Cabide de emprego: parentes de Cláudio Castro ocupam cargos em gabinetes
Maior parte das nomeações está ligada ao deputado Márcio Pacheco (PSC), com quem ex-governador trabalhou; ao assumir, ele beneficiou familiares do ex-chefe
De forma alternada ou simultaneamente ao longo de mais de 17 anos, gabinetes ligados ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), empregaram quatro parentes seus: o pai, Clerton Castro; a mulher, Analine Castro; e dois filhos de sua madrasta, Vinicius Sarciá Rocha e Caius Sarciá Rocha. Todos estiveram lotados na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). No governo do estado, os dois irmãos de consideração também ganharam cargos. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
A maior parte das nomeações se refere a passagens no gabinete do deputado Márcio Pacheco (PSC), de quem Castro foi chefe de gabinete por 12 anos. Os quatro foram empregados pelo ex-chefe do governador. Castro e Pacheco, atualmente líder do governo na Assembleia, agora vivem um caso de “inversão de papéis”: a nomeação de parentes do deputado na estrutura do estado. Foram seis, todos exonerados, a maioria após o caso ser revelado pelo RJ-TV, da TV Globo.
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Em nota, o governador disse à Folha que todos os seus parentes estavam aptos a exercer atividades no serviço público e davam expediente regularmente. Já o deputado declarou ser natural terem colaboradores em comum, familiares ou não, por terem iniciado juntos na militância política. Ambos são egressos da Renovação Carismática, movimento da Igreja Católica que adotou elementos de cultos evangélicos, como o show gospel. Os dois são cantores católicos e dividiram palcos. Pacheco foi o primeiro a ser denunciado no caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa. A Justiça ainda não analisou o caso. Ele nega as acusações. Castro e seus parentes não foram alvo das investigações.
Apesar de constar como servidor público da Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa entre 2005 e 2016, Clerton declarou-se como empresário em documentos entregues à Justiça e ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas. O pai do governador é, desde 2005, o principal dono da empresa Ultramarina Consultoria e Informática. A firma tem como objetivo a assessoria de projetos de engenharia, projetos de informática e bancos de dados. A Ultramarina foi criada em julho de 2005 tendo como sócio Vinicius Sarciá Rocha, filho de Wilma Correa Sarciá, mulher de Clerton.
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Eleito como vice na chapa do ex-governador Wilson Witzel (PSC), Castro nomeou o “irmão de consideração” Vinícius como assessor de seu gabinete. Atualmente, ele também preside o Conselho de Administração da AgeRio (agência de fomento do estado). Já Caius também teve passagens pelo gabinete de Pacheco e conseguiu um cargo no governo estadual, em janeiro de 2020, na Secretaria de Educação, tendo depois ido para a Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão Marcelo Crivella, e depois para o gabinete do vereador João Ricardo, correligionário de Castro até outubro de 2021. Ele também passou a integrar o quadro societário da Ultramarina, em outubro de 2009.
Já a primeira-dama Analine Castro, além de ter trabalhado com Pacheco, foi nomeada pela primeira vez na Câmara Municipal em março de 2007, cinco meses após se casar com Cláudio Castro. Ficou até dezembro de 2008, tendo saído em alguns meses no período. Em seguida, retornou para o gabinete de Pacheco, agora na Assembleia, em janeiro de 2013, onde ficou por três anos. Ela também foi nomeada na diretoria de Patrimônio da Alerj entre 2017 e 2018, na gestão de André Ceciliano (PT) na presidência da Casa. Analine também se tornou sócia da Ultramarina. Ela foi incluída na sociedade em janeiro de 2019, mês em que o marido tomou posse como vice-governador.
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Segundo a nota do governo do estado, não há ilegalidade em Clerton se declarar como empresário em ações na Justiça. “A empresa Ultramarina, que prestava serviços de engenharia, não tem movimentação financeira há vários anos”, diz o Palácio Guanabara. “É importante deixar claro que Vinicius e Caius não são irmãos do governador Cláudio Castro. Portanto, as nomeações não configuram nepotismo. Vale ressaltar que atualmente Caius não é servidor do estado”, afirma a nota.