50% dos alunos, contratamos 9,5 mil professores, voltamos com o kit escolar de qualidade, criamos 25 mil vagas em creches e investimos R$ 700 milhões em reformas das unidades. A climatização das salas saltou de 28% para 97% das escolas. Além disso, contratamos milhares de profissionais de dedicação exclusiva à Educação Especial. Com 7 mil mediadores, a nossa média atual é de 1 profissional para cada 4 alunos e queremos chegar a 1 para 3. Nossas propostas incluem ainda ser a 1ª capital do país em matrículas com ensino em tempo integral, criar mais 13 mil vagas em creche, seguir avançando na infraestrutura e ampliar para 500 o número de GETs.”

ALEXANDRE RAMAGEM

“Faremos uma análise criteriosa do orçamento anual destinado à educação. Assim, vamos garantir que os recursos sejam alocados de maneira qualitativa, consistente e direcionada para atender essa importante demanda. No caso das creches, por exemplo, com o programa “Criança na Creche, Família Tranquila”, analisaremos a localização, situação das unidades e haverá cruzamento de informações sobre a demanda em cada região da cidade. Já para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, lançaremos o programa “Bora Aprender”. Com a iniciativa, prevemos o aumento da quantidade de turmas e a redução proporcional de alunos por sala. Vamos oferecer turno de no mínimo 7 horas a todos os alunos da rede pública e turno integral, de 10 horas, nas comunidades mais vulneráveis. As prioridades são: gestão escolar, qualificação dos profissionais e valorização do professor, estrutura física adequada (incluindo reformas e instalação de ar-condicionado nas unidades), atenção e educação especial.”

TARCÍSIO MOTTA

“Me criei no chão da escola pública. Tenho um compromisso de vida com a educação. Meu sonho é transformar o Rio na Capital da Educação, garantindo educação integral e inclusiva de verdade. O lema será: “nenhuma criança sem escola, nenhuma escola sem estrutura, nenhum profissional de educação sem direitos”. A forma como a rede funciona hoje desanima os professores, adoece as pessoas e os alunos não aprendem. Crianças perderam o sentido e os pais, a esperança. Sonho com um Rio que tenha orgulho de suas escolas. Uma escola onde aprender é divertido, ensinar é prazeroso e a inclusão é para valer, é um direito de todos. Hoje temos ilhas de excelência em um mar de abandono. Nosso programa Escola de Portas Abertas vai investir na rede municipal de ensino para transformar a cidade. Vou incluir alunos, pais e educadores nas tomadas de decisão, integrar as políticas de esporte, arte e cultura aos programas de educação e estabelecer pontes entre a escola e seu bairro. A saída é pela educação.”

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RODRIGO AMORIM

“Os dados representam a realidade, e eu ainda adiciono outro número assustador: 48% das escolas não possuem acessibilidade para PCDs. É a total desumanização da escola. Isso precisa ser corrigido em um prazo de seis meses, com uma grande vistoria, da qual quero chamar os melhores especialistas para participar. O Rio não pode abrir mão da climatização, o calor que temos de outubro a março demanda isso. Me espanta o desleixo da prefeitura com isso. A falta de professores é uma questão que precisa de uma auditoria profunda, e não descarto contratar uma grande empresa privada para fazer um levantamento sério e posteriormente abrir concurso. Para finalizar, pretendemos criar dez escolas cívico-militares em um ano, e outras dez escolas confessionais-religiosas em dois anos. Sem custo adicional, com a transformação das escolas existentes. A falta de foco nos projetos da educação é que leva a insanidades como o Cavalo Taradão e também às crianças sentadas em caixotes, como vimos recentemente.”

SAÚDE

Ex-capital do Brasil, o Rio tem seis hospitais federais importantes, especializados em tratamentos de alta complexidade, que enfrentam dificuldades como o desabastecimento de insumos, falta de equipamentos, greves e problemas estruturais. Em abril, um levantamento mostrou que 366 leitos destas unidades estavam fechados. Como o senhor encara o processo de municipalização desses hospitais pela prefeitura e o que pode fazer para ajudar a resolver esta e outras questões que afetam diretamente a saúde do carioca?

Posto de saúde lotado
(Tomaz Silva/Agência Brasil)

EDUARDO PAES

“Para nós, o mais importante é que os hospitais funcionem. A prefeitura está à disposição para parcerias e tem condições de assumir a gestão de unidades federais, desde que todos os recursos para custeio e pessoal sejam repassados. Mas hoje não há qualquer gestão compartilhada. A Saúde tem sido nossa prioridade e foi preciso recuperar a rede municipal, que havia sido abandonada. Fizemos as clínicas da família voltarem a funcionar, passando de 40% para 74% a cobertura de atenção primária. Contratamos 4 mil médicos e 13 mil profissionais de saúde. Com a criação do Super Centro Carioca de Saúde, reduzimos pela metade o tempo da fila do Sisreg, o Sistema Nacional de Regulação dos recursos de saúde. Abrimos duas maternidades, na Rocinha e Ilha do Governador, e reformamos várias unidades. Vamos criar mais dois Super Centros, nas zonas Norte e Oeste, e um programa dedicado às famílias com pessoas do espectro autista com 8 centros de referência, além de supervisionar com mais rigor o atendimento na rede e melhorar o fornecimento de medicamentos.”

ALEXANDRE RAMAGEM

“Entendo que a municipalização dos hospitais não é a melhor alternativa e que as unidades devem ficar sob a gestão do Governo Federal. Não se trata apenas de uma opinião, mas está de acordo com uma recomendação do Tribunal de Contas do município, que considera não ser uma atribuição municipal atender casos de média e alta complexidade. Temos que priorizar a atenção básica e os nossos hospitais municipais, que já têm uma grande demanda. Vamos trabalhar com uma gestão integrada, valorizando o servidor da saúde e buscando parcerias público-privadas. Desse modo, melhoraremos cada vez mais os serviços de saúde na cidade.”

TARCÍSIO MOTTA

“Paes só quer municipalizar os hospitais federais para alimentar a farra das OSs, as Organizações Sociais que realizam serviços públicos. Será uma tragédia. A prefeitura não precisa disso para assumir sua responsabilidade sanitária sobre a cidade. Vou afirmar o papel do prefeito como gestor pleno do SUS e coordenar a administração de todos os hospitais localizados no município. As vagas ficarão sob controle da prefeitura, com contratos de gestão e metas de atendimento. Assim elas serão preenchidas de maneira mais ágil e transparente. A gente vai atuar nas duas pontas para zerar a fila do SISREG e fortalecer os programas de atenção primária. Queremos integrar todos os serviços assistenciais da cidade. Mas nosso principal desafio será acabar com a máfia das OSs. Está mais do que comprovado que esse modelo privatista é caro e ineficiente. Só serviu para afogar a prefeitura em escândalos de corrupção. Saúde é direito, não pode ser tratada como mercadoria. O Rio merece um SUS público e popular.”

RODRIGO AMORIM

“Não acredito que seja necessário municipalizar os hospitais federais, até porque a Saúde é uma área tradicionalmente tripartite, tal e qual a educação. O que precisamos é de um diálogo intenso e real com o Ministério da Saúde, e não essa troca de favores eleitorais promovida pelo atual prefeito. O Rio tem relevância dentro do pacto federativo para cobrar melhor administração e criar convênios que facilitem o atendimento. O município tem uma missão importante, primordial, que é proporcionar o primeiro atendimento, tanto ambulatorial quanto de emergência, com possibilidade de encaminhar para as áreas especializadas, sejam elas federais, estaduais e municipais. Zerar a fila do Sisreg é uma prioridade, e no meu Plano de Governo proponho forças-tarefas em horários alternativos para adiantar as cirurgias eletivas. O atual prefeito criou a fila para entrar na fila do Sisreg.”

TURISMO

No primeiro semestre de 2024, a chegada de turistas internacionais ao Rio alcançou altos números e impulsionou o setor de turismo. Mais de 760 estrangeiros desembarcaram na cidade – um aumento de 19,89% em relação ao mesmo período de 2023. O resultado é o segundo maior da história, atrás apenas de 2014, ano da Copa do Mundo, quando recebemos 804 mil visitantes de fora. Os dados são da Embratur, do Ministério do Turismo e da Polícia Federal. Qual o principal projeto do seu plano de governo para o setor?

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(Mike Swigunski/Unsplash/Reprodução)

EDUARDO PAES

“O Rio voltou a ser o principal destino turístico do Brasil, graças a uma série de ações que implementamos para devolver à cidade sua vocação de ser vitrine do país. Em parceria com o governo federal, recuperamos o Aeroporto do Galeão, que trouxe novos voos e passageiros. Voltamos a investir em grandes eventos culturais, gerando receita e empregos. O impacto econômico do último carnaval foi de R$ 5 bilhões, já o Réveillon movimentou outros R$ 3 bilhões. A expectativa é que o Rock in Rio impulsione a economia em R$ 1,7 bilhão. Temos apostado também no turismo de negócios, religioso e ecoturismo. De 2021 a 2023, recebemos 5,6 milhões de turistas. Vamos seguir investindo nesses eventos que, além de atrair visitantes, arrecadam impostos com hotelaria, bares, restaurantes e o comércio em geral, e ainda beneficiam taxistas e motoristas de aplicativo. Criaremos um Fundo do Turismo que financiará a promoção da cidade no exterior e um programa de qualificação para o setor turístico.”

ALEXANDRE RAMAGEM

“O turismo é uma das principais forças do Rio de Janeiro, o que também fomenta a nossa indústria de serviços. Para o contínuo crescimento desse importante setor, ao qual já somos genuinamente vocacionados, vamos dar uma atenção especial à segurança. Com ordem pública, há mais harmonia entre diferentes áreas como o turismo e teremos cada vez mais confiança e credibilidade com os visitantes. Também incentivaremos a participação em feiras e eventos internacionais e nacionais, de modo a alavancar negócios que contribuem para o desenvolvimento da economia do turismo. Temos uma diversa segmentação no turismo, que envolve as áreas cultural, de negócios, de aventura, gastronômica, entre outras. Vamos alavancar cada uma delas.”

TARCÍSIO MOTTA

O potencial turístico do Rio é gigantesco. Entre festivais, feiras, simpósios e congressos, temos tudo para virar a principal capital turística da América Latina. Mas turismo bom é aquele que contribui para melhorar a vida do carioca na cidade. Vou integrar a política de turismo com o comércio local dos bairros e apostar em roteiros alternativos, valorizando lugares históricos que estão fora dos circuitos tradicionais da cidade. O foco será a promoção das tradições e o respeito à diversidade carioca. Do subúrbio às favelas, tem muita coisa boa acontecendo na cidade que merece ser prestigiada. Mas nosso principal projeto será investir no potencial de ecoturismo do Rio, monitorando o impacto socioambiental sobre os programas existentes e mapeando novos passeios e experiências. Uma política de turismo sustentável pode nos ajudar a preservar nossas praias, cachoeiras, rios, lagoas e montanhas, além de contribuir para economia da cidade.”

RODRIGO AMORIM

“Acredito muito em uma parceria com a Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) para a captação internacional. No ano passado, trouxeram 50 compradores para a exposição deles no Rio, norte-americanos, europeus e da América Latina, o que é importante demais para o turismo no Rio – até por causa da proximidade e do idioma. A atuação da prefeitura no exterior precisa melhorar muito também, e no meu plano de governo propomos a criação do Setor de Relações Internacionais e Promoção Turística dentro da Riotur, que será a gestora única – a Secretaria municipal de Turismo será uma das extintas dentro do redirecionamento estratégico. Pela primeira vez, teremos o Índex Rio, um índice de avaliação turística para termos constante feedback com vistas ao aprimoramento da nossa hospitalidade. E, claro: o principal asset dessa nova gestão será a garantia de que o turista não será assaltado, esfaqueado ou enganado dentro das novas áreas de Crime Zero.”

POPULAÇÃO DE RUA

O Censo de População de Rua 2022 da prefeitura do Rio identificou 7.865 pessoas vivendo nesta condição na capital fluminense – um aumento de 8,5% em relação a 2020. Segundo o levantamento, 43% estão na rua por conflitos familiares, 22% por alcoolismo e/ou uso de drogas e 13% por falta de emprego e renda. O problema que salta aos olhos de quem circula pela cidade é ao mesmo tempo reflexo e consequência de outros, como desemprego, uso de entorpecentes e saúde mental. Como resolver este quebra-cabeça?

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(Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

EDUARDO PAES

“Trabalhamos para ampliar a assistência com ações de acolhimento, capacitação e ressocialização. Desde 2021, aumentamos em 75% as vagas em abrigos e dobramos as pessoas nos programas sociais. Criamos o projeto Prato Feito Carioca com 32 Cozinhas Comunitárias que, junto com os Restaurantes Populares, serviu mais de 8,2 milhões de refeições. No caso dos dependentes químicos, é dever do poder público ampará-los e é o que fazemos com o programa Seguir em Frente. Para não deixá-los entregues à própria sorte, quando se faz necessária a internação, agimos a partir de pareceres médicos e com base na lei. O projeto já atendeu 3 mil pessoas, dando condições para a reinserção profissional e apoio à moradia. Temos ainda o Consultório de Rua, com 14 equipes e 11 mil pacientes. Vamos implantar o programa de transferência de renda Carioquinha, destinado a famílias vulneráveis com crianças até 6 anos, mais Cozinhas Comunitárias, Restaurantes Populares e acolhimento de 7 mil pessoas em situação de rua.”

RODRIGO AMORIM

“É uma questão complexa que terá atenção da nossa gestão. Com o programa “Quem está nas ruas?”, que vai identificar e acolher as pessoas em situação de rua, atuaremos com uma abordagem humanizada e eficaz. Além disso, vamos aumentar a quantidade de abrigos e aprimorar suas estruturas, disponibilizando atendimentos diversos de acordo com as necessidades de cada cidadão. Para as crianças e adolescentes que estiverem na mesma condição, criaremos um modelo de apoio psicossocial para proporcionar acolhimento seguro, de modo a garantir a máxima frequência escolar e promover a saúde integral. Nosso objetivo é oferecer às famílias o suporte necessário para evitar o retorno às ruas, por meio de programas de geração de renda, capacitação profissional e acesso a serviços públicos essenciais. Ao mesmo tempo, combateremos a exploração de menores de idade como pedintes nas ruas.”

TARCÍSIO MOTTA

“O Rio é a segunda capital com o maior custo de vida do Brasil, só perde para São Paulo. Aluguel, transporte e comida respondem pela maior parte do orçamento das famílias cariocas. Muitos vivem o drama de ter que escolher entre colocar comida na mesa para alimentar sua família ou ficar sem dinheiro para pagar o aluguel. E boa parcela das pessoas em situação de rua é de trabalhadores que são obrigados a dormir na rua durante a semana porque não conseguem arcar com o preço da passagem para voltar para casa. Hoje dois milhões de cariocas vivem em insegurança alimentar e meio milhão passa fome. A situação é dramática. Vou complementar o Bolsa Família e criar cozinhas solidárias para garantir uma ajuda financeira e uma proteção alimentar para quem mais precisa. Mas nosso principal projeto será um plano de moradia popular no Centro. Nosso programa Porto Moradia vai oferecer casa para pessoas de baixa renda, em especial, para famílias em situação de rua. Porque maravilha mesmo é ter onde morar.”

RODRIGO AMORIM

“A pergunta foi muito bem formulada, porque usa a expressão “quebra-cabeça”. E é isso mesmo. População de rua é um problema multidisciplinar, de difícil resolução. Mas tal e qual o presidente Bolsonaro, também tenho o meu “Posto Ipiranga”, o meu vice, deputado Fred Pacheco, um especialista em ação social. Há a questão das drogas, dos dependentes químicos, que precisam de tratamento. E há as pessoas em situação de rua por fatores econômicos. O Programa Segurança Presente no começo tirou 50 mil pessoas das ruas em um ano, encaminhando todas, na parceria entre os policiais e assistentes sociais. O prefeito atual não quis essa parceria.”

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